terça-feira, 30 de agosto de 2011

Video Music Awards 2011


Ocorreu nesse último domingo (28/08) no Kodak Theatre em Los Angeles a 28ª edição do Video Music Awards (VMA) Como sempre muito previsível.

Os pontos altos da premiarão foram a surpreendente (não que isso surpreenda) performance de Lady Gaga, ou melhor Jo Calderone, seu alterego que permaneceu durante todo evento. Tudo bem que Madonna fez algo parecido na mesma premiação em 1993. Mas a aparição de Brian May, eterno guitarrista do Queen em "You & I", ao lado de Gaga foi de arrepiar. E como não podia deixar de acontecer, uma bela homenagem a Amy Winehouse, conduzida pelo jazzista Tony Bennett e fechada com chave de ouro com uma excelente performance de Bruno Mars, interpretando a canção "Valerie" da banda inglesa Zutons, que se tonou um sucesso na voz de Amy.

Kate Perry arrebatou o prêmio mais importante da noite com o clip da música "Firework". Uma excelente canção Pop com letra positivista e um vídeo clipe com ótima fotografia e que consegue ilustrar de uma forma simples seu significado. Dentre os indicados, apesar de alguns merecerem muito respeito, sem dúvida nenhuma este merecia o prêmio. Bruno Mars concorreu com "Grenade", uma boa canção com um videoclip clichê de Pop norte-americano. Beastie Boys, como sempre, trazendo um video bem humorado com a música "Make Some Noise". Adele merece seus créditos pela excelente "Rolling In The Deep", uma canção e um videoclip de muito bom gosto. Já a nova cara do Rap norte-americano Tyler The Creator, dono de uma voz poderosa, concorreu com "Yonkers", uma música no estilo Eminem e um clip monocromático minimalista com mal gosto estético com cenas apelativas.

Melhor Vídeo de Rock ficou com Foo Fighters, como já era o esperado. Já o Melhor Vídeo de Pop havia uma incógnita, ao meu ver, porém já era de se esperar, Britney Spears bateu Adele, Kate Perry e Bruno Mars. Foi uma bela ajuda da MTV para tentar reerguer a queridinha Pop.

Lady Gaga embolsou apenas dois "astronautas" com "Born This Way". Vídeoclip com Mensagem e Melhor Vídeo Feminino. Já Melhor Vídeoclip Masculino ficou como único prêmio para o queridinho amado e odiado Justin Bieber. Seria um prêmio de consolação? Afinal de contas Eminem, Cee Lo Green, Kanye Wast e Bruno Mars são mais representativos como músicos e figuras masculinas.

O prêmio de Artista Revelação ficou com Tyler The Creator. Dentre os indicados realmente não se esperarava muito. Esperanza Spalding realmente não é da turminha MTV. Tudo bem, nos Estados Unidos a MTV da muito mais visibilidade para carinhas novas dentro do Rap e Hip Hop.

Mas como não podia faltar prêmio para a cantora que desbancou Lady Gaga das paradas de sucesso, a MTV norte-americana entregou quarto "astronautas" para a gordinha mais querida do cenário Pop mundial na atualidade. Arrebatou mais troféus que Kate Perry, a grande vencedora da noite. Porém a insignificância ficou por conta dos prêmios técnicos, sem muita relevância para uma artista com uma voz fantástica e belas canções. Por conta de Adele o prêmio maior ficou para a plateia presente e para quem acompanhou a premiação, com uma bela performace ao melhor estilo Adele: simples, objetiva e tocante.


Veja a lista completa dos indicados e em destaque os premiados:

Videoclipe do Ano
Adele - "Rolling In The Deep"
Tyler, The Creator - "Yonkers"
Katy Perry - "Firework"
Bruno Mars - "Grenade"
Beastie Boys - "Make Some Noise"

Melhor Videoclipe Feminino
Adele - "Rolling In The Deep"
Katy Perry - "Firework"
Beyoncé - "Run The World (Girls)"
Nicki Minaj - "Super Bass"
Lady Gaga - "Born This Way"

Melhor Videoclipe Masculino
Cee Lo Green - "Fuck You"
Eminem feat. Rihanna - "Love The Way You Lie"
Bruno Mars - "Grenade"
Kanye West feat. Rihanna & Kid Cudi - "All Of The Lights"
Justin Bieber - "U Smile"

Melhor Videoclipe de Hip Hop
Lil Wayne feat. Cory Gunz - "6’7’"
Kanye West feat. Rihanna & Kid Cudi - "All Of The Lights"
Chris Brown feat. Lil Wayne & Busta Rhymes - "Look At Me Now"
Nicki Minaj - "Super Bass"
Lupe Fiasco - "The Show Goes On"

Artista Revelação
Foster The People - "Pumped Up Kicks"
Wiz Khalifa - "Black and Yellow"
Tyler, The Creator - "Yonkers"
Big Sean feat. Chris Brown - "My Last"
Kreayshawn - "Gucci Gucci"

Melhor Videoclipe Pop
Adele - "Rolling In The Deep"
Bruno Mars - "Grenade"
Pitbull feat. NE-YO, Nayer & Afrojack, - "Give Me Everything"
Katy Perry - "Last Friday Night (T.G.I.F.)"
Britney Spears - "Till The World Ends"

Melhor Videoclipe de Rock
The Black Keys - "Howlin For You"
Foo Fighters - "Walk"
Foster The People - "Pumped Up Kicks"
Mumford & Sons - "The Cave"
Cage The Elephant - "Shake Me Down"

Melhor Colaboração
Pitbull feat. NE-YO, Nayer & Afrojack - "Give Me Everything"
Chris Brown feat. Lil Wayne & Busta Rhymes - "Look At Me Now"
Kanye West feat. Rihanna & Kid Cudi - "All Of The Lights"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Nicki Minaj feat. Drake - "Moment 4 Life"

Melhor Direção de Arte
Adele - "Rolling In The Deep"
Katy Perry - "Firework"
Lady Gaga - "Judas"
Kanye West - "Power"
Death Cab For Cutie - "You Are A Tourist"

Melhor Coreografia
Beyoncé - "Run The World (Girls)"
Britney Spears - "Till The World Ends"
Lady Gaga - "Judas"
Bruno Mars - "The Lazy Song"
LMFAO feat. Lauren Bennett & GoonRock - "Party Rock Anthem"

Melhor Direção de Fotografia
Adele - "Rolling In The Deep"
Beyoncé - "Run The World (Girls)"
Eminem feat. Rihanna - "Love The Way You Lie"
Katy Perry - "Teenage Dream"
Thirty Seconds To Mars - "Hurricane"

Melhor Direção
Adele - "Rolling In The Deep"
Beastie Boys - "Make Some Noise"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Thirty Seconds To Mars - "Hurricane"
Eminem feat. Rihanna - "Love The Way You Lie"

Melhor Edição
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Thirty Seconds To Mars - "Hurricane"
Adele - "Rolling In The Deep"
Kanye West feat. Rihanna & Kid Cudi - "All Of The Lights"
Manchester Orchestra - "Simple Math"

Melhores Efeitos Especiais
Manchester Orchestra - "Simple Math"
Katy Perry feat. Kanye West - "E.T."
Kanye West - "Power"
Linkin Park - "Waiting for the End"
Chromeo - "Don't Turn the Lights On"

sábado, 6 de agosto de 2011

O novo-velho Yes



Depois de 10 anos, o Yes lançou um disco novo de inéditas, Fly From Here. Os últimos discos já andavam bem fracos, então eu não esperava muito. Porém, graças a duas excelentes decisões, o disco me surpreendeu totalmente: aproveitando que Jon Anderson não está mais na banda (de novo), trouxeram de volta à banda o tecladista Geoff Downes e conseguiram que Trevor Horn produzisse e compusesse para o álbum. Em outras palavras: sim, a formação do álbum Drama de 1980 estava junta no estúdio de novo, e sim, o disco é praticamente um "Drama II".

Em primeiro lugar, preciso dizer que uma afirmação dessas vindo de mim não é pouca coisa. O Drama é o meu disco preferido do Yes. Mais do que isso: eu tenho o vinil dele ele emoldurado na parede da sala da minha casa.

Yes, 1980: Howe, Downes, White, Squire, Horn

Isso não quer dizer, entretanto, que esse disco é tão bom quanto o Drama, claro. Fly From Here não tem a energia que o Drama tem. Soa como um disco um pouco mais "cansado". Os tempos das músicas são realmente mais lentos, mas talvez eu esteja também projetando a minha percepção sobre a idade dos integrantes da banda: tirando o vocalista, todos estão por volta dos 60 anos, enrugados e de cabelo branco — ao contrário do Paul McCartney, que parece ter parado no tempo, o Yes parece uma banda de "vovôs" no palco.

Yes, 2011: White, Howe, Horn (agora produtor), Squire, Downes, David

De qualquer forma, sem dúvida os álbuns têm o mesmo DNA. Para quem achava que nunca mais ouviria música nova com aquela determinada textura, ouvir música que tem visivelmente a mão de White, Howe, Squire, Downes e Horn é fantástico. É um pouco como quando Brian Wilson concluiu Smile 37 anos depois: é claro que não é o mesmo disco que ele teria feito se tivesse conseguido terminá-lo com os Beach Boys nos anos 60, mas o feeling que um determinado time de produtor(es), compositor(es) e intérprete(s) são capazes de imprimir em um álbum é algo único.

O vocalista, Benoit David, é um coadjuvante no álbum que não compromete. Quando Jon Anderson teve problemas de saúde, os demais membros do Yes, depois de uma espera que parecia sem fim, decidiram continuar sem ele. Seguindo o exemplo do Journey, a banda contratou o vocalista de uma banda cover de Yes. Nessa época, vi uns vídeos e ao notar que o vocalista meramente imitava o Jon Anderson, perdi totalmente meu interesse pela banda, que havia recrutado também o filho de Rick Wakeman para os teclados e saía em tour sem material novo, quase como uma banda cover de si mesma. Chegaram a tocar no Brasil, mas apesar de sonhar ver a banda ao vivo há muitos e muitos anos, para aquele Yes eu não viajaria pra ver. Agora, com Geoff Downes nos teclados e sob a batuta de Trevor Horn na produção (que foi o vocalista do Drama e produziu o 90125, o disco de maior sucesso do Yes), Benoit David parece não estar imitando Anderson — na verdade, ele parece estar mais imitando Horn do que qualquer coisa. O que é até natural, na verdade, dado que os vocalistas frequentemente copiam o estilo de cantar do compositor (comparem a demo de "Space-Dye Vest" com Kevin Moore no vocal e a versão final, ou reparem como Gene Simmons canta "Cold Gin" com um ar desleixado de Ace Frehley).

Vários fatores contribuíram para essa "volta ao Drama". A saída de Jon Anderson foi a primeira. Com ele fora, o Yes pôde voltar a tocar músicas do Drama ao vivo. Por ser o único disco gravado sem ele, Anderson se recusava a cantar músicas dessa fase, e por esse mesmo motivo havia enorme expectativa quanto a ouvir esse disco, que sempre teve um status meio cult dentro do catálogo do Yes. Além de ser um excelente disco, o Drama traz pitadas de elementos estranhos ao resto da obra do Yes, trazidos pela injeção de modernidade (para os padrões de 1980) que Horn e Downes trouxeram para a banda quando da primeira saída de Jon Anderson e Rick Wakeman. Curiosamente, nas comunidades online, os fãs de Yes se categorizam como "travelers" (preferem os primeiros discos), "troopers" (preferem a fase clássica), "generators" (preferem a fase anos 80)... ou "panthers" (preferem o Drama!). Isso já demonstra o status especial do disco no cânone do Yes. A excelente recepção que as músicas do Drama tiveram ao vivo na tour de 2009/2010 com certeza plantaram na cabeça de Chris Squire a semente da ideia de chamar Trevor Horn para a produção do próximo álbum.

Horn, depois do fiasco como vocalista do Yes (ele não tinha alcance vocal para cantar o repertório de Anderson e era frequentemente vaiado nos shows) assumiu a carreira de produtor e foi muito bem sucedido. Inicialmente com o próprio Yes, produzindo o hit "Owner of a Lonely Heart" e depois se tornando um nome extremamente requisitado do mundo pop-rock.

Durante o hiato do Yes, houve ainda a reunião do guitarrista Steve Howe com Geoff Downes na volta da formação original do Asia, supergrupo pop-rock que eles tiveram juntos com o Palmer (do Emerson & Lake) após a dissolução do Yes causada pela turnê do Drama. A resolução das diferenças entre Howe e Downes e a boa recepção dessa volta entre os nostálgicos fãs sem dúvida contribuiu para essa volta.

Inicialmente, a banda chamou Horn para produzir uma música de sua autoria que tinha ficado na gaveta em 1980. Por sugestão de Horn, trouxeram de volta Geoff Downes à banda, dispensando Oliver Wakeman... mas como no Yes é um entra-e-sai de integrantes, já o fizeram dizendo "quem sabe um dia ele volta".

Felizmente, o resultado final não ficou algo explicitamente saudosista, projetado para parecer algo feito em 1980. O disco não é uma caricatura, como é o Sonic Boom do Kiss, que tenta parecer um disco feito nos anos 70. Por outro lado, é um disco claramente alheio às tendências musicais. É um disco feito pros fãs do Yes, e em especial, para agradar aos "panthers". Este aqui, pelo menos, ficou bastante satisfeito. Se os rumores de uma volta à América do Sul no final desse ano forem confirmados, estarei lá!