domingo, 19 de dezembro de 2010

Correm os anos, surge o amanhã

Eu tenho 30 anos, o que quer dizer que acompanho o Inter há mais de 20.
Nesse tempo, estive com o Inter nas derrotas e nas vitórias.
Acompanhei o Inter como pude, dentro do estádio, pela TV, rádio ou transmissão pela internet quando estive longe.
E hoje penso, como diz a canção, "nos dias que passei" com o Inter.
Inter de tantas lutas, na cidade, no estado, no país, no continente e no mundo.

Na cidade, já vi quase tudo acontecer nessa rivalidade eterna com o Grêmio.
Eu já vi o Inter perder do Grêmio. Eu já vi o Inter empatar com o Grêmio.
Eu já vi o Inter vencer o Grêmio. De escore mínimo. De 2. De 3. De 4. Já vi o Inter meter até 5, na casa deles.
Eu nunca vi o Inter perder de 5. Gremistas me disseram que já ganharam de 10, há 100 anos, mas eu não vi. Nem eles.
Já vi o Inter eliminar o Grêmio em Brasileiro, Copa do Brasil, Sul-Americana.
Eu nunca vi o Inter ser eliminado em mata-mata pelo Grêmio.

No estado, já vi o Gauchão ser desdenhado e já vi ser festejado madrugada adentro. Pelos dois times.
Eu já vi o Inter ficar de fora da final do Gauchão.
Eu já vi o Inter vencer o Gauchão. Marcando 8. Dois anos seguidos.
Eu não vi o Inter ser octacampeão gaúcho, mas sei que foi. Mas já vi ser tetracampeão.

Eu já vi o Inter ser campeão de quase tudo que existe pra ser disputado por aí.
Eu sei que ele já ganhou tudo que um time de primeira divisão pode disputar hoje, mas só estou falando do que eu vi.
Eu nunca vi o Inter ganhar o Campeonato Brasileiro. Quando eu nasci ele já tinha três estrelas na camisa.
Mas já vi o Inter ganhar um título nacional.
Tá certo que foi uma Copa do Brasil. E com um minguado 1 a 0. De pênalti. Mas vi.
Eu já vi o Inter escapar do rebaixamento com um gol no final do segundo tempo.
Eu nunca vi o Inter ser rebaixado.

Eu já vi o Inter ser desclassificado na Copa Sul-Americana invicto.
Eu já vi o Inter vencer a Copa Sul-Americana.
Eu já vi o Inter ser eliminado na semifinal da Libertadores nos pênaltis.
Eu já vi o Inter ser eliminado da Libertadores na primeira fase.
Eu vi o Inter ser campeão da América, eu estando a mais de mil quilômetros de distância.
E vi o Inter ser campeão da América, eu estando dentro do Beira-Rio.
Eu vi o Inter campeão da Libertadores vencer o campeão da Sul-Americana de goleada.

Eu já vi o Inter perder do Bragantino, do Glória de Vacaria, do União Rondonópolis.
Eu já vi o Inter ganhar do Boca Juniors, da Internazionale, do Barcelona.
Eu já vi o Inter perder pro campeão da África.
Eu já vi o Inter vencer o campeão da África.
Eu já vi o Inter vencer o campeão da Ásia.
Eu já vi o Inter vencer o campeão da Europa.
(Faltam agora o campeão da Oceania, da América Central e do Norte.)
Eu já vi o Inter vencer o campeão do mundo. Em uma final de Libertadores.
Eu já vi o Inter ser campeão do mundo.

Eu já vi grandes times do Inter, e times que causavam aflição.
Já vi grandes jogadores honrarem a camisa vermelha mesmo sem terem ganho grandes títulos.
E já vi o maior título ser ganho graças a um jogador contestado.
Eu vi jogadores bons em times ruins e jogadores ruins em times bons.
Eu não vi Falcão, não vi Figueroa.
Eu vi jogadores que entraram pra história e jogadores que só lembramos ao pensar em uma determinada época.
Eu vi Taffarel, Aguirregaray, Luís Carlos Winck, Nílson.
Eu vi Caíco, Argel, Célio Silva, Paulinho (que virou McLaren), Leandro (que virou Machado).
Eu vi Gamarra, Enciso, Christian, Fabiano, Dunga.
Eu vi Fernando Baiano, Alex, Nilmar, Sóbis, Fernandão.
Eu vi Adriano Gabiru, Walter, D'Alessandro, Leandro Damião.
Eu vi tantos outros que eu não vou lembrar, e outros que eu lembro e é melhor nem citar.
Torci por todos, por igual. Fosse lutando para não cair, para classificar ou para conquistar o título.

De tudo isso que eu já vi, o que eu sei é que o que o Inter mais me deu na vida foi emoção.
Como se diz, o amargo das derrotas ensina a sentir o doce das vitórias.
Pode ser clichê, mas olhando para trás, eu vejo o quanto isso é verdade.
Olhando pra frente, o que eu sei é que o futuro não será diferente:
novas tristezas virão, e muito mais alegrias.
Quanto a mim, é como diz a canção:
Inter, estarei contigo. Tu és minha paixão. E definitivamente, não importa o que digam.

E que venha o próximo ano, o próximo campeonato, e depois desse o outro, e o outro, e o outro...
"Correm os anos, surge o amanhã."

5 comentários:

  1. dá pra fazer um álbum conceitual triplo de prog-rock tipo Triumvirat ou ELP com essa "letra"!

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  2. Hahahahah, seria uma boa ideia de álbum conceitual pro Ataque Colorado :-)

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  3. eu convivi durante muitos anos com um homem, gremista, e muitas vezes o "invejei". não por ser homem, muito menos por ser gremista, apesar de algumas vezes ter confundido que a "inveja" era por algum desses motivos. na verdade, a minha inveja era porque havia algo que causava nele um rebuliço de emoções, tanto na alegria como na tristeza, e que tem relação com essas coisas que tu viste ou não viste. na época, eu não entendia como ele podia sentir tudo aquilo. hoje, eu entendo. na época, eu não recebia mensagens no celular tocando flauta. hoje, eu recebo. na época, essa emoção não fazia parte da minha vida. hoje, faz! continuo invejando "vocês" pelas emoções que deixei de sentir, mas muitas ainda sentirei! parabéns pelo texto. (bah, meu comentário virou um post. teria bem mais a falar, quem sabe um dia posto em algum lugar sobre isso.)

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  4. Pois é, Denise, tu pegou totalmente o espírito do texto! Pra quem sabe levar de forma saudável, torcer para um time é um belo "tempero" pra vida.

    Minha lembrança mais antiga de colorado é assistir sozinho em casa a final do Brasileiro de 1988. Nunca fui de jogar bola nem comprar figurinhas do Campeonato Brasileiro, mas sempre estava ligado no que acontecia com o Inter. A final da Copa do Brasil ouvi pelo rádio! (Imagine hoje em dia não ver pelo menos pela TV uma final...) Mas só fui acompanhar a ponto de saber escalação de cor e ouvir todos os jogos no rádio lá pelo segundo grau. Durante a graduação foi um pouco menos (o pessoal de informática no geral discute muito menos futebol que a média, isso é fato). Quando fui pro Rio, acompanhar o Inter pela Gaúcha na internet era meu elo com o RS (meus colegas do Rio brincavam quando eu ouvia jogos do Inter contra times do RJ pela internet: "tem que ouvir por essa rádio por causa do sotaque?"). Agora de volta ao RS, comecei a ir mais ao estádio.

    Às vezes penso como é legal transformar algo que poderia ser uma noite como qualquer outra em algo inesquecível, como quando comemoramos juntos o bicampeonato da Libertadores. É esse o espírito! E estaremos juntos em muitas outras ainda. :)

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  5. Ontem mesmo eu perguntava, pra um companheiro de idas ao estádio (um menino de 12 anos e que sabe a escalação dos times do inter desde os 2 ;-), quando será a nossa próxima ida ao Beira Rio? Sim, muitas vitórias comemoraremos juntos! E precisamos de reforço feminino na nossa torcida, uma força vinda lá do nordeste quem sabe?! ;-)

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