sábado, 13 de junho de 2009

Melhor só ou (bem/mal) acompanhado?


Estou até envergonhado que, depois de tantos posts brilhantes dos meus colegas de blog, eu, meio que sócio-fundador dessa bagunça, esteja conseguindo só agora escrever algo pra contribuir com o SD.

Não quero nem de longe assumir o papel do romântico inveterado aqui no blog, porém o pessoal que estava presente na gênese dessa loucura toda (quando queríamos um programa de TV ao invés de um blog e quando nosso nome era bem menos poético) deve lembrar que tudo começou a partir de uma discussão sobre relacionamentos amorosos.

Era o ponto de vista masculino posto à prova, frente a uma mesa de “guascas” meio embriagados, recém satisfeitos por um churasco dos melhores. Sem máscaras nem estereótipos, a temática girava em torno da dificuldade que nós homens de bom caráter (será?) tínhamos em encontrar a parceira ideal.

O assunto rendeu tanto que alguns chegaram a ter os ânimos alterados. O caso é o seguinte: um dia depois do bendito dia dos namorados, como ficamos? Será que aquele debate de janeiro serviu de algo? Aprendemos de verdade as lições de nosso novo oráculo, Camille Paglia? E o que acreditam os membros do SD: melhor só ou (bem/mal) acompanhado.

Encerro me colocando no papel daquele que simplesmente bota lenha na fogueira. Me abstenho de tecer maiores opiniões por estar irremediavelmente nos braços de Eros. De repente, se me empolgar com o debate e/ou esbarrar com Baco, quem sabe...

E só pra não deixar o lado musical de fora, só digo uma coisa: Barry White.

Até, crianças! ;)

23 comentários:

  1. A questão não é pensar no "Nice Guys Finish Last", mas sim em... parar de procurar!

    O nosso cérebro tem uma search function. Pense na cor vermelha e agora olhe em volta. Você vai encontrar tudo o que for vermelho, até em pequenos detalhes.

    E colocar "parceira ideal" no search vai fundir o cérebro. Além de não existir, vai filtar todas as possíveis parceiras. Resumindo, a probabilidade de encontrar é maior quando já se jogou a toalha e não se procura mais. Apenas baixar as exigências não adianta.

    Falei em probabilidade porque, apesar de parecer que o papo vai terminar em "não te preocupa porque tu vai encontrar a pessoa certa", pode ser que não se encontre mesmo. Mas parar de procurar é fazer nesse jogo as melhores jogadas possíveis.

    E no próximo encontro da gurizada, faço a minha imitação de Barry White (meia oitava acima, é claro...).

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  2. Bom, suspeito que esse assunto não vá render muito aqui, por dois motivos: o primeiro, que é claro que ninguém vai escrever aqui num fórum público tudo o que pensa a respeito com a franqueza que a gente teve naquela divertida discussão; o segundo, que eu devo ser atualmente o único solteiro da trupe, então a única resposta para a pergunta proposta que meus colegas vão dar é que é claro que é melhor estar "bem-acompanhado", como eles todos estão.

    E assim vocês veem que não é tão fácil fazer um "Saia Justa masculino". ;)

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  3. Que!? O Couto casou e eu não tô sabendo!? Cuma!?

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  4. Mas tá certo Hisham, achei que não iria render tanto quanto os posts anteriores... só me senti na obrigação de registrar o "SD Begins" ou "SD origins" (seguindo a onda das franquias daquele post do Ulisses).

    Agora, que aquela discussão rendeu, rendeu! Tem amiga minha querendo pagar pra eu transcrever o que me lembro do papo pra entender cabeça de homem...

    ... como se fosse muito complicado! ;)

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  5. Pois então, tive notícias dessa fantástica fábrica de idéias masculinas, e bem na real este blog não lembra nada do que eu escutei. Mas enfim... algo deve ter se processado entre a quantidade de álcool e cigarros consumidos de janeiro pra cá para a situação civil de vocês ter mudado... E não seria melhor ser flechado por Eros e cair nos braços de Afrodite? Afinal Eros não podia ter visto por sua amada (teimosa Psiquê) e o resto vocês sabem. Além do que o contrário disso seria uma inversão perigosa... hahaha beijos a todos!!!

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  6. O André tá querendo melhorar o nível de erudição do blog, citando mitologia grega e Barry White.

    "o pessoal que estava presente na gênese dessa loucura toda deve lembrar que tudo começou a partir de uma discussão sobre relacionamentos amorosos" -- uma bondade descrever desta forma. Pelo que eu lembro, eram seis caras indignados me enchendo de desaforo. :D

    Por mais que o assunto não vai render (rende se mais mulheres entrarem do ringue), eu sou plenamente a favor do antes só do que malacompanhado (está nas novas regras...?). Ter alguém, não raro, é pior do que ter alguém.

    A decisão de se começar um relacionamento é algo puramente racional (ao contrário do sentimento de paixão em si, que não tem racionalidade, obviamente). Por isso quando algum amigo ou amiga meu/minha vem me reclamar do seu relacionamento, eu normalmente embreto o bordão "namora por que quer".

    A avó da minha namorada tem um lema maravilhoso a respeito de relacionamentos: não basta ser bom, tem que ser muito bom. Não é suficiente só uma afinidade legal, um sexo bom, planos futuros semelhantes. Parceria num relacionamento é mais do que isso. É uma preocupação constante com a felicidade e bem-estar do outro. Quando esta premissa deixa de ser recíproca, a relação acaba.

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  7. Bom, pelo visto eu nem estou tão por dentro da situação civil dos meus amigos, então nem tenho como falar dessas mudanças. E também não sei com quanta franqueza eu sou capaz de falar desse assunto num fórum público, mas vou tentar, nem que seja pra ler isso depois de muito tempo e rir.

    Tendo passado por algumas histórias com finais infelizes (e não são assim todos os finais? senão não teriam acabado) e encarnado diferentes personagens dentro das situações arquetípicas de relacionamento, o que eu tiro dessas experiências é que não há tanta diferença assim entre homens e mulheres. Colocados em personagens semelhantes, as reações não são tão diferentes, afora as variações de personalidade de cada um. Quem não fez com alguém algo que fizeram consigo alguma vez? Mudam os papéis, invertem-se os gêneros, e as situações se repetem. Por isso, eu não olho pros relacionamentos como uma relação necessariamente assimétrica, onde há o jeito que os homens pensam, as "ideias masculinas", e o jeito que as mulheres pensam. O que há são pessoas, e ideias.

    Quando eu olho os relacionamentos à minha volta, o que eu vejo são muitos "amores possíveis", isto é, um par de pessoas que resolveu ter um relacionamento e fazê-lo dar certo, e assim não estar sozinho; e alguns poucos que são "sintonias de ideias": um par de pessoas que realmente se complementam e combinam, como vozes em harmonia.

    Esses "amores possíveis" ao que parece tipicamente partem de alguma afinidade óbvia (colegas de aula/trabalho, algum hobby comum, lugar que frequentam, etc.), combinada a uma atração inicial que faz a coisa acontecer, e o desejo de não estar sozinho. Na verdade as duas pessoas não têm muito (ou nada) a ver, mas seguem juntos por inércia. Dado tempo suficiente, a própria história construída em conjunto acaba se tornando um ponto de cumplicidade, porque eles acabam se conhecendo melhor que ninguém. Na realidade o que há entre eles é que eles se aceitam, e não esperam mais do outro do que ser aceitos também.

    Totalmente diferente é quando há a "sintonia de ideias". A coisa pode começar totalmente ao acaso, ou da mesma forma que a situação anterior, mas o que acontece é que em um determinado momento os dois "se reconhecem" um no outro. Quando a gente conhece qualquer pessoa por um tempo suficiente -- seja em relacionamentos, família, amizades -- todas aquelas coisas que constroem a imagem fundamental dela para nós (a sua aparência, a sua profissão, a sua arte) passam a ser satélites de uma coisa fundamental que é o modo de pensar da pessoa. Tudo passa a ser compreendido em termos daquele modo de pensar. E com algumas pessoas a gente percebe uma sintonia nesse modo de pensar, por mais que todos esses satélites difiram. Essas pessoas acabam sendo os nossos parentes mais próximos, os nossos melhores amigos... e quando isso acontece no contexto de um relacionamento... click. São aqueles casais que quando tu vê juntos, eles "fazem sentido". É aquela pessoa com quem tu tem mais do que uma história comum ou uma afinidade óbvia que te permita "passar tempo junto", mas uma cumplicidade que se manifesta das mais diferentes formas, seja numa piada interna, numa maneira particular de entender as coisas que não seja necessariamente igual mas complementar. Uma sintonia que não seja necessariamente uníssona (afinal de contas a gente não está procurando a si mesmo nos outros), mas harmônica.

    Aos que já sentiram na pessoa amada essa sintonia de ideias, não sei se seria possível se contentar com os amores meramente possíveis. O que me lembra aquela frase: "When once you have tasted flight, you will forever walk the Earth with your eyes turned skyward, for there you have been, and there you will always long to return."

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  8. Bonito, Hisham. Totalmente idealizado, mas bonito.

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  9. só uma frase: Enquanto não acho a mulher certa, me divirto com as erradas.

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  10. Agora sim fiquei surpresa! Hisham: que bela descrição sobre os relacionamentos! Digno de comparação aos Fragmentos do Discurso Amoroso (do Barthes), e bem Ulisses, um pouco de erudição pública não faz mal à ninguém, não é mesmo? hehehe. Assim a gente se preserva... Mas é claro que o teor que escutei daquelas conversas de vocês creio seria ofensivo demais para um blog. E isso de escrever tem dessas maluquices a gente começa sem saber onde vai dar, totalmente imprevisível. O único que fica visível é que nos escrevemos ao mesmo tempo. Mas talvez a minha questão atual seja quando essa "sintonia de ideias" acontece, quando duas pessoas (um homem e uma mulher, neste caso) se encontram em todas essas afinidades que tu dizes aí Hisham, trabalham na mesma área, discutem maravilhosamente temas relacionados ao campo profissional, são cheios de piadas internas, de coisinhas que só conseguem dizer um pro outro, de palavras que só dizem um pro outro, são parceiros e tudo bem como narraste ali, e ainda assim não ficam juntas, que fazer??? Mas enfim, respondendo a questão do André (da qual me esquivei no primeiro comentário) melhor só do que mal acompanhada, mas pior só quando se podia estar bem acompanhada. ;)) Ou então ficamos ali na filosofia do Fábio, nos divertindo com os homens errados... mas aí acho que estamos falando dos "amores possíveis" do Hisham, como muito menos poesia, é claro. Mas aí vai do gosto de cada um...

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  11. A Marília trouxe-me aqui e pediu para atiçar o debate. Vou tentar, embora não esteja suficientemente embriagado para dar uma contribuição de primeira linha.

    Não sei, mas acho que acompanhamento só vale do bom. Esse negócio de ficar pegando bagaceira em fim de festa não é muita vantagem. Também não entendo isso de ficar forçando barra para relacionamento dar certo. Ou as coisas andam, ou desandam. Uma coisa é certa: relacionamento é fo@#! Pingo de casca de limão dentro do olho, facão afiado riscando o chão e levantando faísca. Não é para todo mundo e nem é para sempre - mesmo que o final só venha com a morte.

    Mas... (e sempre há um porém, certo?) o resumo da ópera, para mim, é o seguinte: Prefiro só a mal acompanhado; prefiro bem acompanhado a só e prefiro bem acompanhado a mal acompanhado. Se estiver só, prefiro ir tentando (e sim, isso significa divertimento potencialmente certo com a pessoa potencialmente errada). Quando acompanhado, prefiro que seja bom e juro acreditar no poeta que diz que é eterno enquanto dure.

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  12. Não dá pra gente se divertir com as pessoas certas, não? :D

    (esse meu maldito humor de segundas-feiras...)

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  13. Bom, nunca fui muito de opiniar quanto a relacionamentos, porque simplesmente tive poucos. Estou namorando a minha segunda namorada há 7 anos, e não vejo motivos para que a relação tenha um fim. Portanto, a tendência é que eu continue com poucos relacionamentos. Mas vou dar um pitaco.

    O que posso deixar como testamento aqui é que é muito, MUITO bom encontrar a pessoa certa. A sintonia, os prazeres, as piadas internas, a oportunidade de conhecer um ser humano realmente a fundo é uma oportunidade única. A conversa, as intimidades, tudo vale a pena. E ninguém deve esperar a felicidade plena e contante, isso não existe. Sempre tem problemas. Só acho que, se for a pessoa certa, o caminho adiante é bem menos sofrido. BEM menos.

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  14. Ah, me perdoem vocês dois mas, com todo o respeito, isso é chover no molhado, né? Dizer que "melhor só do que mal, e melhor bem do que só" é o mesmo que dizer "prefiro a conta do banco zerada do que negativa, e positiva do que zerada". :-) O que fica não respondido ainda é o que é estar bem ou mal acompanhado... nem sempre é claro.

    E Marília: obrigado pelo elogio... nunca li Barthes mas já me falaram tão bem que acho difícil ser digno da comparação, mas tá valendo. :) Mesmo que o Ulisses ache totalmente idealizado (totalmente?)... mas afinal, se a gente fosse pro "objetivo" e levasse às últimas consequências a gente terminaria falando de impulsos biológicos de propagação da carga genética. Acho que ser humano é, entre outras coisas, estar além disso.

    Da tua questão atual de quando a sintonia acontece e ainda assim não rola... bom, aí é o fator da atração, não adianta. Proximidade, pele, a coisa mais instintiva mesmo (olhaí os impulsos biológicos querendo dar as caras)... timing, a "hora certa no lugar certo"... (fator que já me quebrou as pernas quantas vezes nessa minha recente existência de nômade e que ainda vem fazendo...) Não faltam truques na caixa de ferramentas de Murphy.

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  15. Estar só é melhor do que mal-acompanhado.

    Acontece que para a maioria das pessoas, estar só não é uma opção aceitável. Quem aqui já fez entrevista de emprego nas duas situações: estando empregado ou desempregado, sabe do que estou falando...

    Finalizando, para se ter relacionamentos duradouros é necessário (além de tudo o que já foi falado aqui): gerenciamento de expectativas e muita abertura para diálogo.

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  16. Mas e tem como responder o que é estar bem ou mal acompanhado?... não acredito numa resposta definitiva pra isso...

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  17. Respostas definitivas pra qualquer coisa, só nas ciências exatas. E não é disso que estamos falando aqui. :)

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  18. Cara, discutir conceitos sobre relacionamento não leva a nada em grande grupo não leva a nada.

    Que curioso... São talvez as nossas convicções mais arraigadas e, ao mesmo tempo, as mais fáceis de desabarem como um castelo de cartas.

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  19. p.s.: o "cara" da frase acima não foi para ti, Hisham, foi para o meu amigo imaginário. Foi um daqueles momentos em que a gente pensa em voz alta -- só que no teclado. ;)

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  20. Mas eu adoro ver convicções desabando como castelos de cartas! Especialmente as minhas! :)

    Por anos a minha assinatura de email foi "Überzeugungen sind Gefängnisse" ("Convicções são prisões") do Nietzsche -- e não é uma curiosa coincidência que em inglês o prisioneiro culpado seja chamado de "convicted"?...

    Mas eu também entendo o que tu quer dizer, Ulisses, sobre a inefetividade de conversas como essa num contexto como esse (aliás, eu alertei disso lá em cima, né...) -- ainda assim, tem o benefício indireto de trazer à tona algumas facetas das pessoas que normalmente não têm contexto para aparecer.

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  21. "Mas eu adoro ver convicções desabando como castelos de cartas! Especialmente as minhas".

    Hehehehe, li a tua frase e lembrei de uma do Sean Connery: "Um dos maiores prazeres da minha vida é quando me provam que estou errado. Mas é um prazer muito raro".

    :D

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  22. Há momentos em que se está melhor acompanhada, seja lá qual for a companhia, boa ou má. No entanto e se tivesse que escolher entre estar sempre acompanhada, por um parceiro, namorado, marido ou qualquer coisa desse genero,confesso que preferia estar só. Nada pesa mais que ser obrigada a estar acompanhada quando se quer estar só. E já o contrário suporta-se muito melhor porque temos sempre a nossa companhia e só os pobres de espirito sentem solidão.

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  23. Primeiramente algumas constatações lógicas:
    - Eu estou solteiro, como sempre;
    - O André está apaixonado, como sempre;
    - O Hisham e o Ulisses estão fazendo um divertido debate, como sempre;

    Agora o comentário:
    Minha pergunta é... porque a questão é estar só ou acompanhado? Não acho que seja aí o negócio. Até porque, o que define isto? Posso ser um solteiro bem acompanhado, ao contrário de alguém que está namorando/noivo/casado e se sentindo só. Solidão é um estado de espírito.

    Como diria Fernando Pessoa:
    "Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um."

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