Esses dias eu estava pensando que algumas das melhores contribuições da galera do blog ocorreram não em posts, mas em comentários, e que esses muitas vezes acabam passando batido. Me ocorreu que seria legal fazer, periodicamente, um "episódio flashback" recapitulando "os melhores momentos da temporada", até pra aproveitar e fazer um update dos assuntos passados, e contrapor um pouco essa coisa de que nas tais novas mídias tudo é muito rápido mas ao mesmo tempo muito fugaz. Taí uma seleção rápida:
LP x CD: Alta Fidelidade ou Saudosismo? - O Coutinho apontou que "quando remasterizaram o Dark Side of the Moon, foi tirado o espaço entre The Great Gig in the Sky e Money. Muitos fãs se revoltaram. O Alan Parsons respondeu dizendo que aquele espaço só existia porque foi lançado em LP, mas que a idéia sempre foi ter todas as músicas juntas. O Journey to the Centre of the Earth do Rick Wakeman e Tubular Bells do Mike Oldfield também são obras divididas por causa do LP. Assim, esse conceito de 2 lados pode também forçar a divisão de uma obra em duas partes distintas. Ou não..."
O livro é sempre melhor que o filme: Verdade ou Besteira? - André defende as comparações: "acho que se pode comparar livro com cinema SIM, da mesma forma que poderíamos comparar com série de tv ou quem sabe um disco conceitual. Digo isso porquê todos são NARRATIVAS. Basta que a comparação seja quem conta melhor a história. Óbvio que se prezamos por detalhamento, o livro vai sempre dar um laço no audiovisual, enquanto esse pode ser muito melhor na experiência de assistir."
Produção de Spector pro Let It Be, dos Beatles - C*gada ou Obra-Prima? - O Chico matou a charada: "NAKED: Singela, sincera, emocionante na simplicidade do arranjo, nos vocais que soam mais suaves, naturais, na banda tocando junto, como um "conjunto" mesmo. SPECTOR: É tudo muito "over"... soa até meio piegas demais, parece que as orquestrações tão ali pra arrancar uma lágrima do teu olho a qualquer custo. Não que não arranque, confesso que me emociono com essa música sempre que a ouço - e, normalmente, se ouve mais essa versão - mas é tudo meio excessivo, meio açucarado demais... quando pude ter um ponto de comparação (a versão naked), percebi o quanto ela pode soar meio brega, "Ray Conniff style", entende?..."
Falsas dicotomias: hipocrisia ou diversão? - Em meio à discussão sobre hipocrisias na mídia, o Chico levantou um assunto importante: "o crescente e exponencial acesso das grandes massas às tecnologias de informação cria uma demanda e uma necessidade muito grande de fazer-se ouvir (com razão) e dá a chance, finalmente, de uma real exposição da opinião de pessoas que não teriam a mínima chance de serem ouvidas num modelo antigo de mídia. Pra embolar ainda mais o meio de campo, um senador como o sr. Eduardo Azeredo propõe um projeto para controlar a Internet, uma espécie de policiamento ditatorial na grande rede (leiam mais sobre isso nesses três textos aqui, aqui e aqui)"
Vintage ou moderno? - O Barolho deu a real, que "depende do tipo de som que o cara faz. Se é exigido um som limpo decente, não será com uma guita com corpo de compensado e captadores de ferrite que o som será alcançado. Mas uma boa guitarra com madeira de verdade (alder=cedro ou mahogany=mogno) e pickups de alnico darão conta do recado. Se fores tocar punk, estas configurações podem ser descartadas. :) Outra... de que adianta o cara mover todo um equipo para fazer a gig se tudo será microfonado com mics de videokê? Isto já aconteceu comigo e talvez com vocês também... alguém notou? Provavelmente somente seus amigos músicos souberam distinguir a diferença entre o som da matriz e o som projetado pelos PAs."
Franquias Hollywoodianas: novas mitologias ou caça-níqueis descarados? - Uma pérola compartilhada pelo Ulisses: "Sobre o primeiro "Drácula" (1931, aquele com Bela Lugosi), por exemplo, há uma história ótima que ilustra o filme como parte de uma franquia: como o processo de legendagem ainda não estava suficientemente deselvolvido (o som no cinema era novidade), os produtores faziam não só o filme em inglês, mas também uma versão em espanhol, destinada ao mercado latino-americano. Se usava o mesmo roteiro (traduzido, logicamente), nos mesmos cenários, só que com equipes e elenco diferentes. Em suma, há um "Drácula" em espanhol, feito simultaneamente com o "Drácula" clássico -- simultaneamente MESMO, porque a "equipe espanhola" filmava à noite, assim que a "equipe inglesa" terminava de trabalhar. E, pelo que se comenta, o "Drácula" espanhol é melhor filme que o "Drácula" de fato -- mas foi criado exclusivamente por uma questão de mercado."
O que é "rock progressivo" hoje? - O Sílvio botou na roda uma banda pouco conhecida: "Quero indicar uma banda chamada RPWL, a qual tenho escutado muito. Muito, mas muito mesmo influenciado pelo Floyd pós Waters. Gostaria de comentários de vocês sobre eles. Eles tem 3 discos. No primeiro (God Has Failed) fica óbvia a influência Floydiana, inclusive a voz do cara confunde-se com Gilmour. No Segundo (Trying to kiss the sun), que eu não gosto muito, parece que estavam meio perdidos, tentando encontrar um identidade, o que parece que conseguiram no seu terceiro (World through my eyes). Esse parece seguir a fórmula do Floyd de discos conceituais, mas escutem "Roses". Indico."
Auto-tune: ferramenta ou charlatanismo? - O Jean resumiu o estado das coisas: "uma música agradável de ouvir não tem tanto haver com a afinação da voz, ou a execução perfeita de cada instrumento. O que acontece é quanto mais se mascara estas coisas, mais plástico e menos orgânico fica. Óbvio que o certo seria a gravação perfeita, com a emoção certa e com a afinação nos "trinks". Essa mesma discussão acontece, por exemplo, em guitarras "mascadas". Se pegar algumas gravações do Led por exemplo, dá para ouvir o Page "sujando" em vários momentos, mas a idéia estava lá! O momento estava ali. Ele não gravou de novo! Outro ponto de vista é o fato de que a indústria fonográfica de hoje não aceita mais esse tipo de coisa. E esse é um dos motivos pela qual as coisas estão cada vez mais plásticas. Vozes corrigidas, guitarras regravadas até a exaustão, baterias com beat corrigidos e por aí vai..."
Melhor só ou (bem/mal) acompanhado? - O Gustavo deixou um comentário que me deixou até agora me perguntando se eu entendi ou não: "Estar só é melhor do que mal-acompanhado. Acontece que para a maioria das pessoas, estar só não é uma opção aceitável. Quem aqui já fez entrevista de emprego nas duas situações: estando empregado ou desempregado, sabe do que estou falando..."
E vamos fazer um rodízio pra definir quem monta o flashback de duas em duas semanas, que tal? ;)
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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Boa, Hisham! Me proponho a fazer o da semana que vem já, inclusive.
ResponderExcluirLegal!! Tava pensando em algo mais espaçado, tipo 2 semanas (um número chutado porque o blog tem 2 semanas de vida :) ) ou 1 mês (mais que isso começa a ficar trabalhoso demais fazer o "scan" para o flashback...)
ResponderExcluirPutz, agora vou ser obrigado ao voltar ao post cinema x literatura para responder ao André...
ResponderExcluirTá lá, respondi. :)
ResponderExcluirUm comentário sobre o meu texto...
ResponderExcluirHisham, tu não entendeu porque a minha analogia foi infeliz! ;)
Escrevi na corrida e faltou muita informação.
Na verdade só quis comparar o estado de ansiedade de algumas pessoas que não conseguem ficar só com a de pessoas que estão numa entrevista de emprego: quando ela está desempregada ela aceita ficar "mal-empregada" ("mal-acompanhada"), porque "desempregada" ("só") não seria um estado aceitável. Se a pessoa no caso estivesse já "bem-empregada" ("bem-acompanhada" ou então "só, mas bem-resolvida"), ela recusa com tranqüilidade as opções que sabe que não fariam bem para ela a médio/longo prazo.
Foi a analogia que me apareceu na cabeça naquela hora.