terça-feira, 17 de novembro de 2009

Super Furry Animals no Brasil!

Não poderia perder dois grandes shows no mesmo mês. Já tinha perdido o do Faith No More na semana anterior, e agora não poderia perder o show dos Super Furry Animals na Via Funchal, na cidade de São Paulo, que ocorreu na terça-feira passada. Meus agradecimentos ao Hisham, pois foi ele que me avisou há um mês atrás que a SFA substituiria o Cake no Indie Rock Festival. Valeu Hisham!

E a maioria deve estar se perguntando: de onde diabos saiu esta banda? Do país de Gales. Conheci os SFA através de meu colega de banda Arlen Andrade, que é uma enciclopédia ambulante de todas as bandas do mundo alternativo/indie. Fora Radiohead e R.E.M. (e, é claro, os SFA agora), eu nunca ouvi falar das outras bandas que ele curte. Deixo aqui meu grande agradecimento ao Arlen por ter me apresentado esses caras! Valeu Árnie!

A fórmula dos SFA é bem simples. As músicas são loops e riffs melódicos muito criativos. E as gravações são muito bem produzidas, com um belo trabalho de vocais e barulhinhos no lugar certo. Uma coisa curiosa é que eles são os mesmos membros de 13 anos atrás, e lançam discos a cada dois anos, quase religiosamente. Além disso, cada um deles tem os seus projetos paralelos. E dá pra ver no show que os caras estão juntos porque se gostam, e porque gostam de compartilhar o palco. Tudo isso faz parte do segredo que mantém, com muita paz, o casamento destes cinco caras.

E a minha aventura começa aqui: estou trabalhando em Mogi das Cruzes, a primeira coisa foi providenciar o transporte para a capital. Consegui negociar um preço ótimo com um taxi, que me levou, e me esperou lá pra me conduzir de volta pra Mogi. Como num filme da sessão da tarde, não poderia deixar de ter confusão: o cara foi me buscar no hotel errado. Não tínhamos conseguido vaga no Mercure de Mogi devido ao Show do Jota Quest que tinha do outro lado da rua, no mesmo dia. E eis que, para ele sair daquela muvuca depois de saber que eu estava no outro hotel, nos atrasamos vinte minutos na saída. Mas o trânsito colaborou (quase que como um milagre para os padrões paulistas, mesmo sendo às 20:30), e consegui chegar lá meia hora antes do show.

O ingresso tava 120 reais, mas se você levasse um pote de leite em pó, tinha desconto de 50%! Que barbada, hein?

Chegando lá, o ambiente era muito indie. Pessoas estranhas, com cabelos estranhos (detalhe: me incluo parcialmente nesta comunidade). 90% delas tinham ido para ver o Gog_ol Borde_llo*. Mas os SFA tinham os seus fãs, que deu pra ver quando uma menina que estava no puta-merda reconheceu o tecladista Cian Ciaran gritando o seu nome para ele, que tinha entrado rapidamente no palco para ajustar alguma coisa minutos antes do show. Como recompensa, recebeu de volta um sorriso do cara. E teve um cara atrás de mim que filmou todo o show, mas como na hora eu tava tão emocionado, nem me liguei de pegar o contato do cara pra pegar uma cópia da filmagem...

E o show começou, lá pelas 22:15. Abriu com Slow Life, começando aquele sampler que serviu para eles irem entrando no palco. O vocalista Gruff Rhyes exibia placas de “Aplauso”, “Obrigado”, entre outras cretinices.
E logo veio uma bela sequência de hits: Rings Around the World, Golden Retriever, Hello Sunshine e Juxtaposed with you, nesta última não podia faltar o vocoder...

Mountain (aka “Mt”) abriu a série de músicas do ótimo disco novo Dark Days/Light Years. Em Inaugural Trams, que no disco tem a participação do Nick McCarthy do Franz Ferdinand, Gruff sacou do seu baralhão outro cartaz que tinha a foto do cara, daí ele ficou segurando o microfone pra “foto” cantar. Em The Very Best of Neil Diamond, Gruff (fingiu que) tocou um instrumento tão bizarro quanto o nome da música... e finalmente veio a minha favorita deste último álbum, White Socks/Flip Flops – adoro esses acordes maiores surgindo inesperadamente! E Crazy Naked Girls levou o pessoal à loucura, com o Gruff levantando uma placa de WHOA!!!, jogando pra trás de si quando “Girls” era pronunciado, para que pudesse tocar o riff em duo com o guitarrista Huw Bunford.


Man don’t give a Fuck e Cosmic Trigger, músicas mais antigas, fecharam o show. O baixista Guto Pryce e o baterista Dafydd Ieuan mantiveram a cozinha em ordem. O final foi em grande estilo: Gruff, Huw e Guto esfregando as cordas dos seus instrumentos ao alto, e o Dafydd derrubando a bateria. Muita dignidade, como diz o Arlen.

Pena que durou apenas uma hora. Na saída, às 23:20, apagão na rua. O taxista me dizendo que estava faltando luz em Mogi também. Olhei na internet do celular, e estava faltando luz em Curitiba, Belo Horizonte... daí eu pensei: se o mundo fosse acabar, pelo menos deu tempo de assistir ao inesquecível show desses animais super furiosos!

* "Escondi" o nome da banda para não irritar as pessoas que procuram por notícias da mesma.

3 comentários:

  1. Pelo jeito tenho que conhecer melhor esses caras.

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  2. Essa ideia de interação com o público ser feita com pequenos cartazes eu achei legal pra caralho. :)

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  3. Sim Uli, por exemplo eu acho muito mais legal do que o cara ficar tentando falar "Oburuiguado!"

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