segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mesa redonda, bola quadrada: Inter x Santo André, Flamengo x Grêmio

E neste domingo terminou a 39a. edição do Campeonato Brasileiro. Esta foi a mais emocionante e inusitada no sistema de pontos corridos, com as disputas todas em aberto. Porém, conforme o previsto, o Flamengo sagrou-se campeão pela sexta vez, igualando o feito do São Paulo F.C. e deixando o Inter com o vice-campeonato. O Grêmio terminou na oitava posição.
  • Inter 4x1 Santo André
  • Flamengo 2x1 Grêmio
Sobre o jogo do Inter não tenho muito o que falar. Fez sua obrigação e goleou o fraco e rebaixado Santo André. Os gols foram marcados por Alecsandro, Índio, Andrezinho e Giuliano. Nunes ainda descontou com um gol de penalti. A cena inusitada em Porto Alegre ocorreu por conta do gol de Roberson, abrindo o placar contra o Flamengo no Maracanã. Nunca havia visto (e talvez nunca mais verei) o mar vermelho Beira-Rio explodir comemorando um gol tricolor. No mais, acredito que tudo tenha ocorrido na sua normalidade. Aguardo relatos dos solistasdesafinados colorados que foram ao estádio e viram in loco tudo que ocorreu na rodada decisiva...


Todos os outros jogos eram coadjuvantes frente ao tão esperado embate entre o rubronegro carioca e o tricolor gaúcho. O que interessava para os torcedores das equipes que disputavam o título (Inter, São Paulo e Palmeiras) era o resultado deste jogo. O Grêmio entrou desacreditado depois de tudo que se falou durante a semana e com uma escalação reserva que incluía diversas estreias na equipe titular. Ao entrar em campo, a torcida rubronegra gritava freneticamente o nome do adversário. Mas ao contrário dos prognósticos, o time gaúcho não se deixou humilhar para ver ser maior rival sem a taça. Começou o jogo melhor que o nervoso Flamengo. Para espanto geral da nação futebolística, aos 21min o garoto Roberson numa jogada oportunista típica de centroavante, adiantou-se ao marcador no cruzamento de Douglas Costa e desviou a bola para o fundo das redes de Bruno, que pouco teve o que fazer. Estava aberto o placar no Maracanã. E incrivelmente era o Grêmio que o fazia, calando a massa flamenguista que esperava um jogo fácil. No resto do Brasil, a festa se deu nas torcidas que ainda sonhavam com o tropeço do clube carioca.

O Flamengo, que já havia entrado nervoso em campo, ficou mais perdido ainda. Errava passes e gols. Quando as coisas pareciam complicadas, David empatou a partida aos 29min do primeiro tempo. Mas o resultado não bastava, já que a essas alturas o Inter fazia 2x0 em Porto Alegre e botava a mão na taça. O primeiro tempo terminou empatado, mas com uma sutil melhora do mengão. A segunda etapa começou morna e ruim de assistir. Os 2 times não jogavam bem. O Grêmio recuou e o Flamengo errava muitos passes no meio de campo. Adriano até tentou, mas a bola ficava nas mãos de Marcelo Grohe. O tempo passava e o jogo ficava mais nervoso. A torcida calada; a equipe da casa perdida; o visitante recuado saíndo em contra-ataques perigosos com Douglas Costa e Mario Fernandes. Tudo parecia conspirar para um fim de jogo dramático. Até que aos 24min Petkovic, que havia tido sua substituição já requisitada pelo técnico, bateu um escanteio com precisão e Ronaldo Angelin completou de cabeça, virando a partida. Pet saiu logo após o gol e ficou auxiliando o técnico Andrade à beira do gramado. O minutos que se passaram deixaram o jogo mais dramático. Ainda mais com o gol que Maylson perdeu, quase empatando novamente a partida. Quando o juiz Eber Roberto Lopes apontou para os céus e logo após para o centro do gramado, trouxe uma explosão de alegria para o Maracanã e um alívio para a torcida tricolor, que até para ver seu time perder tem que sofrer. Fica para a História um campeão com todos os méritos, que jogou contra um adversário honrado. O resto agora faz parte do anedotário futebolístico.

15 comentários:

  1. Acho que as cores ficaram trocadas :-)
    O rubro negro carioca (Flamengo) jogou contra
    o tricolor gaúcho (Grêmio) e o alvinegro carioca (Botafogo)
    jogou contro o alviverde paulista (Palmeiras).
    Pra mim a rodada ficou de bom tamanho, com o
    Cruzeiro indo pra Libertadores :-)

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  2. Obrigado pela observação Sérgio! Correção feita!

    No fim das contas deu a lógica e os resultados foram justos.

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  3. Futebol é uma caixinha de surpresas não porque estas surpresas acontecem o tempo todo, bem pelo contrário: é porque a lógica costuma prevalecer. E o resultado foi lógico: os reservas do Grêmio se esforçariam para não parecer que estavam entregando, mas o Fla iria ganhar.

    O tempo dirá se este campenoato de 2009 será a exceção em termos de competitividade. Mas, se a emoção deste continuar se repetindo, teremos excelentes argumentos a favor dos pontos corridos -- quatro times disputando o título na última rodada, quatro com possibilidade de cair; o campeão que ficou na liderança apenas duas rodadas e o time que liderou mais da metade do certame e que ficou fora da Libertadores; a reação impensável do Fluzão e a queda surpreendente do Coxa.

    Quanto às "falhas" ainda apresentadas pelos pontos corridos, tem sugestões interessantes aparecendo por aí -- como deixar para a última rodada os clássicos regionais (que eu considero muito interessante) ou ainda se espelhar no regulamento da Itália, que impede os clubes de esclarem equipes reservas mesmo com outras competições acontecendo. Mas foi um excelente campeonato.

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  4. A intenção da ideia dos clássicos regionais na última rodada é nobre, mas o problema é que, matematicamente, uma situação exatamente idêntica à vivida nessa última rodada poderia ter acontecido em uma rodada anterior se o título estivesse sendo decidido por antecipação.

    Eu sou a favor de um campeonato em pontos corridos dividido em dois turnos, com uma final entre o campeão do turno e o do returno.

    * Resolve o "problema" do time rival local "afetar" decisivamente o título (afetar uma classificação à final é algo bem menos forte);

    * O reset da pontuação no meio do ano dá ânimo novo aos times;

    * Na prática funcionaria como dois campeonatos, modelo comum na América do Sul com as "aperturas" e "clausuras", o que acabaria com os problemas de falta de sincronização com o calendário europeu;

    * Resolve o problema dos melhores times do Brasil estarem na Libertadores no primeiro semestre e com isso terem as chances no Brasileiro altamente prejudicadas (vide o caso do Cruzeiro esse ano)

    * Pro problema do time campeão do primeiro turno ficar "desmotivado", bom, ele sempre pode ganhar ambos os turnos e ser campeão antecipado (vide o Inter no Gauchão esse ano). Se fosse por isso, o campeão da Copa do Brasil atualmente já joga o Brasileiro com menos motivação, já que tem a vaga da Libertadores garantida.

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  5. Mas sabe o que é pior, Hisham? Acho que nem isso resolveria o problema de times jogando sem vontade ou sem objetivo -- ou entregando mesmo, como o caso do Corinthians.

    Na verdade, esse vai ser um problema insolúvel até que a CBF tome providências mais drásticas e faça um regulamento mais restritivo -- com punições de verdade, como rebaixamento ou banimento. Coisa, aliás, que sabemos que não vai acontecer.

    Da minha parte, gosto dos pontos corridos sem final (fora que é uma exigência do Estatudo do Torcedor, aprovado no Congresso e qualquer mudança teria que passar por esta instância política), é representativo da própria dinâmica do futebol.

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  6. Quanto a esse "problema" eu não me preocupo muito (tanto que botei entre aspas).

    Os outros motivos eu acho muito mais interessantes, além do que, é muito legal ter uma grande final. O encerramento desse campeonato teve alguma graça porque ao longo de 90 minutos, a taça poderia ir para um time ou outro -- normalmente, com os campeões antecipados dos pontos corridos, isso não acontece. É sempre o "Fulaninho FC está 6 pontos na frente. Se ganhar hoje do décimo-terceiro colocado Furreca FC será campeão com 3 rodadas de antecedência." Graça só para os torcedores do Fulaninho FC (e ainda assim é só um "confirmar a situação que já se desenhava") e nem de perto a expectativa que uma final proporciona. E não só para os torcedores dos dois times envolvidos -- pelos relatos que ouvi, o inusitado dessa última rodada mobilizou o Brasil como não ocorria desde a final do Brasileirão de 2002. Lembram daquela final histórica entre Santos x Corinthians, que consagrou o "pedala Robinho"? Bons tempos.

    Pelo menos ninguém veio propor ainda Copa do Mundo em pontos corridos pra ser mais "representativo da dinâmica do futebol"... ;)

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  7. Imagina... um campeonato mundial de seleções. Não teria 10% da emoção e dos jogos memoráveis. A prova de como essa fórmula de pontos corridos é chata é que eu não lembro (e acho que ninguém aqui deva lembrar) um jogo realmente emocionante, como os que se vê em copas, onde é tudo ou nada e qualquer detalhe pode mudar toda a história da competição.

    Também defendo a idéia do Hisham. Inclusive, para mim deveria haver um cruzamento entre os 4 primeiros colocados. Ou até entre os 8 primeiros, como era antigamente. Neste caso, o Grêmio teria boas chances de ser campeão, já que poderia perder por 1 gol de diferença fora de casa e golear no Olímpico, como ocorreu em todo o campeonato... hehehehe

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  8. "Pelo menos ninguém veio propor ainda Copa do Mundo em pontos corridos pra ser mais 'representativo da dinâmica do futebol'... ;)"

    ... Engraçadinho...

    Então, amigos, bora lá mudar a legislação! Já que vocês se mobilizam, assim como país todo, com jogos como Atlético Paranaense x São Caetano...

    Comparar Copa do Mundo com Brasileirão, Hisham e Roberto... sem maiores comentários, porque eu sei que é BRAVATA pra me atrair pro polemismo! :D :D :D :D

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  9. Segundo o Professor Ruy Carlos Ostermann, o Campeonato Brasileiro é o melhor e mais dificil campeonato do mundo. Portanto, só a Copa do Mundo pode ser melhor...

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  10. "Coutinho: teclados, baixos, multímetros, galhofadas e bravatas cinematográficas e futebolísticas" :D

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  11. Bom, se na tua lógica os pontos corridos do Brasileirão é "representativo da dinâmica do futebol" (o que quer que seja isso) então só pude supor que o modelo eliminatório usado nas Copas (do Brasil, Libertadores, do Mundo) não seja, ué... :)

    De qualquer forma, não apoio o cruzamento de 8 times sugerido pelo Coutinho. Deixa os clubes não classificados muito tempo parados. Pro modelo eliminatório, já existe a Copa do Brasil (que não deveria ter perdido os times da Libertadores, mesmo que esses jogassem com reservas).

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  12. E que bala a foto! Tá registrado, estávamos lá!!

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  13. O que tá ficando chato é os colorados TODOS OS ANO S não conseguirem ganhar campeonatos e reclamarem das regras que aceitaram no início. Que saco. E aí ficam falando de grêmio, grêmio, grêmio... Pô colorados, esqueçam o grêmio!
    Moser

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  14. Tá, a expressão ficou meio vazia mesmo, deixa ver se eu explico melhor:

    A tal dinâmica que eu quis dizer são as quase infinitas possibilidades de resultados que as partidas de futebol podem apresentar, de goleadas a empates, times pequenos conseguindo vencer times grandes, etc. Como já temos competições que, de certa forma, premiam esta imponderabilidade, onde tudo é possível, é justo (na minha opinião) que alguma premie o desempenho constante das equipes. Até porque finais com times que não seja o meu não me envolvem nem um pouco e não me fazem diferença alguma.

    Apenas duas considerações: 1) concordo plenamente que a Copa do Brasil não devia ter perdido os times da Libertadores e 2) apesar dos pontos corridos apresentarem a possibilidade do campeão vencer com algumas rodadas de antecedência, dos sete campeonatos neste formato disputados até agora no país quatro tiveram o campeão definido apenas na última rodada.

    O pessoal que é mais viajado poderia dizer se nos outros onde países tem pontos corridos (Itália, Espanha, etc) há descontentamento com o sistema também.

    E o Silvio caiu de paraquedas aqui, porque ninguém está falando do Grêmio. :D

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