Como o pessoal que escreve no blog adora colocar o pé na estrada, achei legal levantar um ponto que já discutimos em mesas de botecos, mas nunca tornamos pública. O fato é que quando viajamos como turistas nunca vemos "a realidade" dos lugares. Ponto turistico é muito bonito, mas o que há por detrás dele?
Resolvi escrever isto depois que li esta reportagem: Manaus atrai pela beleza, tranquilidade e simpatia.
Como alguns já sabem, eu morei quase três meses em Manaus. Os locais que a reportagem cita são realmente bonitos, e o povo é muito simpático. A vista da Ponta Negra é realmente linda! E o Teatro Municipal é indescritível. E falando em ciência, Manaus possui o Hospital mais especializado do mundo em doenças tropicais.
Engraçado ele comentar que a cidade é limpa. Na verdade não é. Ela só é limpa nos pontos turísticos. O fato é que o povo de Manaus tem uma discrepância econômica muito grande! O caso lá é muito mais grave que por aqui, por exemplo. Mansões ao lado de casebres de palafita! O mercado público não possui higiene alguma.
Ou seja, Manaus realmente é bonito, mas sofre em silêncio. Mas essa não é a imagem que vemos enquanto turistas.
Comentei o caso de Manaus, mas creio que essas coisas devem acontecer em outros lugares. O turismo escondendo os podres. O orgulho acima da dignidade.
O que vocês, meus amigos solistas, têm a dizer?
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Não sei se é necessariamente orgulho e dignidade que estão acima do resto. Vejo mais como tentar "vender o produto", já que o turismo é uma das fontes de renda do local.
ResponderExcluirÉ como vender um carro velho, tu não vai chegar pro comprador e dizer "olha, o motor ta meia boca, ele tem esses podres aqui mas o volante é novo".
E isso acontece, respeitando as suas escalas, em quase todos os lugares turísticos do mundo. Na Itália por exemplo, tem muita coisa "feia" e ninguém fala delas.
Mas turismo é isso mesmo, a ideia é passar uma imagem, não uma realidade.
ResponderExcluirAssisti a um documentário no Festival de Gramado que versava sobre o turismo nas favelas cariocas. Turistas gringos pagam para ver a realidade dos morros. Parece um inofensivo "turismo social", mas não é. Visivelmente, os moradores da favela ficam desconfortáveis -- até porque eles não ganham de dinheiro com a exposição -- e os turistas não interagem com as populações.
Acaba parecendo um safári, com "animais" soltos no seu "habitat", e os turistas tirando fotos do "exotismo".
Também tem o lado de que não é necessariamente que o turismo "esconde os podres", mas é que o turista não procura os podres, e sim a beleza. Se eu vou visitar um lugar, é natural que eu procure nos guias de viagens e perguntando pras pessoas quais são os lugares mais bonitos pra ver. Aí é claro que o turista em Porto Alegre tem mais chances de acabar na Fundação Iberê Camargo do que na Vila Cruzeiro... não que o turismo esteja escondendo que a Vila Cruzeiro exista, mas é a questão do que o turista procura.
ResponderExcluirExatamente.
ResponderExcluirAhá! Agora estamos chegando em um ponto interessante e já discutido no blog mas com outro enfoque.
ResponderExcluirBaseado em que podemos afirmar que um lugar visitado apenas turisticamente pode ser melhor que o lugar onde vivemos? Baseado em que podemos dizer, por exemplo, que a Europa é melhor do que o Brasil para se viver? Baseado em que RS é melhor que SP e vice versa?
Pois é, eu acho que não podemos. :)
ResponderExcluirPelo menos não "afirmar", mas confesso que mesmo visitando turisticamente eu tenho uma primeira impressão em certos lugares que me diz "eu gostaria de morar aqui" (por exemplo, San Francisco) ou "eu não gostaria de morar aqui" (por exemplo, Los Angeles). Logicamente, essa impressão não vale de nada na prática, porque na real o que mais pesa pra fazer um lugar ser bom ou não de viver são as pessoas que tu conhece nele...
Jean, eu confesso que Manaus é uma cidade que eu quero muito conhecer. :)
ResponderExcluirEu não consigo fazer este tipo de relação de "tal lugar é melhor que outro" só por visitá-lo. Minha relação de Alteridade (ó uma expressão do fim de semana aparecendo) com outros lugares tenta sempre ser relativa (ou relativizada). Por exemplo, adoro São Paulo mas não moraria lá; por outro lado, considero que as capitais que eu conheço são infinatemente mais belas que Porto Alegre (onde eu também não moraria, por sinal, hehehehe).
Acho que a maneira mais fácil do turista perceber se é uma cidade "habitável" é tirar um dos dias para conhecer o "dia-a-dia" e interagir o máximo possível.
ResponderExcluirExemplo: se vai pra Salvador, tenta pegar um busão e fazer um passeio de barco para a ilha de Itaparica ou algo parecido. Adoro Salvador, mas a cidade é uma confusão só e quando você se estressa, tem que ouvir o clássico "Sorria, você está na Bahia".
Na Europa, o que destaco de muitas grandes cidades é a infra-estrutura de transportes e a segurança incomparável às capitais brasileiras. Essas duas coisas, se pode notar fazendo turismo, pois se pode pegar metrô ou ônibus e ver o pessoal caminhando à noite com seus notebooks e mega-câmeras bem a mostra.
Entretanto, uma tentativa de conversa nos países nórdicos pode revelar uma certa frieza que não temos no norte/nordeste do Brasil.
Obviamente isso é muito pouco para saber se será feliz na "futura cidade", mas já dá algumas pistas.
"Manaus realmente é bonito, mas sofre em silêncio". Muito boa frase, Jean! Quase tão poetica quanto: "não choraste a lágrima que procuro".
ResponderExcluirAgora comentando o post...
Concordo com a visão do Hisham e do Ulisses. O ponto de vista do turista é diferente do morador. Isto porque o turista não está a procura de um lugar para viver e sim um lugar bonito e divertido para passar suas férias. Por outro lado, o local deve proporcionar essa "Disneylandia", onde tudo é perfeito. Turismo é negócio!
O "gostar" do lugar depende do indivíduo. Pessoalmente, prefiro viver num lugar onde as pessoas são mais frias e menos invasivas, do que onde ficam o tempo todo enchendo o saco. Além disso, acho esta visão muito distorcida. Os solistasdesafinados que viveram fora por um tempo podem dar uma opinião mais concreta, mas vejo que as pessoas ditas "frias" se divertem muito mais e tem uma qualidade de vida bem melhor que os farristas do país do Carnaval.
Obrigado pela citação Roberto. Fiquei emocionado!
ResponderExcluir