CONTINUANDO.
Saindo do Pepsi, recebemos uma mensagem do André, que dizia exatamente o seguinte:
“Descolamos um terreno DO LADO do palco pagando 25 pila pra tiazinha dona do pico. Venham pra ca depois do DT!”
E agora, José?
Eu topei na hora. O restante da gurizada que tava junto também topou. Nossos instintos indígenas afloraram na hora. Sentimos cheiro (forte) de indiada no ar, e nos jogamos na aventura, sem medo de sermos felizes.
Em dez minutos, estávamos em direção ao estacionamento da Fiergs para ver o Guns’n’fckn’Roses. Ou pelo menos dois sextos da banda (tem o Dizzy Reed, lembram?). Liguei pra Bárbara pra avisar que chegaria tarde. BEM TARDE. E expliquei toda a situação. E ela: “putz, vou junto!”. Fomos até a minha casa busca-la, e ainda comemos alguma coisa antes de ir pro show, tamanha era a nossa certeza de que o negócio todo começaria muito atrasado (o show do DT terminou às 23h45, ainda tínhamos no mínimo uma hora pra ir até a Zona Norte). O Ulisses e os Maciel Brothers foram antes pro local.
Pequeno flashback: na saída do DT, o Roberto recebe uma ligação de um telefone com o final 5150. O Jean matou a charada: “é o Jorginho, certo!”. E era mesmo. Esse louco (irmão do Hisham, by the way) é tão fanático pelo Van Halen que o final do fone dele é... 5150 (para quem não conhece Van Halen... ah, joga no Google). O Jorginho queria carona pra voltar pra São Leo, mas ele não contava que a nossa noite “rrrrock” estava recém na metade. Aliás, porque será que o Jorginho não foi no Guns? Fiquei com essa pulga na orelha.
Devidamente alimentada, nossa trupe dirigiu-se à Freeway, contando com as estranhas indicações do André de como chegar ao local “secreto” de onde assistiríamos ao show. Mas não contavam com a minha falta de astúcia: consegui errar a entrada pra Assis Brasil. Fui salvo pelo Jean e o Roberto, que me indicaram um retorno curto pra Freeway. E eis que... engarrafamento. Só porque todo mundo passava devagar pra ver os estragos e possíveis corpos de um acidente. Nunca vou entender essa curiosidade mórbida.
Chegamos à rua indicada quando tocava “Welcome to The Jungle”, segunda música do set list (manjadíssimo, ao contrário do DT: foi exatamente igual em todos os shows brasileiros). Avistamos o Ulisses e estacionamos onde ele estava, uma biboca muito estranha, uma espécie de ferro velho ou algo parecido. O local fica nas imediações da Fiergs. Ali já percebemos que dava pra ver tudo do show dali mesmo, na rua.
Mas a coisa ia melhorar! O Ulisses nos levou até o nosso “camarote”: um caminhão (?!?!??? - 4) lotado de gente, com alguns buracos no chão e uns bancos pra enxergar melhor. Juntamo-nos aos amigos que já estavam ali e fomos curtir “Mr. Brownstone”, bem felizes e nos divertindo MUITO com a situação. Encontramos o André e ele ainda nos disse que tinha pastel, enroladinho e refri, oferecidos pela dona do local. Tratamento VIP. Se soubéssemos, não tínhamos jantado antes de ir.
Depois de Mr. Brownstone, confesso que dispersei MUITO, porque, cara... como é chato esse “Chinese Democracy”! Só ouvi UMA música do disco que funciona ao vivo, que, pelo que me lembro, é “Sorry”. As outras eram uma ducha de água gelada no público. E o Axl Rose fez a burrada de botar quase todas elas juntas, num bloco. Fora isso, a encheção de saco de 3, TRÊS solos de guitarra dos TRÊS guitarristas da banda – olha o Iron Maiden fazendo escola. De legalzinho, só o do Bumblefoot, que fez o solo em cima do tema da Pantera Cor-de-Rosa. Destaque também para a guitarra de dois braços do cara, onde a peça de cima é fretless (coisa que ele não aproveita muito, muita firula e pouca exploração das interessantes possibilidades do instrumento). E ainda tiveram DOIS solos de teclado e piano (Dizzy Reed, citando “Ziggy Stardust”, do David Bowie, bem bacana) e do próprio Axl Rose, uma já manjada introdução à November Rain, judiada pelos guitarristas da banda.
Pontos altos: Axl Rose está muito bem de voz. Fiquei surpreso com o que ouvi, apesar de perceber que em vários momentos ele era ajudado pelos colegas de banda nos famosos agudos rasgadaços típicos – detalhes de lucidez que só um show à longa distância pode te proporcionar. Além disso, a produção de palco foi primorosa. E Sweet Child O' Mine ficou na cabeça também.
Pontos negativos: as músicas de Chinese Democracy, e a enrolação beirando o amadorismo no intervalo das músicas (numa das vezes, a banda, esperando Axl Rose trocar de figurino pela enésima vez, chegou ao ponto – pra nossa sorte – de tocar um GRANDE trecho de “Another Brick In The Wall – pt. II”).
Pontos engraçados: no estacionamento logo à frente, um fã solitário fazendo “air drums”, empolgadíssimo com as músicas e fazendo a alegria da galera do “camarote truck”.
Bem, amigos, é isto. Foi o que a minha memória permitiu escrever. Devo ter esquecido muita coisa, mas os comentários estão aí pra isto, afinal, tive testemunhas com tanto ou mais cacife que eu para relatar o que vimos. Estou com a sincera sensação de que fui um dos poucos privilegiados que viveu um dia histórico em Porto Alegre ontem.
uma biboca muito estranha, uma espécie de ferro velho ou algo parecido
ResponderExcluirFico com a definição do André: parecia um desmanche de carros. :D
Por sinal, o serviço vip na caçamba era muito bom. Além das frituras e da guaraná Fruki, tinha ainda uma batida que parecia Danoninho misturado com Caninha Belinha e o chique-do-chique da copa, várias garrafas de Popokelvis ACE.
Faltou também o cara fora de contexto do show do DT, observado pelo Roberto.
ResponderExcluirTodo de branco! Parecia um Pai de santo!
“camarote truck” foi demais!!!! hahahaha!!!
ResponderExcluirque dia, heim, pessoal!?!! inesquecível! de contar pros netos! (espero que eles curtam rock pra enteder a emoção dessa indiada... rsrs)
bahhhh... gostaria MTO de ter participado dessa... nossaaaa!!!
partes chatas de estar longe... :-( mas... acontece!!! sorte que vcs relatam de uma forma que dá pra visualizar a coisa!!!!
bjãoooossss!!!!
Bah, gurizada. Faço minhas as palavras da Thaís, e nem tenho a desculpa de estar longe. Como comentei com vocês off-blog, estava bem despilhado para esses shows (e acho que outras coisas não relacionadas me tiraram de vez do clima celebrativo-roquenrolístico).
ResponderExcluirMeu irmão me perguntou na véspera se eu iria. Disse que não tinha conseguido me resolver em qual show ir, e que na real estava despilhado. E disse, em tom de brincadeira:
"Depois dos shows do DT que eu já vi, só o que me falta seria assistir Voices. Seu eu tivesse certeza que eles tocariam essa música, eu iria no show."
(Dream Theater é uma das poucas bandas que eu tenho uma "música preferida".)
O dia seguinte veio, depois a noite e eu esqueci dos shows. Estava na casa de um amigo quando recebi um SMS do meu irmão:
"Eles vão tocar Voices!"
Por um segundo pensei que o show tivesse começado, mas era cedo ainda, 9 e pouco da noite. Estava respondendo o SMS com algo do tipo "Legal, curte o show aí" quando recebi outra mensagem:
"Eu passei pela mesa de som e vi o set-list! Tu veio?"
Quando li isso chegou a bater aquela ponta de vontade de sair correndo rumo ao Pepsi on Stage, mas eu estava do outro lado da cidade (lá na Cavalhada) e um tanto desanimado, e acabei não cumprindo com o que tinha falado em tom de brincadeira na noite anterior... mal sabia que se tivesse encarado essa pequena indiada, acabaria fazendo parte de outra muito maior e mais incrível. Uma noite que com certeza, daqui a 20 anos vocês ainda vão se divertir lembrando e contando.
Tirando essa música, não tenho arrependimentos de ter perdido os shows (quando vi o setlist do DT em POA na manhã seguinte, achei decepcionante (e CURTO!), especialmente se comparado ao dos 2 shows que eu vi em SP: muito... fodas), mas queria ter participado da maluquice foi essa noite com os caros amigos. =)
ter ido ao Dream Theater e depois no Guns foi exatamente o que eu ficava pensando que deveria ter feito durante as 4hrs que eu tava em pé lá dentro da Fiergs.
ResponderExcluirEu não tinha roda punk do meu lado, mas tinha um japonês maluco que ficava cabeçeando tudo mundo em volta e quando se empolgava ainda mais, tirava a camiseta (devidamente encharcada de suor) e começava a rodá-la. Lamentável...
Pior que isso só perder a companhia de uma moçoila que estava comigo e me largou de mão pra ficar na grade lá na frente babando pro DJ Ashba (é definitivamente o fim dos tempos, um guitarrista com esse nome) e pro "El Gordo" Rose.
Mas porra, vocês tinham Fruki, Popokelvis e frituras "morte lenta" à disposição!? Isso sim que eu chamo de pista Premium!!!
Putz gurizada, deixo aqui a minha ponta de inveja por não ter podido acompanhar os senhores. Complementando o Hisham: por mais 20 anos, ouviremos as vossas piadas internas sobre este dia espetacular.
ResponderExcluirPô, maravilhosos MESMO os set lists destes shows que tu foi em São Paulo.
ResponderExcluirO show pode ter sido curto pros padrões do Dream Theater, mas não para os padrões de bandas de metal (que tocam entre uma hora e quinze e uma hora e meia).
O que fica como mais um indício que o DT está hoje mais no esquema das bandas de metal do que das de progressivo...
ResponderExcluirHaja visto que prog metal é um subgênero do metal, dá pra se dizer que eles sempre estiveram mais no esquema do metal que do progressivo... não? Se fosse ao contrário, não seriam eles uma banda de metal prog? ;)
ResponderExcluirAí são questões "acadêmicas" de classificação... Mas sei lá. Eu sei que no início eu não considerava eles uma banda de metal (Awake, Images & Words, Falling Into Infinity; só conheci o primeiro disco depois e talvez isso tenha influenciado a minha percepção).
ResponderExcluirNa altura do Metropolis 2 o termo "prog metal" já tinha chegado ao meu ouvido embora eu não concordasse muito e ainda achasse eles uma banda prog com influências de metal -- algumas faixas propriamente "pesadas" nos discos, mas não a maioria.
Pra esclarecer, pesado pra mim é algo como The Glass Prison, e não como 6:00 ou Overture 1928 -- pensando nisso, no Metropolis 2 tem alguma música "pesada" de ponta a ponta? No Awake acho que poderia se dizer The Mirror, mas no I&W não consigo lembrar -- Pull Me Under seria o que chega mais perto e mesmo assim é uma canção de ninar perto do que eles fazem hoje...
Acho que isso depende mais da percepção pessoal do que seria uma música "pesada" -- até porque a(s) definição(ões) do que é uma música progressiva é(são) mais aceita(s). Por exemplo, o Iron Maiden pré-anos 90 não tem nenhuma música que tenha tanto peso quanto "Pull me Under". Certamente tem músicas mais rápidas, mais diretas e cruas, mas não "pesadas" no sentido da sonoridade. No entanto, ninguém diria que o Maiden não é tão "metal".
ResponderExcluirPensando desta forma, o "Awake" foi uma das coisas mais pesadas que eu ouvia em idos dos anos 90, especialmente até pelo uso das guitarras de sete cordas. Na verdade, o rótulo pouco me importava (conhecia o termo prog metal aplicado ao Queensryche antes de conhecer o DT), mas achei a sonoridade simplesmente cavalar. Além da "The Mirror", sempre penso em "Lie" e mesmo "Caught in a Web" me parece um típico metal.
Mas, é claro, para ir adiante, precisaríamos definir se o peso é exclusividade do Metal enquanto gênero, ou se outros estilos musicais podem se aproveitar dele enquanto ferramenta ou recurso.
É TUDO ROQUE PAULEIRA
ResponderExcluirOu, melhor, dtalvez devêssmos definir o que é "peso" na música.
ResponderExcluirChico, seu fanfarrão...
Pois é... o conceito de "peso" "vareia". No meu tempo de headbanger(sim, eu fui) nos anos 80, tudo que fosse abaixo de slayer não merecia ser ouvido. Nada que não tivesse guitarra distorcida ao máximo não seria considerado "pesado" para mim. Hoje tenho uma visão diferente de "peso". Acho até umas gravações de Simple Red, apesar de baladas, pesadas. Vejo algumas gravações antigas, que considerava "pesadas", (exemplo Helloween:Walls of Jericoh), hoje acho um puta disco, mas acho que falta "peso".
ResponderExcluirPeso, pra mim hoje, é mais questão de qualidade sonora.
Questão de conceitos.
Moser
P=m*g
ResponderExcluir:P
O que são as variáveis "m" e "g", Jean?
ResponderExcluirDenota-se "m" o fator metal "metal" e "g" o fator "guts", no sentido de "have the guts" (que é uma forma amenizada de dizer "have the balls", ou seja, é o fator "culhões" da música). O peso é uma função destes dois valores: por exemplo, Blind Guardian [Kürsch et al. 98] é metal mas não tem culhões, e The Who [Townshend et al. 64] tem culhões mas não é metal. Para determinar a qualificação como pesado, tem-se a questão do ponto de corte de P: segundo o Critério de Moser [Moser 10], convenciona-se esse valor como sendo P=S onde S é o coeficiente de Slayer [Araya et al. 81].
ResponderExcluirPerfeito Hisham!
ResponderExcluirNão entendi onde entra o Simply Red na história.
ResponderExcluirEu também não. Deve ser porque Simply Red é um "chute nas bolas", mas em outro sentido do termo. ;)
ResponderExcluirMas retomando os comentários do Ulisses:
Eu acho Iron pré-anos 90 mais pesado do que Pull Me Under: compare a atitude do Bruce Dickinson cantando Aces High ("There goes the siren...") com a do James Labrie cantando Pull Me Under ("Lost in the sky...") -- note que eu não estou falando das letras, mas da forma como ela é cantada. Pra mim a atitude da banda é o fator fundamental: até porque, se for pelo fator guitarra com afinação baixa, muita distorção, etc, aí tu tem bandas tipo Reação em Cadeia...
"aí tu tem bandas tipo Reação em Cadeia..."
ResponderExcluir... Korn, Limp Bizkit, e por aí vai.
Chico: essas que tu falou pelo menos são consideradas um tipo de metal (mesmo que "nu metal") e têm uma boa dose de agressividade na atitude. Eu tava pensando mais no lado, ermmm, Nickelback da coisa.
ResponderExcluirAh, tá certo. Então seria Nickelback, Creed, etc.
ResponderExcluirEntão peso seria uma questão de "atitude" do músico em relação ao que está sendo tocado?
ResponderExcluirNeste pondo, esta tua análise caberia de maneira muito interessante nos próprios exemplos citados. Já que o DT transita entre ser progressivo e ser metal, podemos perceber esta flutuação dentro da própria "Pull Me Under", no vocal do próprio LaBrie, sendo então a estrofe "watch the sparrow falling" tipicamente metal devido à sua postura (e a do restante da banda, lógico) ao trecho.
Da minha parte, sempre afirmei que peso tem a ver com a "intenção" de soar pesado, o que equivaleria à postura. Sempre achei a também já citada "The Mirror" mais porrada que a maior parte das músicas do Metallica, porque acima de tudo ela QUER ser pesada e sombria. Ou seja, convergimos no assunto.
Mudando um pouco de assunto, é interessante notar como o DT tem dois públicos: o formado na época "melódica" ou "progressiva" e o conquistado na era "pesada" ou "metal" (me parece que os segundos são mais numerosos). Enquanto o primeiro acabou promovendo um afastamento quase que radical da banda (em relação à intensidade de fruição dos primeiros trabalhos e a quase indiferença atual), o segundo parece preferir imensamente mais as faixas de punheta tecnicista e gratuita.
Ainda não existe nada mais pesado do que uma orquestra tocando este tipo de composição.
ResponderExcluirAliás, ISSO sim é pesado.
ResponderExcluirO velho André sempre arranja umas indiadas que só ele seria capaz de proporcionar pra gurizada. Prefiro nem saber quais são as fontes de informação nesses casos. Hehe.
ResponderExcluirfalei no Simply Red levando o termo "peso" para o lado de qualidade de gravação e da eficiencia de engenheiros/tecnicos de som em disponibilizar um som agradavel. Também tem um disco lp do simply red que vem com capa quádrupla e um encarte de 25 páginas em papel couche de gramatura 125g/m2. Imagina quanto pesava este disco.
ResponderExcluirMoser
eficiencia de engenheiros/tecnicos de som em disponibilizar um som agradavel.
ResponderExcluirNem um exército de clones do Jean poderia tornar ele agradável.
Isso dependende única e exclusivamente de gosto pessoal. Eu gosto do SOM do SR... não dele.
ResponderExcluirMoser