segunda-feira, 8 de junho de 2009
Auto-tune: ferramenta ou charlatanismo?
Postado por
Hisham
às
23:53
Um dos assuntos do ano passado no mundo da música foi a popularização do "auto-tune", um software que permite corrigir as notas desafinadas de uma gravação, corrigindo os erros do cantor ou cantora sem que eles tenham que tentar de novo. (O software original é o Antares Autotune, que já virou nome genérico tipo chamar esponja de aço de "bombril", mas existem outros como o V-Vocal e o Melodyne.)
Em 2008 se falou tanto de auto-tune que ele entrou numa lista de coisas de 2008 que não sentiremos falta, junto com "fenômenos" como a Sarah Palin. O motivo foi que o auto-tune exagerado de modo a deixar a voz robótica (que entrou no mainstream com "Believe" da Cher) virou moda no mundo do rap/r'n'b -- caras como o T-Pain (cuidado: o link leva a uma música do T-Pain!) construíram sua carreira de "cantores" graças ao software mágico, que hoje em dia tem também uma versão real-time para usar em shows ao vivo.
O outro motivo pelo qual o auto-tune foi tão falado é que têm vindo a público várias ocasiões em que o efeito tem sido usado sorrateiramente para esconder erros dos artistas. Na apresentação do Superbowl de 2007, o Billy Joel foi pego usando auto-tune ao vivo: percebam o efeito "degrau" que o software produz na nota em 1:11, quando ele canta "and the rocket's red glare". Nesse site fizeram uma compilação de momentos na música pop em que os efeitos da correção aparecem. Com a evolução do software, rateadas como essas -- dos produtores, falhando ao esconder bem as rateadas dos cantores e deixando o auto-tune "visível" -- estão cada vez menos frequentes, então é cada vez menos possível saber quem está cantando "de verdade" e quem está ganhando uma "ajudinha" do computador.
Não faltam exemplos por aí, de Paramore e Marjorie Estiano até Winger e Yes (ouvir em 1:20). Uma questão interessante é até que ponto o artista tem "culpa no cartório". A Marjorie Estiano é, independente de se gostar ou não do estilo dela, uma cantora excelente; pelo que eu já vi dela cantando ao vivo na TV nitidamente sem auto-tune, ela não precisaria dele pra gravar um disco. O Brendon Flowers, vocalista do Killers, disse que no primeiro álbum, "Hot Fuss", o auto-tune foi usado pelos produtores sem ele sequer ficar sabendo e que no segundo, "Sam's Town", ele pediu para que não usassem (e realmente dá para notar como a voz soa mais natural).
Mas usar o auto-tune pra botar uma nota no lugar é "roubar"? O uso de técnicas de estúdio para produzir um vocal "perfeito" é quase tão antigo quanto a tecnologia de gravação de áudio. Nesse artigo de 1959, o autor denuncia como "quase qualquer um pode virar um cantor" graças a "ajudinhas" como equalização, reverberação e edição. Todas essas são práticas comuns hoje em dia: não se pensa em fazer sequer uma demo sem passar o vocal por eq e reverb, e regravar uma frase errada é muito mais rápido do que fazer o cantor refazer a música toda. Basta ler as liner notes do Anthology dos Beatles para ver como muitas músicas deles têm vocais montados a partir de vários takes. É comum gravar um vocal frase por frase, inclusive.
Mas e quanto a recursos que efetivamente mudam as notas que estão sendo cantadas, como o auto-tune? Bom, isso também se faz há muito tempo. A maneira mais primitiva consistia em mexer na velocidade da fita ao gravar, tipicamente reduzindo a velocidade, gravando, e voltando à velocidade normal para que a voz gravada ficasse mais aguda, alcançando notas que eles não conseguiriam só no gogó. O Pink Floyd admite ter feito isso em "Welcome to the Machine" (ouvir em 4:15) e o Queen nos backing vocals de "'39" (ouvir em 1:51). Mais tarde, nos anos 80, vocais eram endireitados usando um vocoder, isto é, passando o sinal da voz pela modulação de um sintetizador que era tocado com as notas certas -- o princípio é o mesmo do auto-tune, mas muito mais primitivo: ouçam como o vocal isolado de "Rock of Ages" do Def Leppard soa mecânico como o T-Pain (ouvir em 1:31)... a solução: escondê-lo num mar de backing vocals (ouvir em 1:33).
E aí? Alternativa prática para corrigir aquele errinho e aproveitar o take original cheio de emoção, evitando que o vocalista tenha que gravar 20 takes até acertar todas as notas, invariavelmente soando entediado no vigésimo take? Artimanha pra transformar qualquer celebridade em cantor ou cantora da noite pro dia? (Ou como é que vocês acham que a Paris Hilton gravou um disco?) Recurso que possibilita a atores fazer papéis que demandem cantar independentemente do treinamento musical? (Eu pessoalmente acho o desafinar de atores em musicais um charme característico do gênero; "Hoje é dia de Maria" me vem à mente.) Uma performance vocal perfeita montada em estúdio é representativa do talento do artista? Bom, o assunto tá na mesa.
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Dobre meu dedo!
ResponderExcluirVou fazer um comentário mais consistente na sequência, mas só para acender a discussão...
ResponderExcluirUtilizar reveberação e equalização é diferente de afinar um sujeito desafinado. A reverberação e a equalização tem como papel tornar a audição mais confortável, não consertar defeitos artísticos.
Por outro lado, acho válido utilizar o autotune com consciência e discrição para, como disse o Hisham, aproveitar um take excelente com apenas um errinho. Cai na mesma questão dos overdubs em estúdio de shows ao vivo. Tem alguns erros que durante o show passam tranquilamente, mas que incomodam o ouvinte em um disco. Aí, como são dois momentos diferentes, é interessante corrigir estes problemas.
O problema é a utilização exagerada destes recursos para mascarar a incompetência dos músicos. Utilizar autotunes "on the fly" e corrigir trilhas inteiras porque o sujeito não sabe executar a tarefa é picaretagem.
Quanto à questão dos reverbs e equalizers, concordo com o Roberto. São recursos musicais, ferramentas que ajudam a passar pro ouvinte uma certa sensação. O auto-tune usado de forma descarada e mal feita tem o efeito justamente contrário.
ResponderExcluirObservações sobre o texto do Hisham:
- O vocal do Def Leppard realmente não precisa de auto-tune, justamente pelo mar de backing vocals. Ali, o efeito foi usado como um preciosismo do produtor...
- "39" do Queen tem sim o efeito da velocidade da fita. PORÉM, ao vivo, eles conseguem reproduzir aquele vocal "castrati" (ouçam o "Live Killers" e comprovem). Os vocais não são iguaizinhos porque não têm tantas vozes ao vivo, mas é sabido que o Queen gravava 500 vezes o Freddie Mercury, o Brian May e o Roger Taylor cantando juntos as partes para dar mais corpo às partes de vozes.
- A do Billy Joel ficou feia... bem feia... mais por ser ao vivo, mas ficou chato.
- Pra mim, também a coisa mais legal de bons atores cantando é a falha, a imperfeição. "Moulin Rouge" é sensacional por isso.
- O parênteses em itálico do Hisham logo após "T-Pain" me botou tanto medo que este foi o únicio link que eu não tive coragem de abrir do texto. É sério.
Imagina usar esse troço numa música do Bob Dylan....
ResponderExcluir"Imagina usar esse troço numa música do Bob Dylan...."
ResponderExcluirHAAAAAAAAAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHHA
PUXA! Como pude me esquecer... falando em afinação:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=tqoVQ-IBOug
Apenas para complementar tudo que já foi dito. Usar o Auto Tune em excesso é como usar qquer outro efeito com excesso. Se pegar uma música com Reverb exagerado tb é chato. Se pegar uma extremamente aguda (utilização de eq) tb vai ser chato. Tudo em exagero é chato. Esses dias eu e o Hisham estávamos ouvindo uma rádio na Web. Tinha uma banda que não sei qual era, mas tinha uma guita com Slice. No início foi legal, mas na metade da música não aguentei e fechei o site. No instante seguinte o Hisham me manda uma mensagem: "Esse slice já encheu o saco né?"
ResponderExcluirPois é, todo mundo parece concordar que o problema é usar "em excesso"... mas o QUANTO é em excesso?
ResponderExcluir"mas o QUANTO é em excesso?"
ResponderExcluirEssa foi a personalidade computeira do Hisham se mentendo na discussão :-P
Tá bom, falando francamente, então.
ResponderExcluirEssa questão do auto-tune pra mim é algo bem pessoal, porque volta e meia eu tento gravar coisas por aí... e minhas eventuais desafinações me perseguem. A tentação de corrigir as rateadas é grande, mas eu tenho aquela trava: as pessoas vão ouvir e dizer "sabe cantar ou usou auto-tune?". Eu gostaria de poder dizer que sei cantar. Mas a verdade é que eu não consigo fazer um take completo de nada sem desafinar. A gente edita, grava em partes, tenta e retenta, mas não fica uma afinação perfeita. Com certeza não a afinação que fica quando o aparelhinho mágico está ligado.
Eu já gravei coisas e mostrei pra pessoas com ouvido treinado que disseram "a música é boa, mas tu canta desafinado". Pelo meu lado compositor, eu preferiria corrigir e deixar as pessoas curtirem a música sem o empecilho da minha voz. Pelo meu lado intérprete, eu não queria ser um "fake".
Talvez eu devesse arranjar um vocalista (e quem tem banda sabe a dificuldade que é isso!) mas mesmo imperfeito, eu gosto dos vocais que eu faço (embora nas gravações nunca fique do jeito que eu ouço "na minha cabeça", pra variar). E eu acho que eu ia ser muito chato com o pobre vocalista, já que eu considero cada nota da melodia parte da composição... não sei se conseguiria escrever um riff, uma letra e dizer pro cara "canta como tu achar melhor".
De repente o jeito é começar a fazer aula de técnica vocal e aprender a cantar mais afinado...
Quem é que te disse que tu canta desafinado?... ok, desafinações aqui e ali fazem parte, mas dizer que tu "canta desafinado" são outros 500... pra mim é exagero... :)
ResponderExcluirE eu voto para que esta seja a próxima enquete.
ResponderExcluirHisham diz que é desafinado: Verdade ou Viadagem?
ResponderExcluir(já computa aí o meu voto pra opção viadagem -- por dois motivos: 1. o Hisham canta pra caralho e 2. pra poder chamar ele de bicha :D)
Se o Hisham canta desafinado, o q sobra pra mim?
ResponderExcluirSe vocês não se importam, vou enveredar a discussão para outro lado -- tendo como base a excessiva digitalização do cinema hoje.
ResponderExcluirAs formas de arte reproduzíveis (que, por conseguinte, são a base da indústria cultural) atravessam um momento de transição com o advento de tecnoligias de correção acessíveis, que "maquiam" qualquer problema. O que acontece na música acontece no audiovisual também: atualmente, todos os filmes passam por cuidados processos de finalização, onde se corrige defeitos de fotografia e até mesmo problemas de cenário, som, coisas vazando no cenário e inclusive de atuação (!!!). Há uma filosofia não declarada de "deixa assim que a gente arruma depois" -- o que ecoa nesta questão do autotune levantada pelo Hisham.
Denter as várias maneiras de enxergar a situação, eu cito duas -- uma do Francis Ford Coppola e outra do Peter Jackson.
Coppola, no documentário "O Apocalipse de um Cineasta", sobre a problemática produção de "Apocalypse Now" (muito recomendável, aliás), diz que um dia qualquer pessoa fará, com sua câmera de vídeo, o seu filme (se eu não me engano, ele usa como personagem da fala "aquela menina gordinha de uma cidadezinha do interior").
Em suma, a digitalização permite uma democratização inacreditável: os recursos ficam mais acessíveis, menos complicados e menos custosos. Se não fosse assim, dificilmente eu, o Roberto e o Chico estaríamos fazendo curtas-metragens na cara e na coragem (só pra citar os que comentam aqui). Estes recursos digitais de correção permitem também a qualquer pessoa poder tratar o seu material da maneira mais profissional possível e, assim, ter maiores chaces de atingir um público mais amplo.
Esta democratização acontece na música há muito tempo, se formos pensar através deste viés. No mínimo, desde quando o Punk "afirmou" que tu não precisava tocar para ser músico (eu já diria que esta democratização vem desde os tempos do jazz, que foi já chamado de bate-estaca). O que acontece é que a digitalização é a ferramenta de quem não tem como fazer a perfeição de quem tem o talento necessário -- levando-se em conta que todos têm o direito inalienável de se expressarem artisticamente.
Por outro lado, o Peter Jackson, nos extras da edição especial do "King Kong" original (1933), ao comentar sobre o labiroso processo de efeitos especiais artesanais de 70 anos atás, afirma que os cineastas de hoje são imensamente preguiçosos. A facilidade de se fazer virtualmente qualquer elemento visual dentro de um computador afastou os artistas de cinema daquela busca sofrida e calejada por um fim artístico maior, por patamares novos e desconhecidos.
A "democratização" seria danosa neste sentido, porque os filmes deixariam de buscar excelência artística -- como os bons filmes clássicos faziam, com todas as limitações possíveis. As obras se nivelariam por baixo, por assim dizer. E de fato, nunca foram feitos tantos trabalhos autoriais -- que ninguém vê/ouve.
Cara, nem eu sei sair desse emaranhado esdrúxulo que eu propus... Heheheheh!
Thread hijacker! Carácoles, pega essa (maravilhosa) trolha toda e faz disso o post de cinema da semana!
ResponderExcluirE voltando ao assunto...
Quem disse que eu sou desafinado? A comunidade do garageband.com, que é formada basicamente por músicos de todo o mundo. E não foi só numa música.
Talvez eu possa ser "afinado" pros padrões de banda-de-gurizada, essa coisa amadora-de-brincadeira que a gente faz. Mas, sinceramente falando, eu gostaria de produzir algo artisticamente consistente. É muito fácil fazer uma música que os amigos ouçam e digam "legal". É outra fazer algo que alguém efetivamente queira ouvir (isto é, que alguém realmente ache bom). Não que eu faça música "em busca de público", mas eu acredito na qualidade das coisas que eu escrevo (eu gosto de ouvir as músicas, pelo menos) e sinto que a performance não fica no mesmo nível da composição.
Continuo com a historia do Dylan, desafinado pra caralho e eu gosto dos sons dele, outro cara que era desafinado é o Hendrix.
ResponderExcluirE o Hisham, depois de The great gig in the sky eu prefiro nem dizer nada.
Acho que o único cara notavelmente desafinado que eu gosto de ouvir é o Herbert Vianna. E conheço várias pessoas que não conseguem curtir Paralamas justamente por causa da voz dele.
ResponderExcluirEsse cara aqui resumiu o que eu quis dizer:
ResponderExcluirCool song
Cool harsh-sung lyrics. Good attitude in voice (which is the #1 attribute to look for). Also, good vocal range - perfection is not always necessary, feeling is! This song will sound so much better with profess. recording - so save up! Song and hook are excellent. The guitar, bass & drums play nicely for the song, not over or underdone.
- mikerock from Hicksville, New York on 29Sep2004
E, cara, logicamente todos esses vocais poderiam ser regravados, todos poderiam ficar melhores, etc, etc, etc. Mas eu realmente não acho que tu seja apenas "'afinado' pros padrões de banda-de-gurizada", porque eu não considero que o que qualquer um de nós que escreve por aqui faz seja algo "banda-de-gurizada" ou "amadora-de-brincadeira". Tu, menos ainda...
É que acontece o que eu já te disse: tu tem a "síndrome da obra inacabada". "Dá pra melhorar mais um pouco"... não é isso o que tu pensa quando acaba uma música?... hehehe...
Talvez o que aconteça contigo (olha eu dando uma de "conselheiro", só o que faltava) é que tu quer que a tua voz soe de uma maneira que não é a característica dela. TU TEM UM VOCAL MARCANTE, MUITO PESSOAL. E mudar as características de um vocal desse tipo é dificílimo. Talvez, pra ti, a tua voz teria que soar diferente para que tuas músicas soassem exatamente como soam na tua cabeça - embora eu, como ouvinte, não ache isso necessário.
"HISHAM, NO DIVÃM"
uuuuuuuuhuhuhuhuhuhuhuhuhUHUHUHUHuhuhuhuhuHUHUHuhuhuhuhuuuuu...
E de desafinado por aqui só temos o SOL.
ResponderExcluirOlha, uma das coisas que aprendi estando enfiado no meio musical fazem 12 anos (poutz, to velho!) foi que uma música agradável de ouvir não tem tanto haver com a afinação da voz, ou a execução perfeita de cada instrumento.
ResponderExcluirO que acontece é qto mais se mascara estas coisas, mais plástico e menos orgânico fica. Óbvio que o certo seria a gravação perfeita, com a emoção certa e com a afinação nos "trinks".
O problema é que afinação perfeita não existe. Sempre tem um ouvido super afinado que vai notar uma nota fora. E se não ouvir a nota fora vai dizer que o cara usou auto-tune. Por isso o balanço é importante.
Olha, eu não tenho o ouvido tão treinado assim, mas tem dias que coloco alguns discos para ouvir e noto um MONTE de notas fora. E tem dias que não percebo nada. Acho que tudo depende de como foi colocado.
Essa mesma discussão acontece, por exemplo, em guitarras "mascadas". Se pegar algumas gravações do Led por exemplo, dá para ouvir o Page "sujando" em vários momentos, mas a idéia estava lá! O momento estava ali. Ele não gravou de novo!
Outro ponto de vista é o fato de que a indústria fonográfica de hoje não aceita mais esse tipo de coisa. E esse é um dos motivos pela qual as coisas estão cada vez mais plásticas. Vozes corrigidas, guitarras regravadas até a exaustão, baterias com beat corrigidos e por aí vai...
O exemplo do Yes é legal. Eu duvido que o Squire ia se importar com aquele 1 segundo desafinado se esse som tivesse sido gravado nos anos 70. Mas como a indústria hoje não permite mais desafinações...
Em tempo: não queria ofender ninguém com o negócio de banda-de-gurizada. O que eu me referi é que a gente sempre meteu as caras por aí mesmo sabendo que as coisas estavam longe da perfeição (ou de um nível de qualidade consistentemente alto -- algumas coisas ficavam do caralho, outras ficavam "okay" e a gente mandava bala assim mesmo). Em todas as bandas que eu participei eu sempre consegui ouvir bem os defeitos (meus e dos outros) e isso nunca me impediu de tocar adiante. Uma coisa é tocar com as rateadas que o calor do momento do show compensa (como diz o Coutinho), outra é fazer algo que tenha "replay value".
ResponderExcluirTalvez eu devesse parar de me preocupar com isso e me preocupar com a qualidade das composições, já que como bem disse o Fábio, quando tu escreve músicas tão bem como um Dylan ou um Hendrix, é considerada uma boa música mesmo assim... apesar de que eu particularmente não curto muito ouvir Dylan e Hendrix... em grande parte por causa das vozes deles! Aaaaargh, de volta à estaca zero!
Não adianta, Hisham. Agora já tô magoado. Tu me chamou de "guri de banda".
ResponderExcluirBrincadeiras à parte, sim, eu entendi o que tu quis dizer (e longe de mim querer se levar a sério demais, pelo contrário, as bandas que eu mais gosto na minha vida nunca fizeram isso...).
Já parou pra pensar que talvez tu tenha OUVIDO ABSOLUTO? É uma doença comum a uns viadiiiiinhos como Bach, Uli John Roth, Richie Blackmore e Yngwie Malmsteen.
Viva o Auto-tune!
ResponderExcluirhahahahahahahhaha
ResponderExcluirNão tenho, mas estou trabalhando pra ter! Eu sou da linha de pensamento que ouvido absoluto é uma coisa que se pode adquirir, não é necessariamente um "dom" nato (eu não acredito em "dom"). Nos dias bons eu consigo afinar a guita dentro de um quarto de tom sem usar referência, mas estou longe do ouvido absoluto ainda. Eu lembro quando eu não tinha sequer ouvido relativo, e isso faz bem pouco tempo.
Ainda assim, ouvir bem e cantar bem são coisas diferentes! O foda é quando tu só ouve que cantou errado no dia seguinte!
Também vou dizer que acho que meu trabalho não é bom, só pra receber elogios, hehehehe!
ResponderExcluir(... o problema é eu não receber nenhum... :S)
Eu tenho para mim que esta busca pela afinação perfeita e absoluta é campo da música erudita, onde o domínio de tudo que concerne à música é exigência sine qua non. Acho que nos formatos de música pop (no sentido de universo pop), o que importa mais é a personalidade da voz mesmo (foi o Chico que disse isso?).
Nestas questões de vocal para rock, eu sempre lembro do Vince Neil, do Mötley Crüe, dizendo que, para alguém cantar, a primeira coisa é segurança. O resto vai se formando com o tempo.
(...baita citação, Ulisses...)
Se tem uma coisa na qual eu tenho fé, crença religiosa mesmo, é que toda arte tem quatro elementos: a técnica, o feeling, a criatividade e o senso estético. Destes, o mais importante é o último: aquela noção abstrata e inconsciente de juntar certos elementos, que unidos, formam algo que "acerta" nossa percepção.
Alguém (que, para variar, eu também não lembro quem foi) disse algo assim: "Dê a um escritor três palavras e a um músico três notas, e o resultado não será uma sentença ou um acorde, mas uma estrela".
Tem pelo menos dois músicos e um metido mais ou menos esperto dando valor para o teu trabalho como cantor -- porque ele tem um senso estético fantástico. E não é porque a gente é teu amigo, pode ter certeza. ;)
(ok, vou transformar o comentário anterior em post, mais completo e detalhado)
ResponderExcluirAgradeço as lisonjeiras palavras dos amigos (dizendo isso enquanto faço um gesto de corte medieval com a cabeça) mas eu não estou "me fazendo", estou apenas tentando ser realista. Como eu disse, eu curto o meu próprio vocal (por isso que insisto nele), mas se tu vê os comentários "isentos" ali nos links que eu passei, tu vê que um monte de gente fala da questão da afinação. Talvez seja o que o Jean disse, que as pessoas estão menos tolerantes, mas mesmo se tu pega um disco dos anos 70, tu pode ouvir até bastante nota fora tocado em solos, mas muito menos notas fora em vocal.
ResponderExcluirSobre o que o Chico falou de eu querer algo que não é a minha voz... aos poucos eu tenho aprendido isso. Não quero mais "ser o Geddy Lee" como eu queria quando tinha 18 anos (excessos ploydianos à parte, mas era por uma boa causa). Agora eu não fico tentando estourar os limites do meu alcance. Em compensação, ficar escrevendo melodias com semicolcheias com 14 semitons de distância entre elas não facilita muito o trabalho de cantar, também... ;)
Bem... sobre o que era o post mesmo? Ah, sim... auto-tune. Mas dá para bater com overdub?
ResponderExcluirUm comentário : em 1994 fui gravar num estúdio em POA. Era conceituado, não me lembro agora o nome, era perto da Farrapos com São Pedro. Acho que era isto. O engenheiro de som que contratamos era muito bom, o nome era Glauco. Ele tinha feito a engenharia do disco do Nenhum de Nós ao vivo no teatro São Pedro, inclusive mostrou várias fotos tiradas durante s mixagens, etc e talz... Ele declarou pra gente que TODAS as vozes do TediCorrea foram regravadas no estúdio e "overdubadas" no som da banda gravado no teatro, pois o vocal dele ao vivo tinha ficado muito ruim, impublicável, e eles tinham que lançar o cd ao vivo lá, entao decidiram regravar as vozes do tedi com todo conforto do estudio.
Aliado a este depoimento do Glauco(engenheirode som), confesso que, num solo de guita, tive que fazer uns 10-15 takes até que ele se sentiu satisfeito com o resultado. me lembro que ele falou no fone pra mim gravando algo como "se o ayrton tivesse tido tantas chances naquela curva como tu, estaria vivo". Sim, foi duro o comentário dele pra mim, mas extremamente profissional. Depois, perguntei pra ele no cantinho como foi a gravação com o TEDI, ele me confessou que foi super stressante, pois ele(TEDI) não aceitava que estava ruim e o Glauco, como engenheiro responsável contratado pela gravadora não podia dar como finalizada a gravação e produção sem estar 100% aprovada por ele quanto, pelo menos, afinação.
Aí pergunto a vocês, pondo-se no lugar do Glauco HOJE, apesar de na época não ter tais recursos (auto-tune), se fosse hoje, contratado pela gravadora e com má-vontade do artista vocês não usariam tais artifícios?
Moser
Por isso o Phil Spector andava armado no estúdio e certa vez enfiou o cano na cara do John Lennon...
ResponderExcluirEsse é o comentário mais consistente que tu ficou de dar na sequência? ;)
ResponderExcluirHAHAHAHHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHAHA
ResponderExcluirQuanta consistência... hahahahahhahahaha
Eu acho que T-Pain não usa para consertar defeitos em sua afinação. Ele só usa para deixar sua voz mais legal...
ResponderExcluirO T-Pain usa claramente como um efeito... o texto fala mais dos casos onde o autotune é usado "escondido", tentando mascarar erros.
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