sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Por que não verei o filme do Lula
Postado por
Ulisses
às
12:17
Para retomar as postagens do blog com força total (e a pedido do Jean):
Lula, o Filho do Brasil, o longa brasileiro mais comentado do ano passado, chegou às telas dia 1º de janeiro, com pretensões de bater todos os recordes de bilheteria no país. Há uma intensa campanha do seu produtor, a raposa velha Luiz Carlos Barreto, para exibir a obra a preços populares (leiam este link, é exemplo de clientelismo puro) e em cidades que não possuem cinemas.
A discussão a respeito do uso político que seria feito de Lula, o Filho do Brasil é muito forte, especialmente sendo 2010 ano eleitoral. Produtor e atores usam extensamente o batido argumento de que "o filme não é político", o que obviamente é uma balela. Não se faz uma obra sobre uma liderança política sem tomar partido, e fosse o filme uma crítica a Lula (o que não é) ou uma elegia (o que é), de qualquer maneira estaria se posicionando contra ou favor de algo.
Então sim, Lula, o Filho do Brasil é político (até porque, como diriam os especialistas, "toda ação humana é política"), e isso se nota tanto na data do seu lançamento quanto na já referida campanha de divulgação para as massas. Há que se ressaltar, claro, que o orçamento de 17 milhões de reais (o maior registrado na nossa cinematografia) foi todo conseguido com patrocínio direto, sem o uso de leis de incentivo à cultura – portanto, sem dinheiro público. Foi uma tentativa de Barreto para diminuir a celeuma negativa em torno da obra.
Mas não é por nenhum destes motivos que eu não pagarei ingresso para ver o filme.
O motivo pelo qual não assistirei à Lula, o Filho do Brasil cabe em duas palavras: Fábio Barreto.
O diretor do filme, filho de Luiz Carlos e que sofreu um grave acidente na semana passada, é um dos piores cineastas nacionais. Ele é nascido numa família que sempre trabalhou com cinema: a mãe, Lucy, também é produtora e o irmão, Bruno Barreto, dirigiu sucessos como Dona Flor e seus Dois Maridos e O Que é isso, Companheiro?. Mas pode ser considerado o seu membro menos talentoso. Enquanto o irmão Bruno tem uma filmografia interessante e até realizações em Hollywood (ainda que fracas), Fábio tem em suas costas uma penca de filmes que transitam entre o ruim e o pavoroso.
É de sua responsabilidade o terrível A Paixão de Jacobina, uma verdadeira aula de como fazer mau cinema, além de outras drogas, como Bela Donna e Índia, a Filha do Sol. Seu único bom filme é o interessante O Quatrilho, e só.
Se Lula, o Filho do Brasil fosse dirigido por um cineasta mais talentoso ou mesmo por um estreante, confesso que as suas intenções políticas seriam o de menos na minha avaliação. Mas pagar para assistir a um filme conduzido por um diretor ruim (ainda mais quando a duração ultrapassa duas horas) não costuma fazer parte dos meus planos de férias.
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Mesmo que se esteja fazendo de tudo para o filme atingir o maior número de espectadores, que normalmente não teriam acesso ao cinema, o real peso desse filme-propaganda ainda seria pequeno para o tamanho do nosso gigante Brasil. Não que eu defenda, acho muito de mal gosto, até porque parece que só quando se tem uma conotação política forte é que os distribuidores se puxam para disseminar a cultura no Brasil.
ResponderExcluirEnfim, um dos maiores motivos pelo qual não verei o filme também tem relação com a direção ser por encargo de Fábio Barreto. Além de péssimo talento, não quero dar dinheiro para o Barretão ou qualquer um de seus "cumpanheiros". É um dos poucos casos em que apoio baixar um filme, se a curiosidade por vê-lo for muito grande. E mesmo que o filme seja ruim mesmo.
"Não vi e não gostei."
ResponderExcluir- Associação de deficientes visuais comentando "Ensaio sobre a Cegueira";
- Eu, comentando "Lula, o Filho do Brasil".
Mas enfim, alguém viu pra nos contar? :D
ResponderExcluirSe me pagarem a entrada eu faço o sacrificio. Até levo uma camera pra gravar os melhores momentos...
ResponderExcluirCampanha Coutinho do Filme do Lula:
ResponderExcluirDeposite a sua contribuição nas bilheterias do Cinemark e faça uma criança feliz.
Por sinal, o Roberto preferiria adaptar para o cinema o livro do FHC, certo?
ResponderExcluirO livro do FHC é bem interessante do ponto de vista histórico. Mas ele fala muito de política e pouco de futebol, ao contrário dos discursos do nosso presidente. Portanto, não sei se seria um bom filme. Uma história que daria um ótimo filme de ação seria a Campanha da Legalidade de 1961.
ResponderExcluirDe qualquer forma, não somos apenas nós que não fomos ver o filme do Lula. Para o negócio deslanchar, deveriam incluir ingressos no programa Bolsa Familia...
"Pessoas sindicalizadas tem desconto de 50% no valor do ingresso"
ResponderExcluirAí é punk né!!!
Se for ao cinema com uma estrelinha no peito, tem desconto especial.
ResponderExcluirMoser
O filme deve fazer mais de um milhão de espectadores, certamente. Mas é bem longe dos 20 milhões programado pelo Barretão.
ResponderExcluirDelírio de grandeza? Não, ele precisa recuprar o investimento colossal usado na produção.
Quanto à Legalidade, não só daria em belo filme, como ele faz parte daquele tipo de história do país que geraria excelentes trhillers políticos. Esse seria o tipo de filme para o qual teríamos uma das melhores matérias-primas. ;)
ResponderExcluirGuarda a ideia pra quando tu fizer um longa. :)
ResponderExcluirTá nos planos. ;)
ResponderExcluirCineastas bons fazem filmes bons e cineastas ruins fazem filmes ruins, que não verei para não mudar de idéia. É este teu argumento, Uli?
ResponderExcluirNão exatamente, na verdade. Meu argumento é que se eu sei que um diretor é ruim, não tentar não gastar meu dinheiro/tempo com os seus filmes. E quando sei que o diretor é bom, acompanharei sua carreira, mesmo que ele cometa deslizes.
ResponderExcluirMas, se é para parecer formulaico, eu diria o seguinte: um diretor bom nem sempre faz filmes bons. Mas dificilmente um diretor ruim não faz algo deplorável.
"Não votei no Cara e não vou votar na Coroa!"
ResponderExcluirAcho que é desnecessário comprar o novo cd do Exalta Samba pra saber que é uma bela porcaria. Nem assistir o novo filme da Xuxa.
ResponderExcluirNem o Big Brother 10.
Moser
Uli e demais, ainda neste assunto, sugiro Entreatos, documentário sobre a campanha de 2002. Este é do João Moreira Salles. Vamos ver qual a desculpa agora!
ResponderExcluirPara não ver Entreatos? Não achei na locadora, simples assim. :)
ResponderExcluirSenão, certamente veria.
Eu assisti ao filme do Lula.
ResponderExcluirGostei sim...na minha opinião o filme usou uma linguagem simples e direta. Não contou nenhuma mentira (até onde eu sei).
O filme até foi informativo. Por exemplo: eu não sabia que a Marisa era a segunda esposa do Lula, e que a primeira havia morrido no parto, junto com o filho.
Duas coisas me chamaram a atenção no filme:
1. As empresas patrocinadoras, dentre elas a Odebrecht.
2. O fato do protagonista ser um ator cuja epiderme é mais escura do que a do Lula real. Imagino que eles tenham feito isso de propósito, para que a maioria dos brasileiros pudessem se identificar com o personagem mais facilmente.
Pô, Cadu, tu é sempre a pedra no meu sapato! :D
ResponderExcluirNa verdade, a tua sensação é a mesma da maior parte das pessoas que assistiram ao filme (até onde eu tenho acompanhado nos fóruns de discussão por aí). E talvez o problema do filme resida exatamente aí, na simplicidade e objetividade. Pelo que o pessoal conta, é tudo muito claro (Lula é o herói, o pai dele o vilão, etc) como a dramaturgia melodramática manda. Tudo muito "limpo", e isso pode deixar rasa uma figura complexa que, gostando dele ou não, merece um trato aprofundado.
O que eu sei é que são os petistas os maiores críticos do filme, exatamente porque ele foge das implicações politicopartidárias.
Bem, eu soube desde o início que esse era um filme criado diretamente para as massas. Então eu já fui até o cinema com as minhas expectativas bem moldadas.
ResponderExcluirEu não quero contar o filme aqui. Mas o legal é que ele dá deixa para que exista um "Lula 2". E aí sim esse segundo filme poderia (e deveria) ser mais complexo.
O Lula 2 poderia ter a participação da Dilma. Isto tornaria o filme bem mais interessante, com assaltos, atentados a bomba, tentativa de sequestro...
ResponderExcluirÉ uma idéia boa até.
ResponderExcluirPro meu gosto pessoal acho que isso faria o filme ficar meio hollywoodiano demais. Eu abriria mão das explosões pra ver os problemas que o Lula passou, o comportamento dele nas derrotas, por exemplo quando ele foi sacaneado pela Rede Globo de TV, que editou o debate com o Fernando Collor de Mello. Os dilemas morais com o qual ele se deparou, a maneira como ele conseguiu conciliar as mudanças sem ferir seus valores....até que ele se tornou o Presidente da República.
A reeleição e o segundo mandato poderiam ficar para um terceiro filme, que apresentaria a elevação de todos os índices econômicos, em comparação aos períodos anteriores. Bem como a maneira como ele enfrentou a crise econômica mundial.
Caraca, agora eu me emocionei...dá pra fazer mais uns 2 filmes muito bons :D .
"a maneira como ele conseguiu conciliar as mudanças sem ferir seus valores"
ResponderExcluirSe tu tá falando sério... bem, menos, Cadu. Em algum dos filmes vai aparecer o Mensalão e o Lula dizendo "puxa, não sabia de nada disso..."?
O Lula 2 poderia ter a participação da Dilma. Isto tornaria o filme bem mais interessante, com assaltos, atentados a bomba, tentativa de sequestro...
ResponderExcluirAh, mas daí ia ficar muito parecido com "O que é isso, companheiro?"...
Chico, não dá pra negar que a biografia do cara é fantástica. Ele saiu do nordeste, e chegou à presidência da república. E eu acho que isso merecia mais de um filme.
ResponderExcluirSobre o mensalão, nada ficou provado sobre a ligação do Lula com o acontecimento. O que ficou provado foi a ligação do PT. Não podemos confundir culpados declarados pela justiça, com boatos de jornal.
Falando em mensalão, não apareceram no filme os velhos companheiros de luta, José Dirceu e José Genoino?
ResponderExcluirOs novos amiguinhos do Lula, José Sarney e Fernando Collor de Mello também não tiveram nenhum envolvimento com corrupção comprovado e foram absolvidos de suas acusações. Só acho muito estranho como ele gosta de andar com essas pessoas legais sem nunca "ferir seus valores"...
ResponderExcluir"Falando em mensalão, não apareceram no filme os velhos companheiros de luta, José Dirceu e José Genoino?" - 2
ResponderExcluirCadu, é verdade que não há nada provado. Mas o Mensalão foi algo de proporções tão grandes que fica difícil crer que o maior expoente do PT não soubesse de nada.
Em compensação, concordo com o que tu diz a respeito da economia e da postura perante as crises mundiais. Essa é hoje a grande habilidade dele na política, ser uma espécie de mediador, sem tomar um lado radical nas questões, ser diplomático.
Agora, falando do aspecto cinematográfico da coisa, é interessante como nos EUA essa relação com cinebiografias de presidentes é bem diferente. Lá, esses filmes são comuns, e na maioria das vezes não tem medo de mostrar também os pontos negativos e polêmicos das biografias dos personagens.
Falando nisso, alguém assistiu "W."? Vale a pena? (Um resposta "sim" ou "não" sem spoilers nem explicações é mais do que suficiente.)
ResponderExcluirAinda não, mas pretendo ver logo. É o único dos filmes de presidentes americanos que ainda não vi (fora os feitos exclusivamente para TV, categoria na qual parece existir algumas boas pérolas de atuação e roteiro).
ResponderExcluirCoutinho, não tenho certeza se o Lula considera essas duas últimas pessoas que você citou, como amigos. Mas se eu tivesse que arriscar um palpite, eu diria que ele teve que "negociar" com esses caras. É inegável que esses caras (e muitos outros limpos e sujos) tem influência em seus respectivos redutos eleitorais e mesmo sobre parte (no caso do Sarney, grande parte) das bancadas do Senado e Câmara dos Deputados.
ResponderExcluirClaro, ninguém nunca disse que se você for presidente da república, vai falar com pessoas legais e honestas o tempo todo. O Lula escolheu o destino dele, e é responsável pelos aspectos positivos e negativos, decorrentes das escolhas dele.
Eu só posso agradecer ao destino por eu não ter que negociar com pessoas que *talvez* sejam desonestas, para que eu possa fazer o bem à uma quantidade absurda de pessoas.
Talvez eu seja um privilegiado por causa disso.
"Eu só posso agradecer ao destino por eu não ter que negociar com pessoas que *talvez* sejam desonestas, para que eu possa fazer o bem à uma quantidade absurda de pessoas."
ResponderExcluirAgora sim, tu tá brincando, só pode. "TALVEZ"?
Neste ponto eu concordo com o Cadu. Até agora ninguém provou nada contra ninguém destas pessoas citadas anteriormente. Ou seja, Collor, Sarney, Dirceu, Genoino e Lula não tem nada a ver com corrupção. Até porque se tivessem, estariam presos e não seriam reeleitos, não é mesmo???
ResponderExcluir"Collor, Sarney, Dirceu" - "nada a ver com corrupção".
ResponderExcluirOI?
Bem confiável a justiça brasileira mesmo.
Chico, talvez você ache que eu sou meio ingênuo por causa disso, mas eu realmente acredito que o cidadão só é culpado depois que a justiça declara ele culpado. Então, até que a justiça os condene, eu usarei a palavra *talvez*.
ResponderExcluirMas qual é o ponto aqui? Vocês não estão felizes com o Brasil? Então mudem tudo, pô :) . Vocês tem o poder...vocês *votam*.
"O poder é de vocês" -- Capitão Planeta
O Cadu quer uma trilogia do Lula. ;)
ResponderExcluirApenas para contribuir para o debate: não aceito o argumento "não estão felizes com o Brasil? Então mudem tudo". Primeiro, porque me faz lembrar do lema "Brasil, Ame-o ou Deixe-o".
Segundo, que é direito (e eu diria até que é um dever) do cidadão cobrar os seus representantes. Política cidadã não se faz apenas através do voto e se espera quatro anos para tentar mudar as coisas mais uma vez. Se o sujeito foi eleito, significa que seu trabalho estará - deverá - sujeito a críticas.
Não acho propriamente o governo Lula ruim. Ele deu à população aquilo que a população queria: investimentos na área social, tímidos nos governos anteriores. A política econômica não mudou, e nem mudará sob qualquer governo.
É por isso que a alternância de poder na democracia solidificada é salutar: as conquistas dos governos anteriores serão mantidas, e as novas administrações podem se dedicar a resolver os problemas que os vícios de uma continuidade no poder não conseguem resolver.
Acho, por exemplo, a política educacional do PT federal pífia para os desafios que o ensino no país apresenta. A política externa do "Brasil Potência" é uma ideia requentada de outros governos (Vargas e os militares) que cobra frutos amargos a longo prazo -- e, para mim, o principal problema da administração petista. As obras infra-estruturais do PAC são tímidas.
A grande herança de Lula será a mudança da sociedade, claro. Mas poderá parecer pouco para oito anos -- ou doze, com Dilma.
(Aos desavisados, não esqueçam que discussões sem fim e tentar tirar as pessoas do sério são esportes do Cadu. =) )
ResponderExcluirMal posso esperar o lançamento de Transformers 3 para isso. :D
ResponderExcluirAinda mais depois dessa.
ResponderExcluirE dá pra perceber que o Cadu é praticamente um atleta olímpico na modalidade citada.
Bela idéia/explanação do Uli. Resumindo, quem entra no poder, tem que ceder e negociar pra poder fazer um mínimo do que deseja. Bem, sei que vão querer me decapitar, mas antigamente eu tinha a idéia de votar sempre, mesmo que não tivesse algum candidato que me agradasse, pois conquistar esse direito democrático foi muito difícil e árduo para nossa população que passou por um regime autoritário. Mas hoje, depois de ver tanta falcatrua, troca de favores, etc. governo após governo, eu digo que esse modelo de política (politicagem?) eu não quero participar e ter culpa nisso, portanto anulo meu voto há umas 3 eleições. Nenhum candidato merece minha confiança. Nem eu.
ResponderExcluirMoser
Bela discussão, senhores! E eu que pensei que ela ia se restringir apenas ao cinema! Como conheço só o Uli, vou pegar no pé de quem? Como assim "A política externa do "Brasil Potência" é uma ideia requentada de outros governos (Vargas e os militares) que cobra frutos amargos a longo prazo -- e, para mim, o principal problema da administração petista."
ResponderExcluirTô aqui revisando meus conhecimentos de história e não enxergo os futos amargos que ela tenha cobrado. E porque não "Brasil potência"? Pelo que me lembro, o Brasil é o quinto maior país em território, e fica, seguramente entre as 20 maiores economias do mundo (há muito tempo, eu soube que era a 12ª).
Não entendo, portanto, qual deveria ser a posição de política externa, senão a de reivindicar algum protagonismo, sobretudo na América Latina.
Estamos falando do que, afinal? A tentativa de uma cadeira no CS/Onu? Pois é, querer dividir o poder militar mundial, que absurdo, não? O caso de Honduras? Bem, aqui um pouco de Direito Internacional dos Direitos Humanos talvez ajude a iluminá-lo. A relação com Chávez? Com Evo? Bem, daí já seria esquizofrenia, pois nestes casos a crítica é que o PT pega leve demais.
Minha opinião? Estamos tão acostumados a ver o Brasil como o fim do mundo que não conseguimos nos imaginar protagonista de nada. De uma maneira mais refinada, Quijano: http://www.scielo.br/pdf/ea/v19n55/01.pdf.
Abraço
Ah, podes pegar minha cópia de "Entreatos" quando quiser. Apareça
Oseias, aqui a discussão nunca se restringe ao assunto direto do texto original.
ResponderExcluirGostei da possibildiade de me iluminar. É uma lâmpada ou o quê? ;)
A ideia de "Brasil Potência" cobra frutos amargos, como qualquer potência colhe (vide os EUA e até mesmo a Rússia). A quesntão é: que protagonismo é esse? Para que serve? Fins econômicos? Talvez alguns, sim. Mas porque entrar no grupo dos "caras que decidem"? Para participar dos erros das grandes potências?
Não vejo serventia do Brasil no Conselho de Segurança, por exemplo. A ideia é que um país de menor capacidade militar reduzida harmonizando as intenções das grandes potências é bonita, mas sem resultados práticos. Se o Brasil tivesse uma posição contrária a uma invasão, sofreria pressões e ameaças de sanções de outras partes e acompanharia a galera (se bem que, haja visto o caso do Iraque, o que o Conselho de Segurança pensa ou deixa de pensar não quer dizer grande coisa).
Historicamente, as ideias de Brasil Potência sempre cobraram seu ônus. Com Vargas, o país foi forçado politicamente a entrar na 2a Guerra (e dispensar imensos recursos) como um símbolo da supremacia americana sobre o bloco da América Latina. No caso dos militares, as ideias expansionistas levaram a uma eterna rusga com o Paraguai por conta do uso de Itaipu. A Bolívia recentemente começou a descontar o que acreditar ser a dívida histórica do Brasil para com eles. E por aí vai...
Quanto às relações com Chávez, nada de novo na América Latina: é a velha disputa de proeminência no bloco, de quem é mais influente e fodão.
Lula em filme é bom demais para ser verdade, diz 'Economist'
ResponderExcluirAcho graça que a imprensa daqui não tenha peito pra publicar uma peça de opinião e recorra a "publicar imparcialmente" a opinião do Economist, que por sua vez de imparcial não tem nada (fazendo, de quebra, um "apelo à autoridade" implícito... "ó, não foi qualquer um, foi o grande The Economist que disse!"). E o pior é que o artigo não diz nada que todo mundo já não soubesse...
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