terça-feira, 21 de julho de 2009

YouTube: nem tão "broadcast yourself" assim...

A ideia desse post surgiu em uma conversa que eu e o Hisham tivemos ainda hoje, e acabamos escrevendo-o a quatro mãos.

Pensem um pouquinho, caros colegas e leitores desse blog, em qual é a maior fonte de diversão de cada um de vocês na Internet, nos últimos 4 anos. Provavelmente, a maioria aqui vai responder o mesmo que nós: vídeos do YouTube. Pra ficar só em alguns exemplos clássicos dessa (que imaginávamos que seria, ao menos) eterna fonte de risadas:
  • Ruth Lemos: talvez a primeira estrela informal da Internet no Brasil, pioneira em chamar a atenção da grande mídia para um vídeo que virou fenômeno na grande rede, e que inaugurou uma fórmula que garantiu o emprego da produção do Programa do Jô por um bom tempo - a de entrevistar esses novos "fenômenos de popularidade";
  • ForMula: Este chegou a ganhar uma análise em câmera lenta - adivinhe em que programa? -, e merece atenção especial pelo genial texto do repórter;
  • Jeremias, que ganhou candidatura à presidência da República;
  • Chocolate Rain, o menino com a voz de trovão, homenageado por ninguém menos que Darth Vader;
  • Velhinho que comeu e não pagou, que cunhou um dos melhores finais de matérias jornalísticas de todos os tempos;
E o melhor deles, hors concours em qualquer lista, o mais parodiado, funkeado e reeditado dos vídeos, o choque do Lasier.

"ESTAS, MAIS DE MESA". Continuemos, PEDERNEIRAS.

Percebemos algumas mudanças de uns tempos pra cá em um dos aspectos mais legais do YouTube desde que ele surgiu, lá no longínquo ano de 2005 (segundo a Wikipedia, mais precisamente em fevereiro de 2005): essa espécie de informalidade, o caráter de comunidade virtual que fazia com que eu, Chico, tivesse certeza que encontraria algum dia o chocante vídeo do Lasier na Festa da Uva - episódio que não tive o privilégio de assistir ao vivo, por um daqueles lances do destino que só o YouTube poderia corrigir.

O "novo" YouTube

Hoje, o site parece mais voltado para a "oficialização". Grandes conglomerados, como a Warner, já têm canais oficiais no YouTube, e provocaram uma onda de protestos dos internautas quando começaram a, entre outras atitudes, tirar o áudio de alguns vídeos por questões de direitos autorais.

O Los Angeles Times fez uma reportagem comentando os efeitos causados pela mudança dos critérios de ranking do YouTube nas buscas e materiais da capa. Antigamente o ranking principal era o de mais views, um critério simples e democrático. Agora, é uma medida obscura de "popularidade", o que significa que o site aplica os critérios que quiser pra escolher o que tem ou não exposição -- ou seja, a exposição no site não é mais função direta da manifestação da sua comunidade de usuários, como costumava ser.

Tem circulado também um vídeo com mais de 40 mil comentários denunciando a mudança de foco do site que tenta cada vez mais competir com o hulu.com, um site que firmou parcerias com canais de TV para transmitir o seu conteúdo de forma geograficamente restrita (por isso, o site não é popular fora dos EUA). Todo mundo a essa altura já deve ter esbarrado recentemente em algum link do YouTube bloqueado geograficamente (este link é do clip de Beat It no canal oficial do Michael Jackson no YouTube -- não funciona acessando do Brasil).

O YouTube parece estar aos poucos renegando o aspecto social do site e se tornando mais um mero provedor de entretenimento. Ele pode ser uma "fonte de risadas" e sim, as divertidas memes eram parte do que fazia o site um sucesso, mas mais do que isso, o YouTube fomentava comunidades, indo desde músicos trocando dicas sobre solos de guitarra até trabalhos artísticos colaborativos que eram produzidos e exibidos no próprio site.

Enquanto isso, o YouTube perde o foco como o "site da moda" para o Twitter, que tem um foco forte no aspecto social, mas que infelizmente não promove na sua comunidade real produção de conteúdo, mas apenas disseminação (na forma de links e retweets) -- talvez por isso a sua natureza de mero "networking" tenha atraído mais as celebridades da grande mídia a ele, já que enquanto no YouTube de 2006 para ganhar popularidade o único critério era aparecer com algo que gerasse interesse real (e por conseguinte, views), no Twitter de 2009 a medida de "sucesso" é mera questão de "ter seguidores".

E que comece o debate... o que vocês pensam sobre o assunto?

8 comentários:

  1. No Twitter, sinceramente, não vejo nada nesse troço, até preenchi um cadastro (convite do Jorginho), mas nunca segui ninguém.

    Quanto ao youtube, mais popular não seria exatamente o mais exibido?

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  2. Quanto ao youtube, mais popular não seria exatamente o mais exibido?

    Era, mas deixou de ser. Antigamente a homepage mostrava os vídeos mais vistos (da última hora, dia, mês, etc.). Agora eles aplicam os próprios critérios (nunca totalmente divulgados) pra definir "popularidade". Ontem, se tu entrasse na capa do youtube.com, tinha quatro vídeos do canal oficial do U2 no topo. Hoje tem rappers (canais oficiais do Soulja Boy e 50 Cent, e o destaque da seção Music é do canal oficial do Chris Brown). Note também que o "Most Viewed" e "Top Favorited" foram jogados pro final da página, e agora só mostram um de cada na capa.

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  3. Sabem que eu fui perceber isso só ontem mesmo. Geralmente, entro no Youtube e ignoro aquela primeira página, só vejo o que as minhas inscrições postaram recentemente. Ontem demorei pra notar a falcatrua, justamente porque tinham uns cinco vídeos do U2 destacados - e eu, obviamente, não me importei, nem me liguei da sacanagem. Só depois fui ver, quando entrei pela segunda, terceira e quarta vez no site, como a página inicial continuava praticamente igual - o que nunca acontecia antes, e por isso acabou me chamando a atenção.

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  4. Quem sabe no fundo a home é menos importante do que parece? Se o Twitter é só um espalhador viral, mas se ele espalha os vídeos "engraçados" ou não mas populares, o Youtube então se torna acessório, já que o site em si não importa, só a página do vídeo em questão.

    É um efeito parecido com a percepção dos portais do século passado que as máquinas de busca estavam atravessando a estrutura navegacional do portal e dando acesso direto às páginas internas. Tiveram que repensar toda a parte de contextualização e tentativa de retenção do navegante...

    Sob este aspecto, o Youtube é uma "web de vídeos" e o Twitter é uma "máquina de busca e propagação". Jogo interessante este...

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  5. A home pode até não ser tão importante, concordo, mas o Related Videos, ao lado, é. Quem não cansou de receber links do YouTube contendo aquela URL com "&feature=related" no final? Pela minha própria experiência e o que eu vejo das pessoas usando, os vídeos que o YouTube seleciona pra linkar na parte lateral direcionam fortemente a navegação do usuário. Por um tempo eles botavam junto ali "Promoted Videos", agora, num teste rápido que eu fiz, vi que eles tão botando um baita link "More Popular Music Videos", que redireciona para essa página, onde praticamente todos os links (se não todos mesmo) vão pra "vídeos oficiais".

    Dá pra argumentar também que o material oficial é o que o povo quer ver mesmo, e por isso, uma vez que a grande mídia entrou com tudo no site, as comunidades foram eclipsadas -- mas nesse caso, não seria necessário abandonar os critérios de ordenar por "mais vistos".

    Agora, o link de "Most Viewed" está escondido na aba "more". E olha que interessante: se ordenamos pelos mais vistos do dia, de novo os vídeos produzidos pela comunidade aparecem na lista, embora os primeiros lugares estejam com os vídeos comerciais que o YT promoveu na capa durante a tarde.

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  6. Esse negócio tá começando a me irritar profundamente. Cliquei bem feliz no link pro trailer do Alice no País das Maravilhas, do Tim Burton, e o Valdisnei já tinha tirado do ar. SACO!!!

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  7. Muito bom o texto, rapazes, era uma coisa que eu não tinha notado.

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  8. E um pedido: uma tag "MAIS DE MESA", por favor. ;D

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