segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: os finalistas da Série D!


Em mais uma participação do "contínuo do contínuo" do Mesa-redonda Bola-quadrada, tenho a incomensurável honra de noticiar a grande novidade futebolística da rodada: a definição dos quatro times que se credenciaram a disputar a Série C do ano que vem. Sim! A série D está na reta de chegada e, no mata-mata das quartas-de-final, saíram as agremiações que terão a glória de disputar a Terceirona. São eles o Chapecoense (Santa Catarina), o Macaé (Rio de Janeiro) do Chico, o São Raimundo (Pará) do Jean e o meu glorioso Alecrim (Rio Grande do Norte). Os resultados:
• Chapecoense 0x1 Araguaia
• Macaé 2x1 Tupi
• São Raimundo 2x0 Cristal
• Alecrim 1x1 Uberaba
O único que passou sem sustos foi o São Raimundo: a Pantera já havia empatado o jogo de ida no distante Amapá e venceu com tranquilidade em casa, com dois gols do artilheiro da competição, Michell. O Macaé reverteu, também em casa, a derrota sofrida no jogo de ida em Minas Gerais, com tentos de Léo Santos e Wallace. Os catarineses do Chapecoense tomaram um susto do Araguaia de Mato Grosso: perderam em casa por um a zero; no entanto, como haviam vencido a primeira partida lá por 2x1, ficaram a vaga. Já a disputa do Alecrim contra o Uberaba foi dramática: os gols de ambos os times só saíram nos minutos finais do segundo tempo (o gol da classificação esmeraldina foi de Maurício Pantera). O cruzamento nas semifinais ficou assim:
• Chapecoense x Macaé
• São Raimundo x Alecrim
Agora, a luta é pelo título, já que todos estes clubes estarão na Série C em 2010!

Já os outros jogos ficaram assim:
• Goiás 2x1 Grêmio
• Internacional 0x0 Flamengo
O Grêmio cumpriu a sina de não ganhar fora, apesar de um primero tempo empolgante, em que o Tricolor saiu na frente com Souza. O adversário, porém, não é pouca coisa: com a vitória na base da virada, o maior time do Centro-Oeste abocanhou a segunda colocação no Brasileirão. Pelo menos O Grêmio não foi goleado no Serra Dourada, como de costume. Já o Inter praticou com o Flamengo uma partida de pólo aquático num Beira-Rio sem condições de futebol, devido ao regime de chuvas que está castigando a Região Sul. O empate marcou a má fase (e má sorte) colorada das últimas semanas e a sua posição no G4 está na berlinda.

Ainda no futebol, destaque para a goleada da Seleção Brasileira Sub-20 na estreia do Mundial da categoria no Egito:
• Brasil 5x0 Costa Rica
Os três primeiros gols saíram de pés colorados: um belo tento por cobertura de Giuliano, que fez os passes para os outros dois de Alan Kardec. A esperança colorada é que o Brasil seja logo desclassificado, para que eles voltem para o time.

sábado, 26 de setembro de 2009

Mordendo a língua: os 40 anos do Abbey Road

Começo explicando o título: depois do post onde fiz todo um bafafá sobre “por que temos que pagar novamente pelo relançamento da obra dos Beatles?”, não resisti e, no dia 9/9/9, acabei comprando 5 dos CDs “Beatles Remasters”. Entre eles, é claro, o meu favorito Abbey Road, que faz 40 anos hoje. Dos álbuns dessa nova coleção, é o que encabeça a lista dos mais vendidos na Amazon.

Apesar de ter sido o penúltimo a ser lançado, foi o último a ser gravado. O Let it Be, lançado em 1970, foi gravado em janeiro de 1969, em um clima muito pesado entre eles, que pode ser visto em algumas cenas do filme homônimo. Paul havia dispensado George Martin, pois queria o mínimo de produção para o disco – o que acabou não acontecendo, pois as fitas caíram nas mãos de Phil Spector.

Como todos os quatro Beatles ainda tinham composições não gravadas, surgiu a idéia de construir mais um álbum que, apesar de não declarado, todos sabiam que seria o último. Chamaram de volta George Martin (que aceitou o convite com a condição de que “fosse como nos velhos tempos”). O próprio declarou que as sessões de gravação tiveram muita sinergia entre os quatro, coisa que não acontecia desde os primeiros álbums.

E é o meu favorito também por questões nostálgicas. Explicarei isso em outro post (é, Ulisses, eu sei que eu tô devendo...) mas, em poucas palavras, o Abbey é um dos quatro álbums que meu pai tinha quando eu nasci. Minha mãe mesmo diz que eu dançava enlouquecido ao som do solo de bateria do Ringo Starr em “The End”, mesmo com o peso das fraldas.

O Lado B (faixas a partir de Here Comes The Sun, inclusive), é uma compilação de várias músicas inacabadas – segundo Paul, foi uma ótima forma de despachar aqueles rascunhos que eles tinham.

Pouparei mais palavras, remetendo-os a um belo texto de Alexandre Matias escrito há dez anos, que descreve muito bem cada uma das faixas. Plugue os fones de ouvido, sente-se numa poltrona, e aprecie o texto junto com o álbum.

E no fim, o amor que você recebe, é o mesmo que você dá. Belas palavras para encerrar a extensa obra desses caras que transformaram o rock em arte.

P.S.: Ontem mesmo o Roberto nos enviou um link para fazer um tour virtual na rua onde eles tiraram a famosa foto da capa. Que, cá entre nós, todo grupo que passa lá tira a foto atravessando a rua, mas não vi nenhuma até hoje que fique com as pernas tão "sincronizadas" quanto as dos Beatles.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O aluno que pichou a escola: punição correta ou exagerada?

Não sei se os caros solistas desafinados têm acompanhado este caso: na Escola Estadual Barão de Lucena, localizada na Vila São Tomé, em Viamão (região metropolitana de Porto Alegre), uma professora inovou na punição a um aluno anjinho, que pichou as paredes recém pintadas do colégio. O menor de 14 anos, aluno daquela belezura que só uma sexta série da rede estadual sabe ser, fez o ato de vandalismo logo após um mutirão da comunidade escolar, que visava exatamente reformar a pintura da escola.

Revoltada com o desrespeito, a professora Maria Denise Bandeira não teve dúvida: ao descobrir a autoria da pichação, deu tinta e rolo de pintar para o guri e o obrigou a ir de sala em sala, cobrindo os rabiscos com tinta. Outros alunos gravaram em celulares a punição e logo em seguida os revoltados pais entraram em ação e foram reclamar com a diretora -- e agora o caso está na Secretaria Estadual de Cultura (SEC).

Claro que as mais variadas impressões surgiram sobre o fato -- e, mais interessante de tudo, há um apoio mais ou menos velado à atitude da educadora. A comunidade em geral concorda, os especialistas da educação têm reservas, a SEC parece ter gostado da ideia e os pais estão apontado que seu filhote foi humilhado, não só com a punição, mas com xingamentos da professora, que o teria chamado de "bobo da corte".

Eu, como professor, fiquei mais atento a este acontecimento por conta de uma coincidência: assisti nesta semana a um dos melhores filmes que tratam da relação aluno-professore que eu vi na minha vida, o francês Entre os Muros da Escola (que eu comento mais detidamente neste outro texto). O que importa aqui é que a história é absolutamente realista e mostra uma triste verdade: nem sempre o professor é aquele super-herói que salva os alunos problemáticos. Às vezes, ele se perde nos seus erros.

A professora foi acusada de se exceder ao chamar o moleque de "bobo da corte". Quem dá aula (e quem tem boas lembranças de seu tempo de escola) sabe que isto não é nada comparado com o que um professor pode dizer em sala de aula. Eu sei por experiência própria, sou um educador que não mede muitos limites de imposição verbal para pôr ordem no recinto. Sempre lembro de uma história que me contaram, de uma professora que se dirigiu a uma classe barulhenta de maneira ponderada, dizendo: "vocês têm razão em não aprender... O mundo precisa de lixeiros, de empregadas domésticas, de motoristas de caminhão".

Aparentemente, o menino de 14 anos está traumatizado e não quer voltar à escola. Parece que já perdeu duas provas, inclusive. Eu, da minha parte, digo: que ótimo. Porque, se ele tem 14 anos e está na 6a série (em idade que se ingressa no ensino médio), ele nunca deu muita bola para provas mesmo. Em segundo lugar, me deixaria mais chocado se o anjinho estivesse indo à aula como se nada tivesse acontecido. Mostraria que ele está, de fato, perdido para a escola. Se o ato da professora acertou de tal forma a consciência do moleque, fazendo ele sentir tal vergonha de toda a situação, talvez ela tenha agido mais certo do que pensou num primeiro instante.

E, quem sabe, ao invés de ter perdido o aluno, deu a grande lição que ele precisava.

Mesa-redonda bola-quadrada: Inter x Universidad

Com vocês, o suplente do suplente da coluna.

Começou a Copa Sulamericana para o Inter, que ontem comprovou que alguma coisa de muito errada está acontecendo com o time. O resultado:
• Internacional 1x1 Universidade – Chile

Jogando com sua camiseta dourada (que, pelo jeito, vai ser aposentada depois deste empate), o Inter queria reverter a má fase das últimas rodadas do Brasileirão se impondo sobre o tradicional Universidad do Chile, o mesmo time que causou grandes problemas para o Grêmio no Olímpico na Libertadores deste ano (e que nós, colorados, afirmávamos na época ser muito ruim).

No primeiro tempo, o Inter entrou com a formação 3-5-2 e o resultado foi desastroso, com La U dominando o meio-campo e fazendo um gol num contra-ataque saído de um passe errado colorado. Estávamos na metade do primeiro tempo e Tite fez a primeira substituição para voltar ao 4-4-2. Mais mudanças na etapa complementar deixaram o time mais veloz (entrou Taison no lugar de Alecsandro, virando dupla de ataque com Edu). Os boleiros conseguiram um enorme volume de ataque (até Guiñazu perdeu gol), mas estava desorganizado – e o goleiro adversário virou uma muralha. O empate, com gol de Kléber, saiu com muito custo.

Os jogadores, em campo, foram o que é o Inter na temporada: inconstantes. O time colorado parece totalmente frouxo, sem esquema tático e sem funções realmente definidas. E, para piorar, o Palmeiras ganhou do Cruzeiro no Mineirão, disparando na frente do Brasileirão.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Os caças para o Brasil: disputa política, econômica e militar


Sabe-se que há tempos as Forças Armadas nacionais andam sucateadas, especialmente a FAB (Força Aérea Brasileira). Os aviões de combate trazidos para cá nos 1960 e 1970 estão plenamente superados. Os velhos Mirage, projetados na década de 50 na França, foram substituídos às pressas uns anos atrás por novos Mirage 2000. Mas ainda assim o nosso poder aéreo continuava desatualizado.

Por isso, foi lançado um novo projeto de compra de caças, o FX-2, onde três empresas disputam a venda para o Brasil de 36 caças de nova geração: a norte-americana Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab. A concorrência parecia ter sido vencida no feriado de Sete de Setembro, quando Lula meteu os pés pelas mãos e, na presença do presidente francês Nicolas Sarkozy, afirmou que o governo compraria o caça apresentado pela Dassault, o Rafale.

Imediatamente, o presidente foi desmentido pelo Ministério da Justiça e pelas Forças Armadas -- ainda que o mandatário acredite que é ele quem decide que aviões a FAB deve usar. Mais imediatamente ainda foi a resposta dos outros envolvidos na concorrência: a Boeing resolveu defender o seu F/A-18 E/F Hornet e a Saab começou a fazer propostas irrecusáveis pelo seu Gripen.

A preferência do governo é pelo Rafale, por conta das relações diplomáticas que Lula quer estreitar com Sarkozy -- e, por conseguinte, com a União Europeia. No entanto, fora as motivações políticas, há o aspecto econômico: Dassault e Boeing estão desesperadamente afundadas na crise global. A fábrica francesa não conseguiu vender o Rafale para nenhum país até agora e corre o risco de fechar, e a diminuição do dinheiro para compra de equipamentos militares nos EUA afetou fortemente a Boeing. Saudável apenas é a Saab, que já vendeu o seu belo Gripen para várias forças aéreas mundo afora, mas quer entrar no mercado sulamericano.

Qual seria a melhor opção para o Brasil? De acordo com o meu amigo piloto privado Fabiano Schüler, com qualquer opção o país ficaria bem armado. Vejamos:
Dassault Rafale: a nova geração de caças da Dassault não repetiu o colossal sucesso de vendas da família Mirage (usado por quase todas as forças aéreas do mundo de 1960 até hoje). Aprovado em combate recentemente no Oriente Médio, o Rafale tem grande capacidade de armamento e um raio de ação muito bom para o nosso território nacional. A França prometeu transferência de tecnologia para o Brasil. O problema é que ele é muito caro.
Boeing F/A-18E/F Super Hornet: apesar de ser baseado num projeto dos anos 1970, a versão modernizada do velho Hornet é um supercaça: desempenha múltiplas funções e tem características stealth (ou seja, baixa assinatura de radar, um "avião invisível"). O histórico de combate é invejável (foi usado em todas as guerras estado-unidenses nos últimos vinte anos). O problema é que os EUA são relutantes na transferência de tecnologia.
Saab JAS 39 Gripen: os suecos optaram por uma posição neutra durante a Guerra Fria, o que os obrigou a investir numa indústria aérea própria, para não depender de caças ocidentais ou soviéticos. O resultado está no Gripen, a quinta geração de aviões de combate da Saab, quase todos belíssimos. Em termos de armamento e de de raio de combate, o Gripen é o menos adequado para as dimensões brasileiras, mas o grande trunfo é que ele seria montado aqui no país, em parceria com a Embraer.

Os mais pacifistas perguntariam o motivo destes gastos astronômicos por três dúzias de aviões (cada um deles custa uma média de 100 milhões de dólares). Bem, o motivo não declarado vive ao norte: a Venezuela de Hugo Chávez conta hoje com a mais moderna força aérea do bloco. A Aviación Militar Venezolana possui 12 caças norte-americanos F-16 e 24 unidades do todopoderoso avião russo Sukhoi Su-30, cuja tecnologia vetorial lhe dá a capacidade de fazer proezas aéreas inacreditáveis.

Com estas aquisições e o que já existe nos seus hangares, Chávez tem à sua disposição 47 caças de grande poder de combate. Sem o programa FX-2, o Brasil teria 69 aviões de defesa aérea, quase todos sucateados (os 57 F-5 Tiger da FAB estão na capa da gaita). Com o programa, a FAB aumentaria sensivelmente o seu poder de fogo e, neste âmbito, teria a maior aeronáutica da América do Sul, com 105 aviões de superioridade aérea. O caça é a primeira linha de defesa de uma nação e, portanto, uma espécie de outdoor da sua capacidade militar (não por nada que se gasta horrores nos designs dos aviões).

Corrida armamentista? Claro que não, imagina...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mesa-redonda bola-quadra: Vitória 2x0 Inter, Grêmio 5x1 Fluminense

Desculpem o atraso, mas não consegui escrever antes esta edição do MRBQ.

O fim de semana não reservou grandes surpresas, mas deixou a ponta de cima da Série A do Campeonato Brasileiro ainda mais embolada.

  • Vitória 2x0 Inter
  • Grêmio 5x1 Fluminense

O Inter foi à Bahia mais uma vez em busca da liderança do campeonato. Mas o Vitória (eita time chato) fez outra vítima. Após derrotar o Palmeiras, foi a vez do colorado sucumbir ao esquema ofensivo do técnico Mancini. Apesar de jogar no Barradão, quem assustou foi o Inter, com vários chutes perigosos, que acabaram por consagrar o goleiro Viáfara. Uma das máximas do futebol diz que quem não faz, leva. E foi isso que aconteceu. Aos 14min do segundo tempo Ramon cobrou escanteio, Uelliton subiu sozinho e completou para dentro das redes alvirubras. Quinze minutos após, Índio cometeu penalti no atacante baiano. O goleiro Lauro encostou na bola, mas não impediu o segundo gol e a derrota do colorado.

No 20 de setembro, 174 anos após a Revolução Farroupilha, o bairro da Azenha foi novamente palco da História. A equipe do Grêmio defendendo o Rio Grande do Sul, lutou contra o centro do país, representado pelo aristocrata e quase rebaixado Fluminense. E não decepcionou. Aos 23 min do primeiro tempo o tricolor gaúcho já fazia seu terceiro gol sobre tricolor carioca (Souza de falta, Tcheco de penalti e Souza novamente, completando um cruzamento de Tcheco). Apesar da data histórica, foi o jogo mais chato do Grêmio este ano. Depois do terceiro gol, o Grêmio começou a se poupar, tendo como adversário um apático Fluminense. O marasmo foi interrompido no segundo tempo com um gol de Kieza em uma ótima cobrança de falta seguida de uma falha da defesa azul. Mas logo após a saída de bola, Herrera cruzou para a área e Cássio completou fazendo um lindo gol de cabeça contra sua meta. O jogo parecia se encaminhar para o sexto 4x1 no Olímpico, quando Jonas marcou o seu e decretou a goleada.

O Campeonato Brasileiro é com certeza o mais disputado da história de pontos corridos. O Palestra continua na liderança mantendo 44 pontos, mas com um jogo a menos. O São Paulo empatou o jogo contra o Santo André e divide a liderança. Já o Inter continua estagnado com 43 pontos, porém ainda dentro do G4. A equipe goiana goleou o Corinthians na reestreia do "Ronalducho" por 4x1 e assumiu a quarta posição, logo à frente do Grêmio, que ainda sonha com uma vaga na Libertadores.

E a Série D está chegando em seus momentos derradeiros! Domingo tivemos o primeiro tempo dos 180 min que irá decidir os classificados para as semifinais:

  • Araguaia 1x2 Chapecoense
  • Tupi 3x2 Macaé
  • Cristal 1x1 São Raimundo
  • Alecrim 1x0 Uberaba

O Chapecoense surpreendeu ao vencer o Araguaia dentro do Bilinão, frente à atônita torcida do Pantera. Já o Tupi, não se entregou e passou por cima do favorito Macaé. O Cristal marcou passo e empatou em casa contra o São Raimundo. O Alecrim não decepcionou e com o gol de Chapinha venceu o Uberaba, para a alegria da torcida periquita. Domingo que vem veremos quem realmente veio para tentar uma vaga na série C e quem estava só fazendo número no campeonato!

Mas o lance mais inusitado do fim de semana futebolistico ocorreu na Rússia. O ex-colorado Alex estava se preparando para cobrar a penalidade máxima pelo Spartak Moskou, quando um torcedor resolveu terminar logo com a história e bateu o penalti com categoria, estufando as redes do adversário. Notem que a cobrança foi tão bem feita que deixou o goleiro sem reação...

sábado, 19 de setembro de 2009

Semana Farroupilha: hora de pararmos de olhar pro próprio umbigo?




Post rápido, direto do plantão no trabalho: vocês viram a polêmica do paulista que mora em São Borja e resolveu reagir à xenofobia gaudéria contra os habitantes oriundos de São Paulo? Leiam o texto dele aqui.


Alguns pontos opinativos de minha parte:


1 - Não tenho como opinar sobre as churrascarias paulistas e paulistanas, mas concordo com ele que se come MUITA carne "quebra-dente" aqui no Estado;


2 - Não adianta negar: o gaúcho, em geral é contra tudo e todos que não são daqui, especialmente paulistas (recalque dos brabos, na minha opinião). E, na grande maioria das vezes, a implicância é gratuita;


3 - Infelizmente, tive a oportunidade de visitar outros Estados poucas vezes: Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, apenas. Em todos os três, fui muito bem tratado, por vezes até de maneira diferenciada, apesar da nossa histórica implicância com os habitantes DOS TRÊS ESTADOS CITADOS. Em São Paulo, principalmente, vi um povo extremamente solícito, educado e hospitaleiro.


4 - Esse cara praticamente assinou uma sentença de morte. No mínimo, uma extradição forçada.


E aí, o que acham dessa história?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Factóide das Bananas: notícia essencial ou falta de pauta?


Alguém aí está sabendo da nova preocupação nacional, de caráter absolutamente urgente? Não??? Seus desinformados!!! Não acredito que não saibam deste evento quase cósmico: agora, banana tem que ser vendida a quilo em São Paulo.

Notícia de tamanho peso (sem trocadilhos, eu juro) tem mesmo que ser comentada: ontem, quarta-feira, entrou em vigor uma lei que "determina regras de comercialização" para a banana no estado de São Paulo. A partir de agora, os feirantes não poderão vender a fruta por dúzia, como faziam antes. Precisam cobrá-la por quilo, sob risco de pesadas multas.

Desde ontem, uma série de reportagens da Rede Globo têm enfatizado o quanto que feirantes e consumidores perdem com a vigência desta lei (quem ganha são os temíveis latifundiários bananeiros). Nos telejornais da emissora e até mesmo no Mais Você vemos um revezamento de repórteres dando conta da notícia, fazendo comparações de quanto vai passar a custar o cacho e a penca. Parece que a emissora está entrando numa guerra justa pelo sacrossanto direito de se obter bananas mais baratas.

Isto, amigos, é uma das formas de expressão daquilo que chamamos de factóide: neste caso aqui, um fato trivial que se transforma em grande notícia ou comoção popular -- cujo melhor caso recente foi o chá de sumiço de Belchior, transmutado em drama nacional.

Bem, por que interessa ao país a nova legislação para bananas de um único estado para justificar este alarde? Nem comentemos o ridículo que é o ato em si de legislar sobre bananas (pior que isso, só deputado querendo legislar o churrasco), mas fiquemos no motivo da notícia: por que diabos isso seria importante? Falta notícia? Será mesmo algo essencial? Os adeptos das conspirações globais dirão que é mais um elemento no grande plano de alienação nacional (hum, não teriam razão?). E os solistas desafinados, o que pensam desta bananada toda?

Posfácio: e claro que, como toda boa lei brasileira, ela provavelmente virará letra morta em pouco tempo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Top Seven: Filmes Brasileiros Polêmicos


O Emílio sugeriu, mês passado, um post baseado numa lista dos 10
filmes mais controversos e polêmicos do cinema
. Na hora eu pensei: mais legal é fazer uma lista com filmes nacionais. Afinal de contas, qualquer top-alguma-coisa de produções internacionais conterá os mesmos títulos (no caso dos polêmicos, presenças certas de Laranja Mecânica, O Último Tango em Paris e um dos favoritos do Chico, Um Cão Andaluz), com poucas variações. Mas desconheço uma listagem assim para as produções tupiniquins.

Então elaborei a minha própria coletânea de sete filmes polêmicos realizados no Brasil. Por que sete? Bem, porque é mais justo que um "top five" (ao incluir aqueles títulos que a gente sempre gostaria de colocar) e mais objetivo que um "top ten" (ao descartar a necessidade de se tirar filmes da cartola só para preencher os espaços restantes). E porque, enfim, falamos da Sétima Arte:

7. Deus e o Diabo na Terra do Sol (direção de Glauber Rocha, 1964): quem conhece os meus gostos cinematográficos sabe o quanto eu sou crítico ao movimento do Cinema Novo e, acima de tudo, à obra de Glauber Rocha. Este é considerado seu filme mais importante, e causou celeuma à época por conta de uma cena em que um bebê era assassinado durante um sacrifício religioso. Hoje, o debate em torno dele centra-se entre os que defendem seu status de obra-prima e os que dizem que ele é uma grande merda. O que importa é que a polêmica continua.

6. Como era Gostoso o meu Francês (direção de Nelson Pereira dos Santos, 1971): parte do ciclo final do Cinema Novo, esta aventura satírica incomodou o público no início dos 70, ao mostrar o seu elenco nu (lógico, a história se passa numa tribo indígena do século XVI), falando uma língua exótica (tupi) quase sem usar legendas e terminando (para o horror da plateia) num ritual antropofágico onde se devorava o protagonista branco -- tudo devidamente realçado pelo uso de película colorida (de uso esporádico no Brasil àquela época).

5. Bonitinha mas Ordinária (direção de Braz Chediak, 1981): não era a primeira adaptação rodriguiana para o cinema, mas certamente foi uma das mais rumorosas -- graças especialmente à transcrição cinematográfica do estupro coletivo. Tentando soar séria mais com os dois pés no trash, a cena é tão exagerada (com Lucélia Santos berrando "NEGROOOO!") que tu não sabe se ela é perturbadora ou se é hilária. Hoje, o filme é lembrado pela piada do contínuo e por ser, bem, muito ruim mesmo. Esperar o quê de um diretor que fez fitas que atendem por títulos como Eu Dou o que Ela Gosta e Banana Mecânica???

4. Os Cafajestes (direção de Ruy Guerra, 1962): o filme que nasceu para ser polêmico. Os Cafajestes é imensamente conhecido por ser a primeira produção nacional a mostrar uma cena de nu frontal. No caso, a atriz que realizou a proeza foi Norma Bengell (que, apesar de hoje ser um jaburu, já foi musa), contracenando com ninguém menos que Jece Valadão, o deus supremo dos cafajestes (da classe, não só do filme).

3. À Meia-Noite Levarei sua Alma (direção de José Mojica Marins, 1964): os cineastas do Cinema Novo podiam até achar que estavam revolucionando e contestando a sociedade. Mas transgressão mesmo foi a do heroico José Mojica Marins, na pele de Zé do Caixão. O primeiro filme com o personagem (um agente funerário psicopata ultracético) tem assassinatos, mutilações, suicídios, exposição de cadáver, alucinações, estupro e demais sanguinolências -- tudo isso embebedado pelo discurso antirreligioso e antissocial de Zé do Caixão, uma verdadeira sequência de porradas nos valores cultivados no Brasil da época. Nos anos seguintes, a subversão da obra de Mojica só aumentou (com banquetes canibais, descidas a infernos congelados e sexo explícito). Não é à toa que o homem tem o epíteto de "maldito".

2. Tropa de Elite (direção de José Padilha, 2007): Nenhuma película recente propôs tamanho falatório nos meios de formação de opinião como esta visão do até então documentarista Padilha a respeito da polícia brasileira. Fenômeno popular como nenhum filme conseguiu ser no Brasil, a obra foi tachado de ser fascista (mesmo não sendo esta a intenção do diretor) e, mais incrível ainda, louvada exatamente por este hipotético conteúdo de extrema direita. No fim das contas, as reações a Tropa de Elite mostraram o quanto nosso país ainda recorre à idealização da violência como melhor remédio para nossas mazelas.

1. Rio Babilônia (direção de Neville D'Almeida, 1982): os filmes de Neville D'Almeida poderiam encher quase que esta lista inteira -- ele, que é um dos diretores mais constantes da nossa cinematografia (constantemente ruim, entendam bem). São dele joias do trash erótico (um subgênero?) nacional como Os Sete Gatinhos e A Dama do Lotação. Este Rio Babilônia ajudou a criar o imaginário popular de que "filme brasileiro só tem putaria". A trama mistura violência, consumo de drogas e orgias quase explícitas. A cena símbolo da produção é daquelas que quase todo mundo lembra, mas não admite: um molhado ménage-a-trois (ou seja, sacanagem da braba) numa piscina entre Denise Dumont, atriz icônica do espírito liberal oitentista, e dois sujeitos. Não sabe? Ora, a moça caía de boca no cara sentado na escadinha da piscina, enquanto o outro indivíduo mandava ver na outra ponta -- e não é figura de linguagem: reza a lenda que o ator de fato "entrou" no personagem (o da Denise Dumont, não o dele). No melhor estilo carioca da época, nenhum dos envolvidos desmentiu ou confirmou o acontecido.

Agora... Como diabos deverá ser o tal Banana Mecânica?

Update -- corrigindo injustiças: como toda lista de mais/melhores/piores, esta também tem sua ausência importante, bem lembrada pelo Fábio: Amor Estranho Amor (direção de Walter Hugou Khouri, 1982). Uma das personagens do filme, a prostituta ninfeta Tamara, é representada por Xuxa Meneghel (que, na época da filmagem, tinha 16 anos) e conhecida a sua cena de sexo um ator que na época tinha 12 -- nada demais, já que, no adiante da história, o menino transa com a própria mãe, feita por Vera Fischer.

A controvérsia se instaurou quando o filme foi lançado em VHS em fins daquela década, coincidindo com o ápice de Xuxa como apresentadora infantil. Num ato de censura tola, a "rainha" comprou os direitos do filme após batalha juducial e impediu a sua distribuição. Pessoas foram contratadas para comprar as cópias restantes nas locadoras. O ato apenas gerou mais publicidade gratuita para a produção, e, no fim das contas, foi inócuo: além de ser possível baixá-lo na íntegra pela internet, Amor Estranho Amor foi lançado em DVD nos EUA em 2005, apesar dos esforços de Xuxa de impedi-lo. É possível adquirir o filme em qualquer site de venda de DVDs norte-americano.

Então, Amor Estranho Amor é o "número 0" desta lista. ;)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vocês sabiam que eu compro CDs? Hard Rock Uruguaio


Gasoil - Titulares

Após um longo tempo longe do blog estou de volta! E trago uma novidade para vocês!

Gasoil (diesel em espanhol) é uma banda de Hard Rock Uruguaia muito legal. Um quarteto com duas guitarras, baixo e bateria. Nada de virtuoses, mas as notas bem colocadas. E do contrário que tudo que já ouvi do Uruguay, isso aqui não lembra em nada a música Pop de lá.


Entrei em uma loja de intrumentos em Rivera e falei ao vendedor. "Me vê um CD de rock Uruguaio, e bom!". Ele me apareceu com esse. Muito acertado. Ele me indicou uma outra banda bem legal também, mas falamos dela em outro post.

Um detalhe com relação a língua é que, eu entendo muito pouco do que eles falam nas músicas, do contrário do rock argentino.

Outro detalhe é a qualidade de gravação e produção do CD (melhor que muita coisa que vi no Brasil). Segundo o vendedor, foi feito na argentina.

Capa: A capa e o encarte são bem divertidos. Como aparece na imagem, aparece um cara lendo o jornal. Dentro do encarte uma surpresa, as letras das músicas são todas impressas em folhas de jornal! Além de dois adesivos da banda. Um deles de uma bomba de gasolina :)

Músicos:

Miguel Bestard - Guitarra y voz
Tal Szlafmyc - Guitarra, coros y voz
Federico Quartara - Bajo y coros
Felipe Ariza - Bateria

Músicas:

1 - oroku saki
2 - flower power
3 - muñecos de trapo
4 - carta
5 - gloria
6 - jungla en el asfalto
7 - vivo en un agujero
8 - lo que me haces
9 - abran paso
10 - pasado en el presente
11 - mas alla
12 - domingo tv
13 - apartamento
14 - mas
15 - depende de vos
16 - cisplatino

Vídeo:


Para saber mais:

http://www.gasoil.com.uy/

Mesa-redonda bola-quadrada: Inter x Cruzeiro, Náutico x Grêmio

Esse fim de semana ocorreu a 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. A dupla grenal contrariou as estatísticas, com o tricolor vencendo fora e o colorado perdendo depois de uma série de bom aproveitamento.

  • Inter 2x3 Cruzeiro
  • Nautico x Grêmio

O Inter recebeu o Cruzeiro pensando em arrebatar a liderança do Palmeiras. Pouco antes de fechar a primeira meia hora de jogo, Magrão foi derrubado dentro da área cruzeirense e o penalti assinalado. Alecsandro cobrou e abriu o placar. Menos de 10 minutos depois, Guiñazu voltando para ajudar a defesa derrubou Thiago Ribeiro e provocou penalti agora em favor do visitante. Gilberto não perdeu a oportunidade e empatou a partida. No início do segundo tempo, o Cruzeiro virou o jogo com o segundo gol de Gilberto. Tite então colocou Andrezinho em campo, que fez um lindo gol de falta empatando novamente o clássico. O torcedor não tinha parado de comemorar quando Thiago Ribeiro, um minuto após, fez o terceiro gol mineiro e fechou os trabalhos. No apito final do juiz, a torcida colorada não perdoou o time e emitiu uma retumbante vaia.

O Grêmio jogou no famoso Estádio dos Aflitos. No mesmo dia em que teve sua última derrota dentro de casa, há 1 ano, o tricolor buscava quebrar outro tabu: obter a primeira vitória fora. E o fraco Náutico não mostrou resistência a isto. Aos 17 min, com um lançamento de Tcheco, Souza de cabeça abriu o placar. Ainda no primeiro tempo, Jonas recebeu a bola, tirou 2 zagueiros da jogada e bateu com a perna esquerda ampliando a vantagem sobre o alvirubro pernambucano. Com este gol, o "pior atacante do mundo" mantém a artilharia do campeonato ao lado do ex-aposentado Imperador, com 12 gols marcados. A partir daí, o jogo que já estava com baixa qualidade técnica ficou ainda pior. A segunda etapa foi mais monótona que as corridas do Schumacher na Ferrari. O Grêmio, satisfeito com a vantagem não queria mais jogar e o Náutico, insatisfeito, não sabia jogar. A partida se arrastou até o final com destaque apenas para uma bola na trave de Vitor e a expulsão de Maxi Lopes por desentendimento com o seu marcador.

Como destaque da rodada, o líder Palmeiras perdeu para o Vitória na Bahia. Com isto, o Inter que também perdeu, desperdiçou a chance de assumir a liderança isolada. E para deixar mais emocionante a disputa, o tricolor paulista fez o tema de casa vencendo o Avaí no Morumbi e embolando a parte de cima da tabela.

A Série A está assim: Palmeiras na liderança com 44 pontos seguido por Inter e São Paulo com 43. Goiás fecha o G4 com 39 pontos. O Grêmio subiu 4 posições e agora ocupa o 6º
lugar. Semana que vem o Inter vai à Bahia tentar tirar pontos do Vitória e o Grêmio defende a invencibilidade em casa diante do lanterna Fluminense.


SÉRIE D

E a Série D voltou a campo para decidir os merecedores das vagas para as quartas de final. Contrariando o paradigma de que a equipe que decide em casa tem vantagem, apenas um anfitrião confirmou sua vaga revertendo o placar.

  • Cristal 3x1 São Raimundo
  • Alecrim 3x0 Sergipe
  • Macaé 0x0 Tupi
  • Araguaia 1x0 Uberaba
  • Londrina 1x1 Chapecoense

Como as quartas-de-finais necessitam 8 times, o critério de classificação beneficiava os vencedores dos confrontos mais os 3 melhores dos 5 perdedores. Apenas 2 equipes foram eliminadas: Sergipe e Londrina. Ainda obedecendo as distâncias nos enfrentamentos, as chaves ficam assim:

  • Araguaia x Chapecoense
  • Tupi x Macaé
  • Cristal x São Raimundo
  • Alecrim x Uberaba

Com isto, teremos 2 revanches animalescas: o Dragão do Amapá enfrentará novamente a Pantera e o Galo Carijó entrará na rinha contra contra o Leão Praiano. Esperamos ansiosamente domingo que vem chegar para assistir novamente estes emocionantes duelos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Outros Onzes de Setembro

É difícil desvincularmos a data de hoje do episódio das Torres Gêmeas, em 2001. O "onze" conjugado com o "setembro" passou a ter um significado único. Parece, de certa forma, que este dia só começou a existir no calendário da cultura ocidental naquele ano.

Claro que é só entrar na Wikipedia, na seção "Neste dia..." para ver que 11 de setembro também é o Dia Nacional da Catalunha, que foi quando nasceram Brian De Palma (cineasta americano), Theodor Adorno (filósofo alemão) e Franz Beckenbauer (que, de acordo com o pessoal do Monty Python, também é um filósofo alemão).

Mas o dia de hoje tem significados históricos mais próximos de nós. Foi no 11/09 de 1973 que o Chile sofreu o golpe militar mais pavoroso da história da América Latina, com direito a bombardeio do palácio do governo, o La Moneda, pela Aeronáutica chilena, e à morte do presidente deposto, Salvador Allende (até hoje se debate a versão oficial, de que ele teria se suicidado com um tiro de metralhadora -- tudo indica que ele de fato se matou).

Para a América Latina, foi um baque inesperado e assustador: o Chile foi o primeiro país da região (e, até onde eu saiba, do mundo) a eleger um governante socialista, identificado com o comunismo, de maneira democrática, o próprio Allende. Também foi a última nação a cair no manto da obscuridade das ditaduras do Cone Sul, e a que produziu o regime ditatorial mais violento e espúrio. O próprio golpe, arquitetado pelo antes fiel protetor do presidente, general Augusto Pinochet, foi reflexo do que viria pelas décadas seguintes. A destruição do La Moneda pelos aviões de combate e as histórias tenebrosas do Estádio de Chile (transformado em campo de concentração pelos militares e que hoje tem por nome Víctor Jara, músico torturado e morto na ocasião) vivem no imaginário das esquerdas da América do Sul e de toda a população chilena até hoje.

Já outro 11/09, vejam vocês, é tipicamente gaúcho: é o dia em que o coronel rebelde, encrenqueiro-mor e sem-noção exemplar Antônio de Souza Neto proclamou a República Rio-Grandense, durante a Revolução Farroupilha, em 1836. A data consagrada ficou o 20 de setembro de 1835, quando começa a revolta numa escaramuça na Ponte da Azenha (como não poderia deixar de ser, logicamente; certas badernas acontecem até hoje por aquelas bandas...). Mas, quase um ano depois, os farrapos ainda eram tratados como simples rebeldes pelo Império do Brasil. Muito se debateu sobre as reais intenções republicanas dos integrantes do movimento (Bento Gonçalves, o líder, era abertamente monarquista) e hoje se acredita que a proclamação de independência de Neto teria muito mais valor estratégico do que ideológico -- obrigaria os regentes imperiais a dar mais importância às reivindicações farroupilhas, dando um novo nível ao conflito: de sedição pura e simples a guerra entre nações.

Seria justo dizer que, se EUA e Chile tiveram seus "onzes de setembro", que o Brasil também teve o seu -- e que os encrenqueiros da vez fomos nós? Brincadeirinha puramente retórica.

Aliás, mais sobre a Guerra dos Farrapos no Sol Desafinado nas proximidades dia 20 de setembro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mesa-redonda bola-quadra: boletim das Eliminatórias para a Copa 2010

Este é apenas um boletim do Mesa-redonda bola-quadrada, para não deixar de fazer a cobertura das Eliminatórias da Copa.

No dia cabalístico 09/09/09 ocorreram vários jogos que decidem as vagas para a Copa da África do Sul. Como destaque, Brasil x Chile e Paraguai x Argentina:

  • Brasil 4x2 Chile
  • Paraguai 1x0 Argentina

O Brasil, já classificado, foi à Bahia jogar contra o Chile que ainda luta por uma vaga. E frente à sua torcida, não decepcionou (ao contrário da banda marcial que tocou incrivelmente rápido o Hino Nacional Brasileiro, tendo como solista uma irritante corneta).

A Seleção de Dunga começou mal, sofrendo pressão do Chile. Porém, aos 30 min do primeiro tempo, Daniel Alves levantou a bola na área e Nilmar completou para dentro do gol. Neste momento o Brasil já tinha tomado conta do jogo e com toques rápidos chegava com facilidade na área do fraco goleiro Claudio Bravo. Aos 40 min o Brasil ampliou com Júlio Baptista. O jogo parecia tranquilo. Mas perto do intervalo o Chile descontou de penalti. No início do segundo tempo Felipe Melo, que já havia cometido a penalidade máxima, deu uma entrada dura no jogador adversário e foi expulso. La Roja se aproveitou da vantagem númerica e empatou a partida menos de 5 minutos após a expulsão. O jogo começou a ficar perigoso para o Brasil, até que Nilmar liquidou a fatura com 2 gols em 3 minutos. O resultado manteve o Brasil em primeiro lugar isolado e evitou com que o Chile confirmasse mais uma vaga.

A Argentina foi à Assunção tentar uma reabilitação contra o Paraguai. O sistema de som do clássico estádio Defensores del Chaco recebeu os visitantes como aqueles "que estão ficando fora da Copa do Mundo". Já no primeiro tempo o Paraguai, superior, fez seu gol com Valdez. Na etapa complementar a Argentina foi pra cima, agredindo o adversário nos dois sentidos (atacando e quebrando pernas). Verón foi expulso e o jogo portenho ficou baseado novamente em Messi, que não conseguiu nada de concreto. O Paraguai defendeu seu chaco bravamente e carimbou o passaporte para 2010. Enquanto isso, a Argentina se complicou ficando no bolo com Uruguai, Colômbia e Equador, lutando praticamente por 1 vaga e a repescagem.

Nos outros jogos da noite, o Uruguai venceu a Colômbia por 3x1. A Venezuela passou pelo Peru (que já estava morto muito antes da véspera). Destaque para o atacante Fedor pelo nome bizarro e pelos 2 gols marcados.

No Velho Mundo, a Inglaterra goleou a Croácia por 5x1 e garantiu sua participação ao lado da Fúria Espanhola e da Holanda100% (seria uma nova Laranja Mecânica?). A Itália necessita de um empate para se juntar à elite européia. O resto ainda está na peleia.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Beatles Remasterizado: Justiça com a obra ou apenas mais um caça-níqueis?

Parafraseando abravanelisticamente: "Ficou muito bom. Eu não ouvi, mas meu amigo Flagg ouviu." Ele baixou os discos remasterizados dos Beatles que serão lançados amanhã, resultado de um processo de quatro anos que utilizou equipamentos de ponta em conjunto com as máquinas mais antigas. Pelo pouco que ouviu, Flagg já adiantou que é coisa boa. Vou pegar uma cópia na quinta-feira para conferir como ficou. Minhas expectativas são grandes, espero ouvir todos os sons em seus devidos lugares.

Mas a questão que levanto aqui é: quantos (re)lançamentos do extenso material dos Beatles ainda veremos aterrissar nas prateleiras? Em outras palavras, pergunto: esta é a versão definitiva? Ou vamos ter que comprar tudo de novo daqui a algum tempo?

Eu aprendi essa lição muito cedo. Em 1989, com 12 anos de idade, ganhei de natal do meu pai toda a coleção de discos dos Beatles, em vinil. Naquela época, o Compact Disc era novidade. Os LPs, CDs e K-7 tinham recém sido “remasterizados em digital” (mas peraí, não foi isso que fizeram agora...?). Poucos anos depois, veio a popularização do CD e acabei recomprando a maioria dos discos. E sempre me veio a pergunta: estou pagando pela obra ou pela mídia física? Muitos dirão que é pela obra, e neste caso por quê eu tive que pagar pela obra novamente, ao comprar os CDs? Não deveria pagar apenas o custo da mídia? Ou ainda, se eu baixar os discos da internet, estou com uma cópia ilegal?

Mas uma coisa não dá pra negar: esses novos lançamentos estão um luxo. Embalagem em formato “mini-capa” do vinil original, e uma imagem decente da famosa maçã ou do logo da Parlophone nos CDs, além de fotos extras. Mas não esperem um post “Eu também compro CDs” tão cedo... não quero nem ver quanto vai custar esta caixinha de diamantes aqui no Brasil.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Grêmio x Vitória, Avaí x Inter, Argentina x Brasil

Conforme dito pelo Hisham, estarei escrevendo os posts futebolísticos do blog durante todo o mês de setembro. Então iniciemos os trabalhos!

Este fim de semana tivemos mais uma rodada do Campeonato Brasileiro, que está cada vez mais emocionante. E pelas eliminatórias da Copa, mais um clássico Brasil x Argentina:

  • Grêmio 1x1 Vitória
  • Avaí 0x2 Inter
  • Argentina 1x3 Brasil

O Grêmio jogou no fim da tarde de sábado em Porto Alegre contra o Vitória de Wagner Mancini, que sempre tenta tirar uma casquinha do tricolor. E desta vez não foi diferente: em um jogo desastroso, com uma grande quantidade de modificações na equipe, o Grêmio escapou de perder um ano de invencibilidade em casa e até ser goleado. Jogando mal, saiu perdendo o primeiro tempo de 1x0 e quase viu a casa cair com 2 bolas na trave de Marcelo Grohe em menos de 5 minutos do segundo tempo. Graças ao gol salvador do controverso Jonas (incrivelmente um dos artilheiros do campeonato), a torcida tricolor respirou aliviada com o empate. Destaque para o jogador Mario Fernandes que fez uma jornada impecável, ao contrário do resto da equipe, e para o capitão Tcheco que voltou ao time no segundo tempo aclamado pela torcida.

O Colorado foi à Santa Catarina e confirmou a boa fase batendo o Avaí (que confirmou a má fase) sem muitas dificuldades. O jogo começou equilibrado, mas o Inter logo tomou conta e abriu o placar ainda no primeiro tempo após cobrança de escanteio, emendado de cabeça por Fabiano Eller. No final do primeiro tempo, Índio deu uma entrada dura no atacante alviazul e com um cartão vermelho foi para o vestiário já antes do intervalo. Tite reoganizou o time para o segundo tempo colocando Danilo Silva e trazendo Bolívar para a zaga. O Leão da Ilha continuou acuado e acabou sofrendo o segundo e derradeiro gol através dos pés de Magrão. O Inter ainda sofreu mais uma baixa na defesa com a expulsão de Bolívar.

A Série A é liderada pelo Palmeiras com 44 pontos, seguido no vácuo pelo Inter com um ponto a menos. O Goiás empatou em casa com o Coxa e perdeu a terceira colocação para o São Paulo que venceu o Cruzeiro no Mineirão de virada. O Grêmio ganhou uma posição e agora é o oitavo com 33 pontos, à 6 pontos da zona da Libertadores. A turminha do desespero é composta por Santo André, Botafogo, Sport e Fluminense, que na lanterna é grande candidato ao rebaixamento.

O sábado à noite foi embalado por mais um enfrentamento entre Brasil e Argentina. A seleção azul celeste optou por jogar o clássico no Gigante de Arroyito, casa do Rosário Central. Com as arquibancas perto do campo, a torcida poderia jogar a favor, fazendo uma pressão sobre o adversário. Mas o que se viu foi um ótimo jogo coletivo por parte do Brasil, terminando o primeiro tempo vencendo por 2x0 (Luisão e Luis Fabiano). No segundo tempo a Argentina ainda tentou uma reação com um golaço de Datolo, que foi logo arrefecida pelo chute de Luis Fabiano em um explêndido lançamento de Kaká. No fim, os "hermanos", famosos pelas incansáveis cantorias, foram abafados pelos gritos dos cerca de 1000 torcedores brasileiros presentes no estádio. Além de vencer sua maior rival, os 3 pontos somados ainda garantiram a Seleção Canarinho na Copa de 2010. Como diria Fernando Vanucci, "A África do Sul é logo ali".

Por fim, a gloriosa Série D do Brasileirão deu um tempo esse fim de semana. Mas domingo que vem teremos os nomes dos classificados para as quartas de final. Será que algum time conseguirá reverter em casa e passar de fase? Qual visitante manterá a vantagem obtida em seus territórios e irá comemorar a vaga no estádio adversário? Cenas para os próximos capítulos...

sábado, 5 de setembro de 2009

Eu também compro CDs: Lifes Rich Pageant do R.E.M.

Não sei se devo ficar triste ou feliz, mas um dos meus álbuns favoritos do R.E.M está entre os 25 discos mais importantes de bandas de indie rock segundo a Entertainment Weekly. Depois de fazer um álbum com baterias chapadas pelos anos 80 (o agradável Fables of the Reconstruction), a banda lançou em 1986 o álbum Lifes Rich Pageant: uma lista de faixas coesas, com mais guitarras, peso e energia. O nome veio de uma frase do Peter Sellers no seu filme de 1964, Um Tiro no Escuro.


Capa: O baterista Bill Berry na parte de cima, e bisões na parte de baixo.


Faixas:

Lado A – "Jantar"
1. "Begin the Begin" – 3:28
2. "These Days" – 3:24
3. "Fall on Me" – 2:50
4. "Cuyahoga" – 4:19
5. "Hyena" – 2:50
6. "Underneath the Bunker" – 1:25


Lado B – "Ceia"
1. "The Flowers of Guatemala" – 3:55
2. "I Believe" – 3:49
3. "What If We Give It Away?" – 3:33
4. "Just a Touch" – 3:00
5. "Swan Swan H" – 2:42
6. "Superman" – 2:52


Vídeos



Para saber mais:

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Inter x Atlético-MG

No meio de semana não teve rodada do Campeonato Brasileiro, então talvez por isso o Coutinho não fez a sua estreia no MRBQ, mas tivemos o jogo atrasado do Inter que valeu o título simbólico do primeiro turno e ainda por cima foi uma goleada, então eu não poderia deixar passar em branco:
  • Inter 3x0 Atlético-MG
Não pude ver o jogo, mas os relatos contam de um excelente segundo tempo protagonizado por D'Alessandro ("D'Alessandro fritou o Galo", dizia a manchete do sempre espirituoso Diário Gaúcho) e com uma bela atuação de Edu, que mesmo ainda não estando nas melhores condições físicas, marcou dois gols. Mas o ataque deve mudar no próximo jogo, com as voltas de Alecsandro e Taison, que agora têm forte concorrência pelas posições. De qualquer forma, o Inter se coloca a um ponto do líder Palmeiras e volta a ser assunto da mídia do centro do país como favorito ao título.