Bom, conversando com o Hisham sobre postagens para o blog, eu comentei com ele de que não sou tão "vasculhador" de internet como o Chico ou o Coutinho, por exemplo. Com isso ele deu uma idéia, que achei bem legal e divertida, e resolvi colocar em prática. O título esclarece bem o assunto: sim, eu ainda compro CDs! Na média são 3 por mês, e a minha coleção está girando perto dos 300 CDs. A ideia seria postar uma resenha por semana de algum disco da minha coleção. Bom, para começar, achei que o Dark Side of the Moon seria uma estréia de gala.
A idéia não é colocar resenhas de lançamentos, para isso basta abrir uma revista de música (o que não quer dizer que não apareça disco novo por aqui, basta comprá-lo e entrar para a coleção ;), e sim falar de discos ao longo das décadas e estilos que adquiri para a coleção (e tem bastante coisas estranahas, aguardemmmmmm).
As pessoas me perguntam: "Por que diabos tu ainda compra CDs?". Um dos motivos é que a qualidade do som é melhor que mp3, e na maioria das vezes escutamos CD em um aparelho melhor do que quando escutamos mp3. Outro motivo são os encartes. Com a digitalização da música se perde a artevisual dos discos (que já perdeu bastante na transição Vinil -> CD). E o terceiro grande motivo, para não dizer o maior, com a compra dos CDs eu me forço a ouvir o disco inteiro, e enteder a mensagem do artista como um todo, e não por músicas isoladas em um tocador de mp3. Este meu ponto de vista gera bastante discussões, portanto, fiquem a vontade para me chamarem de louco! ;)
Dark Side of The Moon - Pink Floyd
O que falar da obra prima do Pink Floyd? O cotidiano nu e cru! Todos sabemos da qualidade e a importância desde disco para a história da música mundial. Portanto dispensa apresentações. Não quero ficar chovendo no molhado ;)
Capa:A capa do CD (pelo menos o meu) não é igual ao LP. No LP a capa e contracapa eram as mesmas, apenas invertivas, o que dava um efeito visual bonito nas vitrines, onde um prisma encaixava no próximo.
Encarte:
O encarte do CD é todo colorido, onde cada parte onde aparece as letras das músicas predomina uma cor diferente (Money, por exemplo, aparece em verde. Sugestivo não?). Para o fã atento, estas cores predominavam nestas mesmas músicas nos shows ao vivo do Floyd.
Músicas:
- "Speak to Me/Breathe" (Nick Mason, David Gilmour, Roger Waters, Rick Wright) - 3:59
- "On the Run" (Gilmour, Waters) - 3:35
- "Time/Breathe (Reprise)" (Gilmour, Waters, Wright, Mason) - 7:04
- "The Great Gig in the Sky" (Wright, Torry) - 4:48
- "Money" (Waters) - 6:24
- "Us and Them" (Wright, Waters) - 7:49
- "Any Colour You Like" (Gilmour, Wright, Mason) - 3:26
- "Brain Damage" (Waters) - 3:50
- "Eclipse" (Waters) - 2:04
Curiosidades:
- As vozes que se ouve no disco foram frases extraídas de entrevistas que Roger Water fazia com os funcionários do estúdio. Paul McCartney também foi entrevistado, mas suas respostas não tiveram o impacto esperado pelo grupo e não foram utilizadas.
- Clare Torry fez a voz na música The Great Gig in the Sky. Durante as gravações recebia instruções para pensar em morte e desespero enquanto cantava. Achou tudo ruim, foi paga e saiu do estúdio achando que não se aproveitaria nada de sua performance. Meses mais tarde viuo disco na vitrine, comprou, e surpreendeu-se com as suas partes no disco. Décadas mais tarde, depois de aposentada, pediu na justiça os direitos pela música.
- Os relógios de Time foram uma experiência feita por Alan Parsons para uma tentativa fracassada de alavancar o som quadrofônico.
- All lyrics by Roger Waters ;)
- No filme "O Mágico de Oz", no momento em que aparece o leão clássico, baixe o volume da televisão e aperte Play no seu aparelho de CD.A seguir, surpreenda-se com o sincronismo. Este sincronismo pode ser encontrado no Youtube facilmente.
Para saber mais:
JEAN:
ResponderExcluirQUERO DISCOS OBSCUROS NESSA SEÇÃO!
(apesar que eu não sabia da história do Paul...)
Heheheheh...
Os discos obscuros virão, aguardemmm...
ResponderExcluirDiscos obscuros! Discos obscuros! O Dark Side tá na coleção de CDs de todo mundo, até na minha que de fantástica não tem nada :)
ResponderExcluirE pro próximo post, faz uma foto do teu "porta-CDs" do quarto! :)
Sobre a questão do "Mágico de Oz" e o "The Dark Side" (e também do "2001" e "Echoes"), eu não acredito na tão propalada sincronia. Os momentos em uníssino dos filmes com a música (ou vice-e-versa) são absolutamente circunstanciais.
ResponderExcluirParece ser intencional na nossa cabeça porque a união entre música e imagem em movimento no cinema funciona quase que como uma "segunda montagem", por assim dizer: quando reunimos uma música com um uma imagem, o significado simples de cada uma delas é extrapolado e se cria um significado novo. Nosso cérebro faz isso naturalmente: ele cria significâncias novas imediatamente.
Por isso tem gente que faz uma livre associação de ideias ao relacionar "Money" com os tijolos dourados, por exemplo. Ou "Great Gig in the Sky" com o tornado. Para o nosso cérebro parece claro, mas é apenas porque ele mesmo procura estas coincidências. É a forma pela qual somos capazes de compreender o mundo à nossa volta.
No caso do "Mágico de Oz", a "sincronia" seria possibilitada pelo fato de que o início do filme é repleto de cenas curtas -- o que facilita, ao se tocar um disco junto com o filme, que, ao começar uma cena, inicie-se uma música. Ainda mais se as músicas forem longas. As principais ações, aliás, não acontecem EXATAMENTE nos principais momentos da música: em alguns (repito, apenas ALGUNS) momentos elas têm diferenças de alguns segundos, mas o suficiente para nosso cérebro emplacar um significado através da junção das duas coisas.
Estes segundos entre uma ação e a música, porém, não passariam despercebidos por quem fizesse esta coincidência parecer deliberada. Há momentos crucias na ação do filme (quando a véia de bicicleta vira a bruxa) em que a suposta "trilha" pinkfloydiana não pontua e deixa passar batido. Mesmo no caso "Echoes", a aparição final e fantástica no monolito, ao pé da cama, é "ignorada" na música.
Entretanto, realizadores dos filmes e banda agradecem: estas lendas culturais apenas fazem aumentar a importância artística de cada uma destas obras.
Em tempo: eu também não acredito na sincronia. Mas achava divertido fazer na Fink Ployd a Great Gig in the Sky junto com o vídeo do tornado. Dava um suporte visual legal pra música e servia como um tip-of-the-hat pros fãs de carteirinha que reconheciam a referência.
ResponderExcluir1. Parabéns pelo espaço! Já andei espalhando pelo twitter e espero que mais pessoas conheçam pois é beeeem bacana.
ResponderExcluir2. esqueça os álbuns obscuros, sou popzinha e adoro um álbum pop. Mesmo que esse pop seja meio obscuro como o esquistóide e indispensável Superunknown do Soundgarden.
A capa do Pearl Jam também não é igual ao discão. Eddie Vedder e Cia, mediram exatamente o que cabia no CD, dando preferencia ao nome da banda e fizeram um recorte da capa.
Em tempo: eu também compro CDs.
Em tempo²: Baita álbum dark side of the moon.
Temos leitores! Que maravilha! Continuem participando, por favor, das nossas discussões (in)úteis.
ResponderExcluirHisham: "Mas achava divertido fazer na Fink Ployd a Great Gig in the Sky junto com o vídeo do tornado".
Não só era divertido como era simplesmente do caralho no show da Fink Ployd. Como eu disse, a lenda artística contribui para o aumento da grandeza estética da(s) obra(s). Era um dos momentos mais bem sacados do show de vocês.
Como diria o Chico imitando um certo animador de auditório: "bem boladommmmmmm!"
PS - alguém se interessava numa coluna de filmes obscuros do Ulisses, com moldes semelhantes? :P
Pelo "sextas-feira, dia de falar de Sétima Arte" no outro post, eu até achei que tu já tinha te decidido a fazer um feature semanal de cinema! :)
ResponderExcluirSe não se importarem, posso colcaborar informalmente com ambas (CDs e filmes)... hehe
ResponderExcluirE fui eu quem trouxe a Cler pra vir ler as nossas discussões de altíssimo conteúdo! Meu lado assessor de imprensa falando...
Valeu Cler pela força, e apareça sempre!!!! Aliás, pessoal, a Cler tem um dos sites sobre música mais respeitados da Internet no Brasil: www.hitnarede.com . Vale a pena dar uma passada lá.
Somos muito importantes, então. ;)
ResponderExcluirAh, é? Então tá, vamos tentar fazer um post de cinema toda a sexta!
(... me lasquei, hehehehehe)
O Jean não só tem que colocar a foto do porta-cds, mas também contar a história de como ele conseguiu aquilo... ia contar agora, mas é melhor quem não conhece, ver a foto antes.
ResponderExcluirE qual vai ser o critério para o filme ser "obscuro"? Dependendo, pode ser um filme do Godard, um terror B, ou um pornô de início de carreira (sim, eu disse "início", ex: Stalonne, Xuxa, etc...)
P.S.: eu sei soletrar "Schwarzenegger", e escrevo "Stallone" errado...
ResponderExcluirBom, de cinema eu sou razoavelmente ignorante, então não me importo com dicas básicas. :) E, é claro, o Ulisses não precisa focar só em reviews... divagações como a última também são bem (ou até mais!) legais!
ResponderExcluirSim, filmes obscuros podem ser coisas intelectualóides da França, filmes de terror que mereceriam uma letra bem mais do fim do alfabeto, um pornô de início de carreira, uma pornochanchada nacional, épicos italianos, filmes japoneses de monstro, fitas de aventura de microestúdios em Hollywood, clássicos esquecidos do cinema mudo... Tá, tá, tá, eu escrevo sobre tudo, hehehehe!
ResponderExcluirAs divagações eu também acho mais legais. Vou tentar produzir mais. ;)
Eu me considero um cara bem cético sobre muitas coisas. Vamos falar sobre as sincronias. O vídeo que colocamos sobre "Great gig..." sinceramente não acredito que tenha sido proposital, apenas foi legal fazermos. Mas 2001xEchoes... francamente, acho impossível não ter sido proposital, inclusive pelo tempo fechando nos segundos finais. Como fã de Kubrick no cinema, Clarke na literatura e Floyd na música, reunindo os 3 numa tacada só fico extasiado. Bem, talvez não saibam, mas Waters queria fazer a trilha de 2001 e Kubrick não aceitou... tenho muito mais dados sobre o episódios PFxKubrick, onclusive envolvendo Laranja Mecanica, mas deixa pra outra discussao. Beijo na bunda de todos. Moser
ResponderExcluirNão precisa deixar para outra discussão, não, pode mandar ver aqui mesmo, hehehehe!
ResponderExcluirConfesso que eu não sei nada sobre o Pink Floyd querer fazer a trilha para 2001, mas imagino que Kubrick nem ia dar bola mesmo. O episódio mais emblemático sobre o conceito musical do filme envolve exatamente a obsessão que Kubrick tinha pela trilha sonora:
O compositor Alex North tinha sido contratado para fazer a trilha original -- ele já tinha feito a trilha (ótima, por sinal) para outro filme de Kubrick, "Spartacus". North compôs a música e enviou para o diretor. Ao assistir o filme na estreia, o compositor (que foi indicado 15 vezes ao Oscar) ficou chocado ao ver que NENHUMA nota que ele escrevera estava no filme.
Kubrick havia usado música clássica durante as filmagens para "dar um clima" à equipe e elenco. Ao filmar ouvindo a música ambiente, ele mudou drasticamente de opinião sobre como a trilha tinha que ser. Simplesmente desprezando North, ele colocou apenas peças eruditas previamente compostas de músicos de várias "escolas", do balé de Strauss ao experimentalismo de György Ligeti -- numa das decisões mais acertadas da história do cinema.
Então, se o Kubrick dispensava um compositor de quilate como o North, daria ele ouvidos a uma banda iniciante? Acho que não...
E, se "Echoes" for de fato premeditadamente sincronizada com o final do filme, desculpem-me os fãs do Pink Floyd, o resultado estético é infinitamente inferior ao obtido com as músicas de Ligeti (opinião pessoal).
Em tempo: décadas depois, outro compositor de cinema, Jerry Goldsmith, gravou a partitura original de Alex North, num disco chamado "Alex North's 2001".
Ulisses disse : "E, se "Echoes" for de fato premeditadamente sincronizada com o final do filme, desculpem-me os fãs do Pink Floyd, o resultado estético é infinitamente inferior ao obtido com as músicas de Ligeti (opinião pessoal)."
ResponderExcluirPeraí... final de 2001 com músicas? Não creio
estarmos falando do mesmo filme então. Estou
falando da sequência "Jupiter And Beyond The Infinite", que no filme tem 23min29seg exatamente o mesmo tempo da música Echoes, enquanto no filme não tem trilha, pelo que me lembre. Apesar dos músicos negarem que tenham feito a música pensando nisto, acho extremamente improvável, até porque a letra anterior de Echoes (veja post anterior meu) tinha cunho cosmológico, e também o Floyd teve uma história anterior envolvendo filme do Kubrick. Moser
Então, estou falando mesmo da sequência final, "Júpiter e Além do Infinito". Tocam três músicas nesta cena inteira:
ResponderExcluir1. A primeira é uma peça usada como "tema" do monolito, o Réquiem composto pelo húngaro Gyorgi Ligeti (que tem dois corais cantando em notas e tons diferentes).
2. Quando o astronauta entra pelo portal, emenda-se outra música de Ligeti, Atmosferas.
3.Quando o astronauta aparece naqueles aposentos, aí sim, não temos mais música até o final, quando ele aparece em formato uterino ao lado da terra, quando toca Assim Falou Zarathustra, do Richard Strauss.
Quanto à questão do Pink Floyd ter feito a cena para ser sincronizada com o filme, eu tenho as minhas dúvidas, haja visto que vários momentos importantes da sequência não são pontuados pela música.
O que eu sei é que a desculpa dada pela própria banda -- de que não exisitia home video para eles assisitirem detalhadamente a cena, sendo possível apenas vê-la nos cinemas -- é balela: era comum se comercializarem, na época, versões em 8mm ou mesmo em 16mm de filmes de grande sucesso para exibições caseiras (para quem tivesse o devido projetor, logicamente).
Ainda assim, o resultado original é superior se colocarmos a cena a rodar com "Echoes" -- e talvez por isso os caras do Pink Floyd negam de pé juntos que tenham feito a música baseada no filme... ;D
Para provar, um trechinho do filme original:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=Imbxqv_5TJU&feature=related