sábado, 27 de junho de 2009

Bogotá, Colômbia – 15 a 20 de junho de 2009

A ida: Na segunda-feira (15) acordei às 3:15 da manhã (!) para pegar o primeiro vôo do dia. Precisava estar em Guarulhos o quanto antes para pegar o vôo da Avianca para Bogotá às 8:35. O vôo chegou bem no horário, as malas é que demoraram 30 minutos para aparecer na esteira, o que fez com que eu fosse o último a emitir a passagem na Avianca – no mesmo momento um funcionário anunciou que o check-in estava encerrado.

Ao embarcar, um senhor muito simpático estava auxiliando a recolher as passagens, mas estava sem o uniforme da Avianca. Dentro da aeronave, este mesmo senhor ocupa o último lugar vazio, que é ao meu lado. Passa grande parte da viagem analisando documentos. Depois de descer, meu colega me disse que aquele cara era Germán Efromovich, o dono da Oceanair e da Avianca, além de ter outros grandes negócios. É capa da revista Dinero deste mês. Pesquisando sobre a história dele, vi que ele tem um jeito bem simples de ser, que eu admiro muito. Ele tem a paixão pela aviação por causa do contato com as pessoas. Curiosidade: foi professor de supletivo do Lula. “Enquanto eu distribuía panfletos do supletivo, ele distribuía panfletos do sindicato” – diz ele.

A língua espanhola: chegando em Bogotá, minha primeira gafe, logo na imigração: para dizer o número “86”, eu disse: “Ocho, media”. O cara me disse “¿Que?”, pensei por uns segundos e disse “Ah, sí... ocho, seis!”
Discutimos com o pessoal daqui os falsos cognatos. Chegou no clássico “buseta” (que em espanhol se pronuncia como se fosse com “c”, como nós...), é tipo um micro-ônibus nosso. Um gaiato daqui, que sabia do significado em português, disse que “Es un transporte masivo!” Foi a piada da semana! (sorry girls...)

Infraestrutural: na arquitetura destaco o exagero no “tijolo à vista”, quase todos os prédios tem esse estilo (foto ao lado, que tirei do quarto do hotel). O trânsito é um horror. Para piorar, todos os táxis tocam boleros, salsa e/ou easy-listening. Todos os motoqueiros têm que usar um colete com a placa da moto em letras garrafais. Tem uma companhia de ônibus chamada Superpolo, que foi apoiada pela nossa Marcopolo (carroceria + planejamento das linhas). Também se vê aspectos fortes da atual crise mundial: grandes obras inacabadas e suspensas.

Aspectos Geografísticos: O clima é uma das coisas interessantes desta cidade. Não existem as estações do ano, devido à altitude. Nessa semana a máxima que fez foi 19 graus, e a mínima, 10 graus. Dizem que é assim o ano todo, com raras exceções.
Se vocês traçarem uma reta diagonal dividindo ao meio do extremo nordeste ao extremo sudoeste, o que terão ao norte serão as cordilheiras e as cidades, e ao sul... selva, selva, guerrilhas e mais selva, que faz a divisão com o nosso Amazonas. A “falta de ar” da altitude é percebida, mas não atrapalha, a não ser em uma longa caminhada...

Gastronomia: não há comidas típicas na Colômbia, mas tem restaurantes de todos os tipos, e a comida é muito boa e barata. Tem algumas frutas diferentes, como a granadilla, que é tipo um maracujá que dá pra comer direto na fruta. E não dá pra deixar de provar a “Club Colômbia”, que está entre as melhores cervejas do mundo.

O que eu fui fazer lá: infelizmente cheguei na segunda à tarde e voltei na sexta à noite, portanto não deu tempo de visitar nada. A minha ida lá foi porque minha empresa tem sete unidades espalhadas pela Colômbia, e o meu trabalho é a implantação de sistemas que apóiam a alocação de produção em cada unidade. A importância desse trabalho deve-se à atual crise mundial, pois devido aos aspectos geográficos que comentei, percorrer 300km pode levar até 8 horas, e essa logística pode custar muito cara. E tivemos que trocar o termo "alocação", que significa "enloquecer" para eles, por "ubicación"...

As pessoas: acima de tudo o que falei aqui, destaco a receptividade das pessoas. Todos são muito amáveis, sorridentes, e dispostos a ajudar. Eu lembro de ter visto isso em outros países da América Latina, mas como no ano passado estive apenas em países “frios”, senti a diferença. E dá pra ver que não é uma coisa forçada, são sorrisos e atenções sinceras.

No mais... é uma cidade muito legal. Ao contrário do que se ouve falar, a cidade é muito segura. Andávamos pelas ruas com as mochilas com notebooks, sem medo. O que se diz aqui é que o presidente Uribe, com a sua forma de administrar o país como se fosse uma empresa, teve êxito em diminuir a quantidade de guerrilhas, que antes estavam espalhadas por todo o país e agora estão somente ao sul, perto do Equador. O tráfico de drogas também diminuiu bastante.

A volta: vôo tranqüilo na volta, e coincidência ou não, encontrei o falecido MJ na fila da TAM em Guarulhos, e tirei uma foto na camufla (é, eu não presto mesmo...)


4 comentários:

  1. Viajar é sempre bom, mesmo a trabalho. O relato do Gustavo comprova isso. A experiência que é passar por novos ares - ou pela falta do mesmo, como é o caso na altitude - sempre traz pelo menos uma história pra contar. Neste ano, conheci São Paulo (é, eu nunca tinha ido a São Paulo em 24 anos de vida), fiquei 30 horas apenas na cidade, fui a trabalho, mas foi divertido.

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  2. Com certeza. Mesmo viagens curtas são sempre uma experiência diferente. Eu fiquei devendo um post da minha ida recente à Curitiba... aliás, nem fiz upload das fotos no Flickr ainda! :-\

    Semana passada foi o FISL, e eu passava o dia todo em volta de gente que é de ou está morando em outros estados... uns tempos atrás me dei conta que receber visitas é quase como viajar. Os sotaques são outros, as trocas de ideias/experiências são novas e a rotina muda.

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  3. Sobre Bogotá: muito legais as tuas impressões. E o formato ficou excelente também... pode até servir de modelo pra futuros posts de viagem.

    Não conheço a cidade (aliás, meu conhecimento do resto da América do Sul é bem deficitário) mas uma coisa legal que eu conheci sobre ela há algum tempo foi o projeto Bogotá Cómo Vamos, um projeto de cidadania que ajudou a mudar a cara da cidade e que hoje inspira iniciativas similares como o Nossa São Paulo, que tenta reproduzir os resultados positivos obtidos na capital colombiana.

    Da Wikipedia:

    Concejo Cómo Vamos es un programa privado para supervisar el Concejo de Bogotá. Este programa es liderado por la Cámara de Comercio de Bogotá, La Casa Editorial El Tiempo, y La Fundación Corona, y respaldado por las universidades Javeriana y Nacional.

    Concejo Cómo Vamos es un ejemplo de que pueden unirse el sector privado y la prensa con un objetivo social y comunitario: promover la transparencia gubernamental y evaluar el desempeño institucional de la rama legislativa de la capital colombiana.

    Mais informações aqui

    Setor privado, imprensa e universidades unidos pra fiscalizar o governo, mobilizando a sociedade. Uma ideia que merece ser copiada.

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