quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Inter x Barueri, São Paulo x Grêmio

Mais uma colaboração aqui no blog. Como eu só assisti o jogo do Inter, chamei o Chico para comentar o jogo do Grêmio. Lá vamos nós então:
  • Inter 3x2 Barueri
  • São Paulo 2x1 Grêmio
Hisham: "O Inter estava na pressão, mas a torcida apoiou bastante. A escalação do time estava bem interessante -- gostei do meio-campo com Sandro, Guiñazú, Giuliano e Andrezinho. Após abrir 2x0 no primeiro tempo com gols de Alecsandro, que havia "assumido a responsabilidade de fazer gols", e Andrezinho de falta, o Inter deixa o Barueri empatar em dois erros do goleiro Michel Alves. Perto do fim, Sorondo marca e o Inter enfim consegue respirar. Mais uma derrota teria sido um baque terrível -- espero que essa vitória possa marcar o início da recuperação."

Chico: "O Grêmio preferiu manter a tradição da gangorra na dupla, e jogou mais uma vez como time pequeno fora de casa. Começou o jogo parecendo que finalmente iria desencantar, logo contra o São Paulo, em um início de ascensão. Doce ilusão. Depois de mais do mesmo - leia-se má pontaria do ataque gremista -, Dagoberto abriu o placar, aproveitando falha no posicionamento da zaga, e transformou o tricolor gaúcho em outro time. Daí em diante, no primeiro tempo, só deu São Paulo. O segundo gol saiu em uma jogada quase igual, aproveitando falha da zaga, a um minuto do segundo tempo. Talvez esteja na hora de Autuori colocar Rafael Marques no lugar de Leo definitivamente. E, de uma vez por todas, manda o Tcheco embora."

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lima e Chimbote, Peru – 13 a 18 de julho de 2009



A ida: Lá estava eu na segunda-feira, acordando cedíssimo. Vôo para Buenos Aires, para depois trocar de companhia aérea e ir para Lima. Ao contrário do que parece, não há muita preocupação com a Gripe A. Alguns usam máscaras, é verdade, mas são poucos. E o máximo que as autoridades estão fazendo é pedir pra preencher um formulário te perguntando se tu estás com os sintomas. Não estava previsto, mas no vôo para Lima acabamos pousando em Mendoza, apenas para abastecer. Pena que não deu pra descer para comprar uns vinhos...

Lima, a capital: Chegando em Lima, fiquei em um hotel junto ao aeroporto. Ganhei um drink de cortesia, o famoso “Pisco Sour”, que é uma mistura de Pisco (é um destilado de uva, tipo grapa) com limão e clara de ovo.

Chimbote: Mas eu fiquei em Lima apenas por uma noite. Pois no outro dia tinha que acordar às 3h da manhã para pegar o vôo para Trujillo, que fica a 600km ao norte. E lá, depois de descer em um aeroporto caótico onde tem uns 37 caras te oferecendo serviços de táxi, pegamos o carro da empresa que nos levou a uns 150km ao sul, para a cidade de Chimbote. Uma coisa que predomina na cidade é o cheiro de carniça de peixe em alguns momentos do dia. O que atrai uma porção de urubus (foto ao lado). Ficamos dois dias em uma casa de hospedagem da empresa, que era muito confortável – e como todos os viajantes ficam na mesma casa, encontrando-se na sala de estar e jantar, acaba sendo muito mais aconchegante que um hotel.


Infraestrutural: Mais do que em Bogotá, nas zonas mais humildes das cidades do Peru o que se vê muito são obras inacabadas. Dizem que é muito difícil para se obter financiamento imobiliário, então as pessoas vão construindo as casas aos poucos. Se vê muito casas quadradas, algumas com até 5 andares, mas sem nenhum acabamento. E o último andar sem teto. E o trânsito é uma loucura. É buzina toda a hora. Ao perguntar de quem era a preferencial nas ruas e nas rotatórias, apenas me respondiam: “É de quem se enfiar primeiro!” Tem também alguns táxis que são como umas “diligências” montadas em cima de motos.

Aspectos Geografísticos: Quando o avião anuncia que vai pousar em Lima, eu estranhei, pois durante um bom tempo só vi nuvens. De uma hora para outra, o aeroporto surge do nada. E pela primeira vez na vida vi o mar do Pacífico. Pena que já era noite. Terremotos são bem comuns. Tanto que quando eu disse que nunca tinha passado por um, eles estranharam...

Gastronomia: Tudo de bom. A comida lá é muito boa. Legumes, frutas, carnes, e principalmente frutos do mar. Tudo fresquinho, com cores ricas. E um refrigerante típico, a Inca Kola, que tem um gosto de tutti-fruti.

A universidade de San Martin de Porres: Vocês imaginem o que ensinam lá!

O que fui fazer lá: a mesma coisa que fiz em Bogotá: implantação de sistemas que apóiam a alocação da produção. Mas o caso do Peru é bem diferente, pois eles têm toda a produção concentrada numa planta única, em Chimbote. Mesmo assim, eles possuem diversas máquinas e é aí que o sistema os ajuda. Além de apoiar na implantação, a gente acaba reorganizando o processo deles, pois até há pouco tempo as pessoas conviviam com muita repressão. E muitas vezes elas têm dificuldades em falar abertamente.

No mais... foi uma indiada. Muitas horas de viagem, e não consegui conhecer os pontos turísticos. Mas a experiência foi muito boa, e as pessoas lá são muito legais também. Além disso, sem problemas com bagagem... com exceção da...

A volta: também por Buenos Aires. Não pude deixar de comprar dois potes de doce de leite da Havanna. E ao chegar no aeroporto de Porto Alegre, me fizeram passar pelo raio-x. O cara viu meus potes e mandou eu falar com a Vigilância agropecuária. A primeira coisa que o cara fez foi me mostrar uma lata de lixo com potes de doce de leite rompidos e cheios. Tomei um mijão do cara, pedi desculpas, e felizmente ele me disse que eu “estava com sorte” e me deixou ir com os potes, e me deu um gibi da Mônica que conta uma divertida história em que a Magali vai para a Europa, e volta cheia de comida na mala. Não preciso dizer que os vigilantes se horrorizam e dão um mijão nela também.

Politicamente INcorreto: engraçado ou ofensivo?

Quem leu os comentários do post anterior do Jean - no qual ele aponta um belo disco do grande e saudoso Jeff Healey - pôde conferir que houve uma pequena polêmica quanto ao título que ele havia escolhido para o texto. Quando recebi a atualização no meu e-mail, lá estava escrito no título:

Vocês sabiam que eu compro CDs? Cegueta mas não maneta

Não tenho vergonha em assumir que me deleitei muito com o humor negro destilado pelo Jean no título. Ri, e ri alto. Qual não foi minha surpresa quando abri o blog pra comentar sobre o post, e vi que o título havia sido mudado. Estranhei, tanto que deixei o comentário que ali está, uma espécie de lamentação pelo primeiro título ter sido modificado, possibilitando que outros dessem risada, como eu. Ao menos foi o que eu imaginei de início.

Depois, conversando com o Hisham - assim como o Jean já explicou - entendi o por quê da mudança. Só aí eu fui me dar conta de que outras pessoas poderiam achar a frase uma ofensa pessoal, de alguma forma. O que não foi o caso deles dois, Hisham e Jean, já que não são cegos ou tem perna mecânica, "Roberto Carlos style".

Não que eu saiba, ao menos, né amiguinhos? :)

Brincadeiras à parte, a questão me deixou um pouco intrigado. Até que ponto estamos sendo politicamente corretos em mudar o título? Até que ponto isso é realmente ofensivo? Até que ponto não estamos "censurando" esse título com uma certa dose de hipocrisia? Tudo isso me passou pela cabeça porque um dos tipos de piada e humor que mais me faz rir é o politicamente INcorreto. Parece que hoje em dia é cada vez mais feio achar graça neste tipo de sacada. O humor negro e politicamente incorreto parece cada vez mais restrito à Internet e a alguns poucos nichos da grande mídia, como o CQC, por exemplo (que faz piadas a torto e a direito com gaúchos, corintianos, gays, etc, e é engraçado, pra mim). Por que? Será que a gente não está muito rançoso, muito chato com esse assunto?

Pessoalmente, eu sempre simpatizei com o politicamente incorreto porque sempre tive a impressão de que a maioria das cabeças que defendem o "certinho" demais tem algum tipo de culpa no cartório. Ninguém é santo, correto 100% do tempo. Nem mesmo acredito que alguém tente ser correto o tempo todo. Por isso, o politicamente incorreto me parece mais sincero, mais "cara limpa".

Além disso, sempre soube rir de mim mesmo. Portanto, como sou branco como cera e uso óculos, convivo e acho graça dos apelidos que me foram dados ao longo da vida por conta dessas características: quatro-olhos, cegueta, urso branco, Gasparzinho, branquelo, Michael Jackson, entre outros.

Sei que cada pessoa tem uma maneira de lidar com o assunto. Alguns não aceitam bem essas brincadeiras - podem, por exemplo, interpretar como bullying -, e, como disse, entendo perfeitamente a preocupação dos guris quanto à questão do título do texto. Mas, fica aí a minha pergunta: será que é pra tanto? Na minha opinião, não. Quero saber a de vocês.

Fica aí um texto do humorista Maurício Meirelles sobre o assunto também.

Obs: este post é uma homenagem pessoal ao mestre Mussum, falecido há 15 anos, um dos mestres do humor politicamente incorreto. CACILDIS!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Vocês sabiam que eu compro CDs? Impressionante!

The Jeff Healey Band - Cover to Cover

Essa é a primeira coisa que me veio a cabeça quando vi ele tocar pela primeira vez em um vídeo. Jeff Healey é um guitarrista extremamente versátil nas coisas que ele faz, e o fato de ele ser cego não denigre ou amplifica o seu trabalho. Agora, assistir esse cara ao vivo com aquele jeito todo estranho de tocar realmente é de cair o queixo. Um guitarrista de blues-rock de mão cheia!

Neste CD Jeff faz covers de várias bandas clássicas do rock e do blues, indo de Yardbirds, passando por Eric Clapton e indo a Led Zeppelin. As versões ficaram muito legais, algumas mais rock, outras apenas instrumental. Em todas podemos notar as mãos de Jeff.

Infelizmente Jeff não resistiu ao câncer, que o deixou cego desde criança, e morreu no ano passado.

Capa: Na capa Jeff e sua banda tomando um trago (gostei desse cara ;). Na contracapa aparece os mesmos com algumas crianças que são, presumo eu, familiares dos músicos.

Músicas:
  1. Shapes of Things
  2. Freedom
  3. Yer Blues
  4. Stop Breakin' Down
  5. Angel
  6. Evil
  7. Stuck in the Middle With You
  8. I Got a Line On You
  9. Run Through the Jungle
  10. As the Years Go Passing By
  11. I'm Ready
  12. Badge
  13. Communication Breakdown
  14. Me and My Crazy Self
Vídeos:

Quem nunca viu, aconselho ouvir e depois assistir ;)
Para saber mais:

http://www.jeffhealeyband.com/

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Grêmio x Santo André, Botafogo x Inter

Bom, não vou ter muito o que dizer sobre os jogos de Inter e Grêmio dessa rodada do fim-de-semana já que não assisti as partidas. Aliás, nem eu nem vários dos colegas de blog, já que estávamos na festa de aniversário do Gustavo, deliciando-nos com o excelente costelão preparado pelo Flagg e pelo amigo deles, o Schuch (a quem não tive a oportunidade de agradecer pessoalmente, faço agora pelo blog!). Festa aliás que contou com o mashup do vídeo do Decálogo de Krzysztof Kieslowski com o som do "Grã-Funk", edição comemorativa reissue "relic" da primeira edição de Cien Años de Soledad, Gustavo virando o Altered Beast no Mega Drive (o passado é agora!), session unplugged com violão, viola, cavaco, cajón e ukulele (Joe Brown!), videoconferência com a Irlanda (na qual ouvimos o Barolho proferir a frase "quase comprei uma Les Paul" (SIM!) )... e o vídeo do Samwell (que terei a decência de não linkar).

Enquanto apreciávamos o costelão, deixamos os jogos de Grêmio e Inter rolando no minuto-a-minuto do computador (com internet 3G oferecimento do Estúdio 1/2 Boca ;) )... e o que vimos foi:
  • Grêmio 3x1 Santo André
  • Botafogo 3x2 Inter
O Inter, depois de tomar 2x0 no primeiro tempo, esboçou uma reação chegando ao 2x2 (o primeiro de pênalti e o segundo foi do Leandrão pouco depois de eu xingar o Tite por tê-lo colocado no time) mas no final foi mais uma derrota mesmo. Já o Grêmio continua fazendo boa campanha em casa e parece não ter tido dificuldades para vencer o Santo André.

Enquanto isso, na Série D:
  • No Grupo A1, o Genus (RO) conseguiu arrancar uma vitória sobre o Nacional (AM), empatando em pontos com o Atlético Roraima. Essa vaga vai ser suada.
  • O São Raimundo foi ao Amapá e deu o troco no bem-estruturado Cristal, de quem havia perdido em casa, e pelo mesmo placar: 1x0. Segue líder do grupo, com 9 pontos.
  • Quem também é líder é o Alecrim (RN), com a vitória de 2x0 sobre o Treze. Temos até os gols da partida!
  • Mas 100% no campeonato até agora, só o Macaé: 4 jogos, 4 vitórias. A mais recente, sobre o Atlético de Alagoinhas (BA).
  • Se o Macaé no Grupo A5 é o orgulho do interior do Rio de Janeiro, o Friburguense no Grupo A6 é a vergonha: 4 jogos, 4 derrotas. É o único time que ainda não pontuou na Série D. A derrota mais recente foi para o Tupi (MG), que aliás, é o líder do seu grupo.
  • Lembram do embolado Grupo A7? Já nem tão embolado assim: os paulistas Ituano e Mirassol ainda não conseguiram vencer, e os representantes do Triângulo Mineiro Uberaba e Uberlândia dominam o grupo. O colorado é líder, enquanto o verdão segue logo atrás. (Ah, se fosse assim na Série A...)
  • O São José de POA perde a primeira, e justo para o Timão-Fake. 2x1 para o Corinthians Paranaense. O Zequinha ainda é líder, com 9 pontos. Quem está fazendo feio é o Pelotas, com apenas 1.

sábado, 25 de julho de 2009

Acidentes Brasileiros na Fórmula 1: barbeiragens ou azar?

Hoje, com muito esforço, levantei da cama, acometido de poderosa gripe, e fui olhar um pouco de TV. Qual a minha surpresa ao dar de cara com um helicóptero alçando voo em pleno treino de Fórmula 1 do GP da Hungria. Logicamente, alguém tinha se machucado. Em seguida, ecoou a voz de Galvão Bueno (eterno portador de maus agouros), informando que o acidentado era Felipe Massa.

Em seguida, pude ver o quão estapafúrdio foi o acidente: o carro de Rubens Barrichello soltou uma peça no meio da pista e a peça, certeira, foi direto na cabeça de Massa. Atordoado com o impacto, ele passou reto por duas curvas e deixou a Ferrari parar na barreira de pneus. Resultado: uma concussão já operada e algumas semanas sem correr, provavelmente.

O acidente de Felipe Massa encontra eco nos demais acidentes acontecidos com brasileiros na Fórmula 1, que sempre têm uma tendência para o inusitado (ou ridículo mesmo). Fora o acidente que matou Ayrton Senna, o mais famoso e lembrado, temos uma lista invejável de grandes feitos pátrios nas pistas:

• O próprio Rubens Barrichello já teve o seu momento Vídeos Incríveis: nos treinos para o GP de Imola de 1994 (dois dias antes de Senna morrer), a sua Jordan decolou e por pouco não passou por cima da barreira de pneus, acertando a arquibancada próxima;

Maurício Gugelmin (lembram dele?) fez um forrobodó na largada do Grande Prêmio da França de 1989: tentou ganhar o máximo de posições, perdeu o ponto de frenagem e conseguiu bater em dois carros com sua March, a Williams de Thierry Boutsen (lembram dele também?) e a Ferrari de Nigel Mansel (este ninguém esquece...), pousando na caixa de brita de ponta-cabeça. Aliás, graças a este acidente (que envolveu quase todos os carros da corrida), até hoje eu assisto a largada de um GP esperando por uma colisão em massa;

• O mais espetacular, porém, fica com Christian Fittipaldi e sua Minardi: ao chegar em oitavo colocado no GP de Monza de 1993, o sobrinho de Emerson tentou passar o seu próprio companheiro de equipe e acabou fazendo um lindo looping, caindo de volta com as quatro rodas no chão e ultrapassando a linha de chegada;

• Até mesmo quando não estão correndo mais na F1, brasileiros podem ter acidentes incríveis – como é o caso de Nelson Piquet, que, ao sair da categoria, foi correr as 500 Milhas de Indianápolis e teve sorte de sair apenas com as duas pernas quebradas...

O certo é que Massa, agora em coma induzido, deve estar amaldiçoando Rubinho por este não ter se aposentado este ano...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Ministério da Saúde adverte...



...fumar é prejudicial à saúde. Dos humanos e das aves.

Aproveitando: quem aqui fuma ou já fumou cigarro?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Inter x São Paulo, Avaí x Grêmio

Uma rodada de meio de semana um tanto tosca para os gaúchos no Campeonato Brasileiro:
  • Avaí 1x0 Grêmio
  • Inter 2x2 São Paulo
O Grêmio perde mais uma fora e tem a pior campanha como visitante do campeonato: 5 derrotas e 1 empate. Muita reclamação contra a arbitragem, com o Herrera fazendo manchetes com um desabafo que arrisca pegar mal. O Inter mais uma vez estava com o jogo "resolvido" no primeiro tempo e deixou o 2x0 (dois gols de Alecsandro com lançamentos de Kleber) virar um 2x2 no segundo, com destaque pra entrada de Jorge Wagner no SPFC, que desequilibrou a partida. A situação de Tite nunca esteve tão ruim com a torcida, e a saída do Nilmar parece questão de tempo: o jornal espanhol já anuncia e ele desconversa.

terça-feira, 21 de julho de 2009

YouTube: nem tão "broadcast yourself" assim...

A ideia desse post surgiu em uma conversa que eu e o Hisham tivemos ainda hoje, e acabamos escrevendo-o a quatro mãos.

Pensem um pouquinho, caros colegas e leitores desse blog, em qual é a maior fonte de diversão de cada um de vocês na Internet, nos últimos 4 anos. Provavelmente, a maioria aqui vai responder o mesmo que nós: vídeos do YouTube. Pra ficar só em alguns exemplos clássicos dessa (que imaginávamos que seria, ao menos) eterna fonte de risadas:
  • Ruth Lemos: talvez a primeira estrela informal da Internet no Brasil, pioneira em chamar a atenção da grande mídia para um vídeo que virou fenômeno na grande rede, e que inaugurou uma fórmula que garantiu o emprego da produção do Programa do Jô por um bom tempo - a de entrevistar esses novos "fenômenos de popularidade";
  • ForMula: Este chegou a ganhar uma análise em câmera lenta - adivinhe em que programa? -, e merece atenção especial pelo genial texto do repórter;
  • Jeremias, que ganhou candidatura à presidência da República;
  • Chocolate Rain, o menino com a voz de trovão, homenageado por ninguém menos que Darth Vader;
  • Velhinho que comeu e não pagou, que cunhou um dos melhores finais de matérias jornalísticas de todos os tempos;
E o melhor deles, hors concours em qualquer lista, o mais parodiado, funkeado e reeditado dos vídeos, o choque do Lasier.

"ESTAS, MAIS DE MESA". Continuemos, PEDERNEIRAS.

Percebemos algumas mudanças de uns tempos pra cá em um dos aspectos mais legais do YouTube desde que ele surgiu, lá no longínquo ano de 2005 (segundo a Wikipedia, mais precisamente em fevereiro de 2005): essa espécie de informalidade, o caráter de comunidade virtual que fazia com que eu, Chico, tivesse certeza que encontraria algum dia o chocante vídeo do Lasier na Festa da Uva - episódio que não tive o privilégio de assistir ao vivo, por um daqueles lances do destino que só o YouTube poderia corrigir.

O "novo" YouTube

Hoje, o site parece mais voltado para a "oficialização". Grandes conglomerados, como a Warner, já têm canais oficiais no YouTube, e provocaram uma onda de protestos dos internautas quando começaram a, entre outras atitudes, tirar o áudio de alguns vídeos por questões de direitos autorais.

O Los Angeles Times fez uma reportagem comentando os efeitos causados pela mudança dos critérios de ranking do YouTube nas buscas e materiais da capa. Antigamente o ranking principal era o de mais views, um critério simples e democrático. Agora, é uma medida obscura de "popularidade", o que significa que o site aplica os critérios que quiser pra escolher o que tem ou não exposição -- ou seja, a exposição no site não é mais função direta da manifestação da sua comunidade de usuários, como costumava ser.

Tem circulado também um vídeo com mais de 40 mil comentários denunciando a mudança de foco do site que tenta cada vez mais competir com o hulu.com, um site que firmou parcerias com canais de TV para transmitir o seu conteúdo de forma geograficamente restrita (por isso, o site não é popular fora dos EUA). Todo mundo a essa altura já deve ter esbarrado recentemente em algum link do YouTube bloqueado geograficamente (este link é do clip de Beat It no canal oficial do Michael Jackson no YouTube -- não funciona acessando do Brasil).

O YouTube parece estar aos poucos renegando o aspecto social do site e se tornando mais um mero provedor de entretenimento. Ele pode ser uma "fonte de risadas" e sim, as divertidas memes eram parte do que fazia o site um sucesso, mas mais do que isso, o YouTube fomentava comunidades, indo desde músicos trocando dicas sobre solos de guitarra até trabalhos artísticos colaborativos que eram produzidos e exibidos no próprio site.

Enquanto isso, o YouTube perde o foco como o "site da moda" para o Twitter, que tem um foco forte no aspecto social, mas que infelizmente não promove na sua comunidade real produção de conteúdo, mas apenas disseminação (na forma de links e retweets) -- talvez por isso a sua natureza de mero "networking" tenha atraído mais as celebridades da grande mídia a ele, já que enquanto no YouTube de 2006 para ganhar popularidade o único critério era aparecer com algo que gerasse interesse real (e por conseguinte, views), no Twitter de 2009 a medida de "sucesso" é mera questão de "ter seguidores".

E que comece o debate... o que vocês pensam sobre o assunto?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pagando as dívidas

Perdoem-me os colegas do blog pelo tom auto-biográfico desse post, mas acho que o assunto é de interesse geral e espero que todos possam contribuir com as suas impressões sobre esse tema.

Nesse último sábado, na Embaixada do Rock, em São Leopoldo, toquei em uma só noite em dois shows que com certeza estiveram entre os melhores que eu já tive a oportunidade de fazer parte: um set especialmente roqueiro de Beatles com a Flaming Pie (Gustavo, Skizo, Guto e Flagg), e um encerramento de noite fantástico com a gurizada da Sikk (Félix, André e Chico), tocando Kiss.

Não lembro exatamente do horário, mas devia ser entre 3 e 4 da manhã quando cheguei na casa da minha irmã pra dormir um pouco (tinha outro show pra fazer às 13h do dia seguinte), cansado, suado, com a garganta totalmente destruída... mas em estado de graça, com as músicas das bandas que fizeram a minha infância e adolescência ainda tocando na minha cabeça, e com as imagens dos shows e da gurizada que assistia cantando junto, compartilhando essas músicas. Na hora que botei a cabeça no travesseiro pra dormir, o pensamento que me veio à cabeça, de reflexo, foi: "Bah, paguei as dívidas hoje."

Acordei na manhã seguinte com a frase ainda na cabeça. Nunca tinha pensado por essa ótica, mas de repente fazia todo o sentido: eu me sentia em dívida com essas bandas que foram partes fundamentais da minha formação como músico. Aprender a tocar as músicas deles era um estudo, tocar elas (ainda mais pra um público formado em grande parte por gente mais nova) é mais do que declarar publicamente a influência, é quase "espalhar a palavra". Lembro de depoimentos de várias pessoas que me disseram que depois de shows da Fink Ployd foram atrás de material do Pink Floyd pra conhecer mais sobre a banda. Lembro do Jean falando depois do primeiro show da Sikk: "cara, eu descobri que sou fã de Kiss!"

Nunca tinha me dado conta, até esse domingo, que essa é a origem do termo "tributo". A gente fala tanto essa palavra sem pensar e não nos damos conta que quando falamos em "show de tributo" é como se estivéssemos pagando tributos mesmo, pagando "impostos" devidos a essas bandas que contribuíram tanto ao nosso processo formativo e merecem restituição.

Fez sentido concreto pra mim também esse sentimento que eu só tinha abstratamente, de que pagar esses tributos é parte de um processo, do processo da formação da nossa própria identidade como músico. Por isso talvez eu sempre tenha insistido que a Fink Ployd deveria ser um projeto com começo, meio e fim, e não uma banda que fosse "um fim em si mesma". Eu me sinto com as dívidas pagas com o Pink Floyd, e especialmente com o Dark Side of the Moon, o álbum que mais me marcou na vida. Pra esse ano, ficou a tarefa de pagar as dívidas com os Beatles, a banda que mudou a minha relação com a música, e com o Kiss, que foi a primeira banda de que realmente fui fã.

Confesso que à medida que esses tributos vão sendo pagos, cada vez menos eu sinto vontade de tocar covers, embora existam inúmeras outras bandas que também mereçam homenagens. Talvez porque o próprio ato de realizar esses projetos dê uma sensação de "dever cumprido" e vontade de partir para passos seguintes. Talvez porque ao olhar para a minha participação em cada um desses projetos eu perceba uma parcela de identidade comum, que deve ser a minha própria (e isso eu posso dizer que vejo também em vocês, meus amigos e colegas de projetos com quem eu tive a chance de tocar em mais de um contexto musical diferente).

E vocês, caros amigos solistas desafinados, qual a relação de vocês com esse processo?

domingo, 19 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Grenal do Centenário

Mais um Grenal esse ano, o quarto, e mais um 2x1. A novidade é que, ao contrário dos sete últimos, o Grêmio venceu. Já que esse não é um Mesa-redonda bola-quadrada comum -- é uma edição de Grenal -- não tenho como sequer tentar ser objetivo, então passo a palavra aos vencedores. Com vocês, Roberto Coutinho representando o olhar gremista:

"De qualquer forma, o resultado não é uma surpresa. Levando-se em conta que é o primeiro Grenal do ano na casa tricolor e considerando a ascenção do time treinado por Paulo Autuori versus os últimos resultados desastrosos da equipe de Tite, uma vitória azul já era esperada.

Este foi um clássico especial, já que no dia 18 de julho se comemorou 100 anos do primeiro confronto entre as duas equipes. Na história, o Inter venceu mais (141 contra 119), mas o Grêmio venceu o primeiro e repetiu o feito 100 anos depois.

Do lado do Grêmio, foi um bom jogo. O primeiro tempo teve o velho problema defensivo pela esquerda, por onde originou o gol colorado. O técnico corrigiu a marcação no intervalo, deixando Nilmar isolado e neutralizando o ataque do Inter na segunda etapa. Destaque para o estreante em grenais, Mário Fernandes e para Réver, mais uma vez irrepreensível na zaga. Por outro lado, Tcheco sentiu a pressão do jogo e caiu de produção após o gol de Nilmar."

Quanto ao Inter, o que eu posso dizer é que gostei de ver o meio-campo com Sandro, Guiñazú, Andrezinho e D'Alessandro. (Pena que não vai durar, com a punição de 60 dias de D'Ale.) Não havia nada a se fazer quanto ao belo gol do Souza, mas o segundo gol foi uma típica trapalhada na área bem ao estilo que o sistema defensivo colorado (ou falta de sistema) vem tomando.

Enquanto isso, nos quatro cantos do Brasil, tivemos a terceira rodada da Série D! Vamos aos destaques:
  • O Pelotas amargou mais uma derrota fora de casa: 4x2 pro Brusque (SC). Ypiranga tomou 4x0 do Londrina no Paraná. Quem vem defendendo a honra gaúcha é o Zequinha, que venceu o Corinthians (PR) por 1x0 em casa e segue com 100% de aproveitamento.
  • O Nacional (AM) mais uma vez confirmou o domínio no Grupo A1: 2x1 no Genus em Rondônia. Tudo indica que a disputa Roraima-Rondônia será decidida no confronto direto, mesmo, que será na última rodada da primeira fase, pra maior emoção ainda. Marquem nos seus calendários: 8 de agosto, Genus x Atlético Roraima em Porto Velho. A Batalha do Norte já tem data pra acontecer.
  • Pra alegria do Jean, o São Raimundo (PA) mantém a liderança isolada do Grupo A2, que teve também a goleada do Moto Club (MA, estado do Sarney) sobre o Cristal (AP, o outro estado do Sarney) por 4x0.
  • Quem também é líder no seu grupo é o potiguar Alecrim, que conta com a torcida do Ulisses e do Sérgio. Nessa rodada, porém, ficaram no 1x1 contra o Treze (PB), lá em Campina Grande.
  • E o campeão de público marcou passo novamente: o Santa Cruz perdeu pro Sergipe por 1x0 e perdeu a liderança do Grupo A4, que agora está com o Central (PE).
  • Outro time 100% no campeonato é o Macaé do Chico: 2x1 sobre o Atlético de Alagoinhas, com gols de André Gomes (não o baixista!) e Bruno Luiz.
  • No Grupo A7, que estava todo empatado, enfim vitórias: os dois mineiros venceram os dois paulistas: Uberlândia 2x1 Ituano, Uberaba 4x1 Mirassol. Minas über alles!
  • O jogo mais eletrizante da rodada parece ter sido Anapolina (GO) 3x3 Brasília: abriu 2x0 Anapolina, Brasília busca 2x2 (com um gol contra), Anapolina faz 3x2 de pênalti e finalmente o Brasília define o empate. Mas o líder do A8 é o Araguaia (MT) com 7 pontos; Anapolina tem a segunda vaga com 5.
  • A artilharia está dividida entre três jogadores, com 3 gols cada: Marco Antônio, do Anapolina; Gauchinho, do Treze e Didi Cearense, do Moto Club (MA). Renato Aragão deve estar orgulhoso.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

E Stanley Kubrick filmou a chegada à Lua

Dia 20 de julho próximo se comemora o quadragésimo aniversário da chegada do homem na Lua, na missão Apolo 11. Uma comemoração muito legal é a do Museu e Biblioteca John F. Kennedy, que pôs no ar o site We Choose the Moon, onde o internauta pode acompanhar em tempo real o áudio da Apolo, como se a missão estivesse de fato acontecendo (ontem, dia 16, fez 40 anos que o foguete Saturno V, que levava o módulo lunar, foi lançado, dando início à viagem). Dá, aliás, para seguir no Twitter.

Claro que tem muita que não acredita que o homem chegou na Lua. As imagens feitas pelos astronautas seriam, na verdade, realizadas dentro de estúdios em Hollywood. A mais extravagante destas teorias de conspiração é aquela que diz que Stanley Kubrick, um dos maiores diretores da história do cinema, seria o responsável pela produção deste material.

A ideia inspirou o cineasta francês William Karel a fazer um documentário, Opération Lune. Quer dizer, um documentário não, um “mockumentary” – subgênero de filmes cômicos ou satíricos, feitos em linguagem e formato de documentário (onde se enquadra os filmes de Sasha Baron Cohen, Borat e o ainda inédito no Brasil Brüno). O filme de Karel, muito além da comédia, é praticamente um estudo da cegueira intelectual humana: ao dar um tom poderosamente sério para o filme, o diretor faz com que o espectador médio não veja as pistas claras de que todo o conteúdo é uma grande bobagem.

Claro que Karel é engenhoso e dá um nexo (ainda que irreal) para a história que “defende”: a corrida espacial americana nada mais seria que o início do programa de defesa anti-ataque nuclear (o Guerra nas Estrelas) de forma encoberta; Stanley Kubrick obteve uma lente especial da Nasa para a produção de Barry Lyndon (de fato filmado com uma lente para fins astronômicos) como pagamento por seu “trabalho” na missão Apolo 11; o cientista Wernher Von Braun, responsável pelo início do programa espacial norte-americano, teria encontros constantes com Walt Disney para transformar as viagens espaciais em verdadeiros shows, etc.

Agora, divertido mesmo é ver atores contratados dando depoimentos como sendo pessoas reais, intercalados com gente de verdade mesmo. Karel entrevistou vários figurões do governo Richard Nixon (presidente estadunidense à época), incluindo Henry Kissinger (um dos nomes mais poderosos da Guerra Fria) e ninguém menos que o “falcão” Donald Rumsfeld (uma espécie de Sarney da segurança nacional dos EUA, pelo jeito...). Até mesmo Buzz Aldrin, segundo astronauta a caminhar na Lua, e a mulher de Kubrick, Christiane Kubrick, aparecem – todos cúmplices desta "pegadinha do Mallandro".

Quanto aos personagens interpretados por atores, seus nomes são tirados de filmes de Kubrick e de Hitchcock (um que, certamente, adoraria a brincadeira). Assim, temos uma falsa secretária de Nixon, Eve Kendall (uma agente dupla de Intriga Internacional); um pároco chamado Ambrose Chapel (que, em O Homem que Sabia Demais, parece ser o nome de alguém até que se descobre ser uma igreja, a Capela Ambrose); um ex-agente da KGB que hilariamente diz (num inglês sem sotaque) que os russos sacaram na hora a farsa e cujo nome, Dimitri Muffley, é uma mistura dos nomes de dois personagens de Doutor Fantástico, e por aí vai. Temos até um produtor da Paramount que atende por Jack Torrance – personagem de Jack Nicholson em O Iluminado.

No Youtube, dá para assistir a todo Opération Lune – que nos EUA, foi lançado, num toque de gênio, como The Dark Side of the Moon. Para não precisar ver uma hora e meia de material, alguém disponibilizou uma versão resumida de pouco mais de 25 minutos, dividida em parte 1, parte 2 e parte 3, em inglês. Sério, vale a pena assistir, nem que seja para valorizar a espirituosidade dos caras que se propuseram a este trabalho todo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Vocês sabiam que eu compro CDs? Dizem que sou louco

Arnaldo Baptista - Let it bed

Depois de um longo tempo isolado em sua casa em Juiz de Fora - MG, Arnaldo resolve gravar um disco novamente. Um dos fundadores dos Mutantes, passou um longo tempo longe da mídia, ficava em sua casa apenas pintando alguns quadros.

John Ulhoa, guitarrista do Pato Fu, procurou Arnaldo para produzir um disco. Desta parceria surgiu então Let It Bed, de 2004. Um disco bem estranho, diga-se de passagem. Na época esse disco foi vendido através da revista Outra Coisa.

Nesse disco todas as músicas ou são do Arnaldo ou são adaptações feitas por ele. Inclusive ele canta uma de um filme do Pica-Pau de 1941 (?!?!?). As letras, algumas muito legais, outras sem pé nem cabeça como era de se esperar.

A produção geral do disco não é tão boa, mas isso pode ser explicado. Diz a lenda que dentro da casa do Arnaldo tinha n instrumentos com n microfones, pegando tudo o todo tempo. O Arnaldo ficava indo de um lado para o outro tocando um monte de partes em vários instrumentos. No final pegaram as melhores partes/takes e montaram o disco.

Capa:

Uma foto dele com uns rabiscos. E no encarte tem umas figuras estranhas, que em alguns momentos me lembrou o The Wall.

Músicas:
  1. Gurum Gudum
  2. Woody Woodpecker (Everybody Thinks I'm Crazy)
  3. LSD
  4. To Burn Or Not To Burn
  5. Bailarina
  6. Deve Ser Amor
  7. Nobody Knows
  8. Cacilda
  9. Imagino
  10. Ai Garupa
  11. Encantamento
  12. Carrossel
  13. Tacape
Para saber mais:

No site do Arnaldo tem trechos de todas as músicas para download.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Inter x Fluminense, Coritiba x Grêmio

Rodada de meio de semana no mundo da bola, com Campeonato Brasileiro e final de Libertadores. Os resultados:
  • Coritiba 2x1 Grêmio
  • Inter 4x2 Fluminense
  • Cruzeiro 1x2 Estudiantes
O Grêmio perdeu de virada em Curitiba, deixando escapar a vitória depois de ficar com um jogador a menos em campo. No jogo do Inter, o Tite inovou em função das vicissitudes e armou um 3-5-2, que não durou muito em função das expulsões de Magrão e Fred, deixando 10 pra cada lado. O Inter chegou a abrir 2x0 (Sorondo e Andrezinho), mas um novo blackout e num intervalo de 2 minutos cedeu o empate. Tite então botou em campo o criticado Taison, que encerrou um jejum de 49 dias, marcou dois gols e garantiu a vitória colorada. Pelo menos até amanhã, o Inter é novamente líder do campeonato.

Na Libertadores, o Cruzeiro chegou a fazer 1x0 no segundo tempo, mas o valente time do Estudiantes reagiu, fez 2x1 e se sagrou Campeão da América. Verón repete os passos do pai e leva os pinchas de La Plata ao topo do continente. Resta agora esperar o fim do ano para o que promete ser a melhor final de Mundial dos últimos tempos. De um lado, Verón sabe que é sua última chance, joga cada campeonato como o último, e impregna o time com esse sentimento. Do outro lado, o Barcelona chega ainda mais qualificado como "melhor time do mundo" do que em 2006, com os louros da tríplice coroa conquistada (Copa do Rei, Campeonato Espanhol e Champions League), ao mesmo tempo que o jovem Guardiola reformulou o Barça mais como um grupo e menos como uma constelação de estrelas.

Ainda nas quartas-de-final da Libertadores, quando o Grêmio disputava com o Caracas, eu falei pra gurizada que apostava numa final Cruzeiro x Estudiantes com os platenses campeões (na verdade, eu cantei corretamente toda a sequência futura de classificações da tabela, em um momento tal de iluminação nostradâmica que eu acho que nunca mais vou repetir na vida!), mas sinceramente eu não sei em quem apostar para o Mundial.

O Brasil que é apresentado aqui fora

Nesta semana foi ao ar aqui na Irlanda um programa chamado Ross Kemp on Gangs, da Sky, e o lugar da vez era o nosso cartão postal, o Rio de Janeiro.
Definitivamente a intenção do repórter era mostrar como REALMENTE a coisa acontece, e não como é documentado pelos "Globo Repórter" da vida...

As entrevistas iniciaram com o taxista do aeroporto, que explicou o era a "Faixa de Gaza", passando pelos moradores das favelas, pelos vigias, que sao os soldados que protegem a comunidade da policia e das facções rivais, chegando ao Dono do Morro, e posteriormente, encontrando em um presídio o ilustre fundador do Comando Vermelho (70's).

O legal é que para cada informação obtida do lado dos bandidos, era buscado o "recontra-puxa" do lado dos policiais, ex:
Ross: "Como os bandidos tem acesso a um armamento tao poderoso?"
Policia: "As armas provem de contrabando da Colômbia e Paraguai..."
Ross: "Como vocês conseguem todo este armamento?"
Tráfico: "As armas vêm diretamente da polícia..."
Ross: "Os criminosos afirmam que as armas são fornecidas pela própria polícia, você confirma?"
Comandante Geral da PM: "ahhhh, erhhh, sim, eles roubam a polícia nos confrontos..."

Agora, o fato que sinceramente me deixou mais assombrado, foi o business que rola no morro entre Facção A x Polícia x Facção B.
Sempre que a polícia invade o morro, a ordem é matar os "soldados" e capturar o Chefe do Tráfico, pois não há vagas nos presídios e somente este segundo tem valor comercial. Tendo a posse do Chefão, a polícia solicita um valor X para o resgate, enquanto ao mesmo tempo o "sequestrado" é oferecido por um valor mais gordinho à facção rival, e quem pagar mais leva! O detalhe é que se a facção rival ganha o leilão, o ex-Chefe (a estas alturas) é entregue literalmente picadinho. Muitas vezes envia-se apenas a cabeça do dito cujo.

Este repórter fez matérias em diversas áreas de risco ao redor do mundo, entrevistando desde os piratas que recentemente andaram sequestrando navios petroleiros americanos até as milícias no Timor Leste e Colômbia. Segundo ele, o RJ foi um dos lugares mais impressionantes, não só pela ousadia dos criminosos, mas pela corrupção impregnada nas instituições policiais.

Ainda bem que o Brasil ainda é associado a coisas boas como futebol e carnaval... mas até quando?

Cheers!

terça-feira, 14 de julho de 2009

O homem por detrás do poder

Tempos atrás, em algum post do Sol Desafinado, o Ulisses havia pedido para eu escrever sobre a crise no Senado. Mas acho que isso tá mais do que falado em todos os meios de comunicação e eu não iria acrescentar em nada na história. Para quem estiver por fora e quiser entender o que está acontecendo, tem um resumo bem legal no G1.

De qualquer forma, não posso ficar alheio aos últimos escândalos políticos ocorridos no nosso país. Assim, resolvi fazer uma rápida pesquisa do pivô de toda a crise. Acabei encontrando uma série de acontecimentos muito interessantes na vida pública de José Sarney, que ajudam a entender porque ele é considerado um dos políticos mais influentes do Brasil pós-Getúlio.

Sarney é um amuleto político da história do Brasil. Quem está com ele, está tranquilo. Quem está contra... tsc, tsc, tsc... coitado!

Sua mística começa nos conturbados anos 60. Jango, sentindo que ia levar ferro, resolveu convidar o pessoal da UDN para dialogar. Tentou a nomeação de José Sarney para ministro afim de acalmar os ânimos da oposição. O PTB não gostou da idéia e pressionou o presidente, que recuou. Menos de um ano depois, este foi deposto e o PTB fechado por conta do regime militar.

Com o golpe, Sarney se bandeou para a ARENA, prestando apoio ao regime. Os milicos mantiveram o poder sem maiores problemas por um bom tempo. Na reabertura política, o MDB virou PMDB e a ARENA se transformou em PDS. A escolha do candidato à Presidência da República pelo PDS gerou brigas internas. Sarney se desentendeu com o partido e acabou mudando para o PMDB, tornando-se vice do Tancredo Neves, que faleceu antes de ser empossado.

Quando o Presidente eleito morreu, houve uma discordância sobre quem deveria assumir a cadeira: o Vice-Presidente ou o Presidente da Câmara dos Deputados, Ulisses Guimarães. Por fim, decidiu-se por Sarney. Alguns anos depois, quando estava se encaminhando para ser o próximo Chefe de Estado, Ulisses Guimarães caiu de helicóptero e nunca mais fora encontrado.

Em 1990, o adversário político de Sarney, Fernando Collor de Mello, assumiu a Presidência. Acabou sofrendo o Impeachment. Itamar então herdou o cargo e rapidamente buscou trazer o agora Senador para seu lado. Terminou o mandato em alta como o presidente do Plano Real e do fusquinha. Fernando Henrique acabou se elegendo e assumindo a presidência com o apoio do Sarney. Conseguiu inclusive se reeleger! Na eleição subsequente, Lula venceu o sucessor do FHC. Quase se meteu em confusão com a história do mensalão. Mas conseguiu superar os problemas no seu governo porque o amuleto estava agora ao seu lado. Seguindo seu antecessor, também se reelegeu facilmente.

No início de 2009 Sarney então se tornou Presidente do Senado com apoio do governo e de boa parte da oposição. Surgiram então as denúncias de atos secretos, esdrúxulas criações de cargos, nomeação de amigos e parentes, desvios de dinheiro para museus particulares, contas no exterior... E mesmo estando no centro de todo o escândalo, ninguém (principalmente o Lula) é bobo de se meter com ele... Se engana quem acha que José Sarney está velho e vai morrer daqui a pouco... pois ele é Imortal!!!

Agora algumas curiosidades sobre este vulto da política nacional:
  • Nasceu no Maranhão em 1930;
  • Seu nome de batismo é José Ribamar Ferreira de Araújo Costa. Ele assumiu o "Sarney" de seu pai, Sarney de Araújo Costa, pois era um nome influente na política do estado;
  • Apesar de ser maranhense, é Senador desde 1990 pelo estado do Amapá;
  • Graças às suas grandes obras literárias, detém a cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras e é Acadêmico Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa;
  • É no momento, o membro mais velho da ABL e do Senado.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Grêmio x Corinthians, Atlético-PR x Inter

Antes de mais nada, gostaria de agradecer ao time co-irmão por me fazer sorrir hoje de manhã. O Diário Gaúcho pode ter mil defeitos, mas ele tem ao menos duas qualidades: uma, faz o exercício da leitura ser uma rotina para muita gente que de outra forma não leria nada; e outra, seguidamente me arranca risadas quando passo pela banca de jornal pela manhã. A manchete de hoje foi hilária: "Gordo passa fome na Azenha." Grêmio 3x0 Corinthians. Justamente aquele placar que o Inter precisava ter feito na final da Copa do Brasil.

Não muito longe dali, os clamores pela decapitação de Tite são ouvidos com cada vez mais intensidade nas imediações do Beira-Rio, e há quem diga que já dá pra enxergar no horizonte uma horda de torcedores furiosos brandindo tochas e gritando palavras de ordem. O placar de 3x2 para o Atlético-PR em Curitiba não chega a ser vergonhoso, mas o blackout do time tomando três gols entre o primeiro de Nilmar que garantiria a liderança e o segundo de Alecsandro que aliviou o saldo relembrou demais os fantasmas do jogo contra a LDU.

E domingo que vem é dia de Grenal.

Enquanto isso, tivemos nesse fim de semana a segunda rodada da Série D!
  • No Grupo A1, o Atlético Roraima não conseguiu arrancar pontos do Nacional (AM), que confirmou o favoritismo.
  • No Grupo A3, o Alecrim (RN) do Ulisses venceu o Flamengo (...do Piauí) e é líder isolado do seu grupo com 6 pontos.
  • O Santa Cruz (PE), que segundo nosso comentarista convidado Sérgio tem a "obrigação moral" de vencer a Série D, ficou no empate no confronto local com o Central.
  • No Grupo A7 tivemos um über-confronto mineiro: Uberaba 2x2 Uberlândia. Aliás, nesse grupo, que conta também com os paulistas Mirassol e Ituano, tá tudo embolado: só deu empate até agora, 2 pontos pra cada time -- estaria se configurando aí um Grupo da Morte?
  • Nos grupos do Sul, o Ypiranga de Erechim bateu o Naviraiense em plenos domínios clorofilo-alaranjados, e no embate gaudério entre São José e Pelotas, o Zequinha levou a melhor: 2x0.
  • E fiquem de olho nesse nome: Del Curuçá do São Raimundo (PA) é o atual artilheiro do campeonato com 3 gols, tendo marcado um contra o Moto Club (MA) e dois contra o Tocantins de Palmas.

Dia Mundial do Rock: celebração cultural ou jogada de marketing?

Parabéns a todos os amantes do Rock ‘n’ Roll, porque hoje, dia 13 de julho, é Dia do Rock (engraçado, uma segunda-feira ser Dia do Rock é uma espécie de contrassenso...) De qualquer forma, o dia está aí pra gente fazer o que bem entender com ele.

A ideia da estrutura deste post é do Hisham e eu divido com ele a mesma condição: nunca lembro de quando é o tal “Dia do Rock” no meu calendário comemorativo. Nunca me recordaria, não fossem as menções nos portais de notícia.

Para conhecimento geral: o Dia Mundial do Rock surgiu por conta de um festival feito em 1985, simultaneamente em Londres e na Filadélfia (EUA). O motivo do concerto duplo era gerar doações e atenção ao problema crônico de fome na Etiópia, cuja população em estado quase cadavérico é uma das imagens mais marcantes dos anos 1980 (hoje, convenientemente esquecidas em favor do imaginário oitentista colorido e louco de faceiro). O idealizador do evento, chamado de Live Aid, era Bob Geldof e entre os artistas que participaram estavam Queen, Madonna, Dire Straits, U2, B.B. King, Eric Clapton e outros tantos – junto com Phil Collins, que conseguiu tocar nas duas cidades, voando rapidamente de uma para a outra.

Mas por que este evento criou o Dia Mundial do Rock? Aparentemente, pelo simplório fato de que alguém o quis (não encontrei menção na Internet de detalhes sobre esta escolha). Afinal de contas, o gênero já existia há algumas décadas e ainda não possuía nenhuma data oficializada. Como provavelmente pensar num Dia do Rock envolvendo os primórdios do estilo viraria um inútil debate, recheado de polêmicas de “quem fez o quê antes”, decidiu-se pela data do Live Aid e pronto – pelo menos é o que me parece.

O importante de perguntar é: por que institucionalizar um dia para o Rock? O rock precisa de um dia para si, ou tudo é uma esperta sacada de marketing? Vocês, com a palavra nos comentários!

sábado, 11 de julho de 2009

Transformers: entretenimento sadio ou preconceito retrógrado?

Para não deixar a semana sem post sobre cinema, vale uma reciclagem? Este é um texto do meu outro blog, Sétima das Artes, que aqui eu acho que cabe melhor para uma boa discussão - por mais que o pessoal não tenha visto o filme em questão.

Alguém pode imaginar que eu estou fazendo campanha contra Transformers: a Vingança dos Derrotados, em cartaz nos cinemas. Pois podem deixar de imaginar e tenham certeza: estou mesmo fazendo o máximo possível para que o filme seja visto de maneira mais crítica (já que não dá para impedir que ele seja um sucesso de bilheteria). Inveja? De forma alguma. O filme é ruim de doer mesmo – e, para completar, seu conteúdo é absolutamente questionável.

Transformers tem recebido críticas pesadas de alguns setores da sociedade internacional, devido a elementos de caráter preconceituoso na história e na realização. Na verdade, fazia tempo que eu não assistia a um desfile tão acintoso de pré-concepções das mais variadas cepas. Dá pra fazer uma lista:

1. Transformers é racista: este é o elemento mais visível e mais polêmico. No filme, há dois robôs gêmeos que são caricaturas grotescas dos negros americanos. Ambos falam com coloquialismos típicos do gueto e são retratados como totais imbecis – a ponto de não terem nenhuma utilidade na trama, exceto a de serem um discutível alívio cômico. Em dado momento da história, o diretor Michael Bay pega pesado e mostra que os robôs gêmeos não fazem questão de ler – numa incrível demonstração de racismo (os negros, aqui, seriam burros e desinteressados).

2. Transformers é antidemocratas: Barack Obama também ganha a sua parcela de ridicularização por parte de Michael Bay. Seu nome é citado apenas no meio do filme e de maneira humilhante: quando se instaura uma crise mundial, ele se refugia num bunker no interior dos EUA – deixando, assim, Washington a mercê de qualquer perigo. Além da covardia (será por ele ser negro também?), Obama é muito mal aconselhado. O “vilão humano” da história é um assessor do presidente, que, dentro da filosofia do atual governo democrata, tenta acabar e moralizar as operações secretas envolvendo tropas americanas e robôs bonzinhos em outros países. O personagem é retratado como um inepto, uma ameaça à verdadeira segurança nacional, melhor protegida pelo zelosos soldados que lutavam no Iraque do que por burocratas.

3. Transformers é machista: um dos maiores atrativos do filme é a presença da belíssima Megan Fox – que não tem peso nenhum nas decisões da trama e nada mais é do que a sombra do seu namorado. Ah, sim, ela tem um papel muito importante: aparecer gostosa em todos os enquadramentos. Sempre que começa uma cena de ação na tela, alguém a pega pela mão e a arrasta, como se ela não tivesse a mínima condição de sair dali sozinha e precisasse da ajuda de um macho para se proteger. Fora ela, as outras mulheres que aparecem (uma robô fatal e a mãe do personagem principal) são igualmente estereotipadas – a robô como uma vadia universitária e a mãe como uma neurótica incontrolável.

4. Transformers ridiculariza o Terceiro Mundo: além do fato de que as tropas americanas simplesmente entram livremente nas fronteiras de qualquer país – ainda que seja a China ou o Egito –, os habitantes de qualquer país pobre são simplesmente ridículos. Por que o guarda da fronteira egípcia é um dos Oompa Loompas da Fantástica Fábrica de Chocolate, por exemplo? Isso sem contar que as tropas locais são um total fracasso na batalha contra os robôs: os helicópteros do Exército da Jordânia aparecem na tela por três segundos antes de serem imediatamente abatidos (aliás, o que fazem aeronaves da Jordânia em território estrangeiro?).

Querem mais? Então tá... 5. Transformers ridiculariza o próprio público-alvo: os nerds universitários que aparecem no filme estão entre as figuras mais desprezíveis da história. Um deles é covarde e, por mais que tente tomar uma decisão corajosa, sempre acaba berrando desesperadamente e irritantemente reclamando de tudo. Curiosamente, é este o público-alvo da produção, os adolescentes ligados em alta tecnologia – o que me faz crer que Michael Bay, mergulhado na sua montanha de doletas, esta rindo incontrolavelmente da cara de quem lhe pagou um ingresso para ver a sim mesmo como um idiota.

Pensando bem, o certo é ele. Somos idiotas mesmo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: termina a Recopa, começa a Série D!

Bom, não vou gastar muito tempo na rodada esportiva do meio de semana. Basta dizer que o Inter tomou 3x0 da LDU em Quito já no primeiro tempo, deixando escapar mais uma taça. Na Libertadores, 0x0 na Argentina; Cruzeiro e Estudiantes decidem em Belo Horizonte.

Mas a notícia blogosférico-esportiva da semana é que esta semana começou a Campeonato Brasileiro Série D, que ganhará cobertura aqui no Sol Desafinado! Sim, senhoras e senhores, a partir desse ano o Brasil conta com uma Quarta Divisão!

Alguns motivos por que a Série D é legal e merece destaque:
  • Porque é o mais brasileiro dos campeonatos. É o único Campeonato Brasileiro com representantes de todos os estados (exceto o Acre, já que nenhum time de lá apareceu pra jogar -- sério!). Os melhores colocados de cada campeonato estadual (que já não estejam disputando alguma divisão superior, óbvio) têm direito de participar.
  • Porque é organizada em grupos, com fases eliminatórias e finais. Ou seja, a tabela é como uma Copa do Mundo gigante. A diferença é que os grupos são divididos geograficamente, mais ou menos como o sistema de conferências da NBA. Assim, os clubes começam com poucos gastos com viagem e à medida que progridem na competição, vão jogando partidas mais longe de casa.
  • Porque torna o futebol mais includente. Pra quem viu a notícia e pensou "quarta divisão? que esculhambação é essa?", saibam que na Alemanha existem 12 divisões, e na Inglaterra, mais de 20. A ideia é que o mesmo sistema esportivo comporta desde os times topo-de-linha até competições semi-profissionais municipais. Isso mostra uma valorização a todos os níveis de esporte, não apenas aqueles que lucram milhões.
  • Porque torna o futebol mais competitivo. Ao acabar com a Série C de 64 times e instituir uma Série C de 20 clubes (como as Séries A e B) e uma Série D de 40, isso dá aos clubes menores uma chance de jogarem um campeonato com rivais do seu próprio nível, dando a mais times uma chance de efetivamente disputarem um título, e não apenas participar.
E concluídas as apresentações, vamos a uma geral da primeira rodada de Série D! Temos três times gaúchos na competição: o Ypiranga de Erechim, o São José de Porto Alegre (o Zequinha), e o Pelotas.

O São José e o Pelotas estão no Grupo A10, junto com o Brusque (SC) e o, acreditem, "Corinthians Paranaense", que já foi conhecido pelos nomes de Malutrom (quando chegou até a fazer bonito na Copa João Havelange) e depois J. Malucelli -- é um clube-empresa que resolveu virar uma "franquia" do Corinthians, explorando o fato do clube paulista ter grande torcida no Paraná. O Pelotas empatou em 1x1 com o Timão-Fake e o Zequinha meteu 2x0 no Brusque fora de casa.

Já o Ypiranga está no Grupo A9, junto com o Londrina (PR), Chapecoense (SC) e o Naviraiense (MS). Esse último, pelo visto, caiu nesse grupo porque tem tantos gaúchos no Mato Grosso do Sul que eles viraram praticamente sulistas honorários. O Ypiranga empatou com o Chapecoense. Já o Londrina perdeu em casa por 1x0 para o glorioso verde-laranja de Naviraí.

Outros resultados de destaque foram a goleada de 3x0 do Santa Cruz (PE) sobre o CSA (AL) em pleno Estádio Rei Pelé nas Alagoas, e a vitória fora de casa do Tocantins de Palmas sobre o Cristal (AM) por 1x0, primeira vitória do clube em uma competição nacional.

Pronto, agora vocês estão mais informados sobre este novo e empolgante capítulo da história do esporte brasileiro. Quem deve ter gostado dessa novidade são clubes como o Fluminense e o Bahia, que já amargaram rebaixamentos para a terceira divisão: agora o fundo do poço do futebol brasileiro é mais embaixo! Olhando por esse ângulo, até parece que disputar a segundona nem é mais tão "vergonhoso" assim...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ora, Rrrrrrobin... é lógico...


Meu trabalho proporciona alguns prazeres às vezes inenarráveis. Um deles é fazer a agenda, um quadro onde eu cato no IMDB e na Wikipedia quem são as figuras do mundo cinematográfico que estão de aniversário durante a semana. Eis que, nesta semana, me deparo com uma surpresa: 6 de julho, aniversário de Burt Ward.
Burt Ward, cujo nome de batismo é Herbert John Gervis Jr., interpretou o personagem Robin na clássica série de TV “Batman”, dos anos 60 (que ainda contava com GÊNIOS como Adam West e Cesar Romero no elenco). Acontece que esta figuraça tem um site oficial onde ele, entre outras coisas, conta detalhes de sua carreira, responde a perguntas dos fãs e, claro, conta curiosidades sobre a própria vida.
Só pra deixar todos com vontade de entrar no site, aí vão três coisas que eu duvido que alguém saiba sobre o tio:
  1. Burt Ward, durante os 120 episódios da série, falou 352 “holy words”, segundo o site (os famosos "santa aventura, Bátima!", ou "santa sacanagem, Bátima!");
  2. Ele era vizinho e muito amigo de Bruce Lee;
  3. Esta é a mais bizarra: BURT WARD GRAVOU UM DISCO COM FRANK ZAPPA, chamado "Orange Colored Sky & Boy Wonder I Love You".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mesa-redonda bola-quadrada: Grêmio x Atlético-PR, Náutico x Inter

Como tivemos jogos na quarta e quinta na semana passada, o "Mesa-redonda" ficaria para sexta, mas em função do post futebolístico excepcionalmente publicado pelos guris resolvi manter a política de apenas dois posts boleiros por semana. Os resultados do meio da semana todo mundo está careca de saber:
  • Inter 2x2 Corinthians (final da Copa do Brasil, Corinthians campeão)
  • Grêmio 2x2 Cruzeiro (semi-final da Libertadores, Cruzeiro classificado)
Duas partidas que é melhor esquecer (mas se quiserem tecer comentários sobre elas, fiquem à vontade). Mas como é de praxe no mundo da bola, a vida sempre continua num próximo jogo, e já nesse domingo os gaúchos tiveram melhor sorte ao se reencontrarem com o Campeonato Brasileiro:
  • Grêmio 4x1 Atlético-PR
  • Náutico 0x2 Inter
Com o empate do Atlético-MG, o Inter retoma a ponta do campeonato com 20 pontos. O Grêmio está em 9º, com 12. Nas próximas rodadas, o Grêmio pega o Corinthians e o Coritiba; o Inter pega o Atlético-PR e o Fluminense. E depois disso, é Grenal!

Vocês sabiam que eu compro CDs? Clapton de novo

Eric Clapton and Steve Winwood - Live From Madison Square Garden

Clapton está de volta com mais uma parceria, desta vez com um ex companheiro do Blind Faith, Steve Winwood. Banda essa que lançou apenas um disco e que virou clássico, mas falo deste em um outro post.

Esse disco foi lançado este ano, depois da gravação no Madison Square Garden. Por sinal o Clapton já anunciava essa parceria na sua Autobiografia. O Clapton "anunciou" um monte de parcerias no seu livro, e algumas delas, ao exemplo deste disco com o Steve, já deu para tirar um gostinho no Crossroads. E parece que a próxima que vem por aí é com o Jeff Beck.

Voltando ao disco. A dupla resolveu utilizar uma formação bem simples, do contrário das bandas gigantes que o Clapton normalmente usa. Abaixo a formação, todos músicos que fazem parte da atual banda do Clapton:
  • Eric Clapton - guitarra e vocais
  • Steve Winwood - guitarra, vocais e teclados
  • Willie Weeks - baixo
  • Chris Stainton - teclados
  • Ian Thomas - Drums
Capa:

Eu achei a capa desse disco muito legal. Ao mesmo tempo tempo moderna e setentista.

Músicas:

Destaques para as músicas Forever Man, Presence of the Lord, Tell the Truth e Dear Mr. Fantasy. E tem duas que vou ter que fazer um comentário separado:
  • Voodoo Chile: - É só eu que acho essa música extremamente chata? Nunca ouvi uma versão que realmente me agrade, nem a original do Hendrix me cai bem. E o pior que os guitarristas adoram! E como se não bastasse todo mundo faz suas versões extremamente longas (>10min) com 4325830984675 solos. E para completar, a versão desse disco segue a mesma filosofia.
  • Little Wing - Já essa é justamente o oposto. Tudo na medida. Na maioria das versões que eu conheço o destaque fica no riff inicial, depois que ele passa todo mundo fica com aquele ar de "tá, agora é só para cumprir tabela". Nesse disco a dupla fez uma coisa legal, a música não tem a famosa intro! Em compensação o resto da canção ficou matadora! Vocais, solos, melodias e arranjos, tudo na medida certa! Por sinal prefiro essa que as famosas versões do Hendrix e do SRV.
CD 1:
  1. Had To Cry Today
  2. Low Down
  3. Them Changes
  4. Forever Man
  5. Sleeping In The Ground
  6. Presence Of The Lord
  7. Glad
  8. Well All Right
  9. Double Trouble
  10. Pearly Queen
  11. Tell The Truth
  12. No Face No Name No Number
CD 2:
  1. After Midnight
  2. Split Decision
  3. Rambling On My Mind
  4. Georgia On My Mind
  5. Little Wing
  6. Voodoo Chile
  7. Can’t Find My Way Home
  8. Dear Mr. Fantasy
  9. Cocaine
Vídeos:

No site do Clapton tem uma palinha do futuro DVD: E enquanto não saem os DVDs, nos divertimos com os VOIOs: Para saber mais:

domingo, 5 de julho de 2009

Digitalização no audiovisual: democratização ou preguiça?

A pedidos, um comentário meu na discussão “Auto-tune: ferramenta ou charlatanismo?” transformado em post: uma visão – através da retina do audiovisual – de como as tecnologias digitais mudaram as relações de produção na arte:

As formas de arte reproduzíveis (que, por conseguinte, são a base da indústria cultural) atravessam um momento de transição com o advento de tecnologias de captação, produção e correção, cada vez mais acessíveis. Algumas delas são capazes de "maquiar" qualquer problema que um filme/vídeo/novela possa ter. O que acontece na música acontece no audiovisual também: atualmente, todos os filmes passam por cuidados processos de finalização, onde se corrigem “defeitos” de fotografia e até mesmo problemas de cenário, som, objetos vazando no cenário e inclusive de atuação – a palavra “defeitos” está entre parênteses mesmo porque, às vezes, não são coisas erradas de fato: são frutos da vista preciosista dos seus realizadores na pós-produção. Por outro lado, vigora nos sets uma filosofia não declarada de “deixa assim que a gente arruma depois”, deixando para os finalizadores a função de acertar o que não foi corretamente pensado ou realizado no momento da captação.

Dentre as inúmeras possíveis maneiras de enxergar a situação, eu cito duas declarações – uma do Francis Ford Coppola e outra do Peter Jackson.

Coppola, no documentário O Apocalipse de um Cineasta, sobre a problemática produção de Apocalypse Now (muito recomendável, aliás), diz que um dia qualquer pessoa fará, com sua câmera caseira, o seu filme – ou, no exemplo que ele dá, “aquela garota gordinha de Ohio poderá ser o novo Mozart do cinema, usando a câmera de seu pai”. No vídeo do link, é aos 20 segundos que aparece a fala. Coppola está se referindo, na verdade, aos clássicos equipamentos de Super-8 (a entrevista já tem um certo tempo), mas o seu conceito certamente se expande para a revolução do home video e posterior criação de formatos digitais.

Em suma, a digitalização permite uma democratização inacreditável: os recursos ficaram mais acessíveis, menos complicados e menos custosos. Se não fosse assim, dificilmente eu, o Roberto, o André e o Chico estaríamos fazendo curtas-metragens na cara e na coragem (só pra citar os que contribuem com o Sol Desafinado). Estes recursos digitais de correção permitem também a qualquer pessoa poder tratar o seu material da maneira mais profissional possível e, assim, ter maiores chances de atingir um público mais amplo. Nas palavras de Coppola, isso enfim destruirá o “profissionalismo” do cinema, o que para ele significa transformar o cinema em arte de verdade

Esta democratização acontece na música há muito tempo, se formos pensar através deste viés. No mínimo, desde quando o punk "afirmou" que tu não precisava tocar para ser músico (eu já diria que esta democratização vem desde os tempos do jazz, que foi já um estilo com a pecha de bate-estaca). O que acontece é que a digitalização é a ferramenta de quem não tem necessariamente o talento necessário – levando-se em conta que todos têm o direito inalienável de se expressarem artisticamente. Que diga o Roberto, que gravou músicas para um certo rapper chamado Leco Lenda Viva.

Por outro lado, Peter Jackson, nos extras da edição especial do "King Kong" original (1933), ao comentar sobre o laborioso processo de efeitos especiais artesanais de 70 anos atrás, afirma que os cineastas de hoje são imensamente preguiçosos (infelizmente, não achei o trecho em questão no YouTube). A facilidade de se fazer virtualmente qualquer elemento visual dentro de um computador afastou os artistas de cinema daquela busca sofrida e calejada por um fim artístico maior, por patamares novos e desconhecidos. A própria falta de limites técnicos, na verdade, parece se refletir num limite, este sim grande, de criatividade. Antes, os cérebros dos artistas de cinema precisavam encontrar formas cativantes de se fazer coisas pensadas como impossíveis, cujo maior charme é exatamente seu efeito estético, não a sua perfeição.

A "democratização" seria danosa neste sentido, porque os filmes deixariam de buscar excelência artística - como os bons filmes clássicos faziam, com todas as limitações possíveis. As obras se nivelariam por baixo, por assim dizer. E de fato, nunca foram feitos tantos trabalhos autorais – que ninguém vê/ouve – como neste início de milênio.

Eu confesso que jogo nestes dois times. Sou um classicista assumido no que tange ao cinema e sou da opinião que “ser experimental” é algo muito fácil: bastamos produzir qualquer colagem de imagens em diferentes técnicas de captação e pronto, estamos sendo experimentais. Difícil mesmo é fazermos algo novo com conhecimento de causa, sabendo que está se fazendo algo novo. Entretanto, não fosse o acesso facilitado a várias tecnologias de produção audiovisual, estaria até agora reclamando de não ter nascido no subúrbio de Los Angeles, onde seria talvez mais fácil encaminhar uma carreira no cinema.

E então pessoal? O que acham?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Na semana do "Eu acredito", eu não acredito numa coisa dessas

Este post está sendo escrito a seis mãos: Chico, Coutinho e Jean. O placar do jogo neste momento é Grêmio 2x2 Cruzeiro.

Vergonha. Absurdo. Nunca acreditamos que uma coisa dessas aconteceria. Quando disseram que o Olímpico hoje seria uma batalha campal, não imaginamos que seria também fora do campo. Uma batalha de trincheiras, tal qual um cenário da Primeira Guerra Mundial. A diferença é que só um lado foi atacado. Não houve tempo para distração. Bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta, balas de borracha, cavalaria e bombas de efeito moral.

Este foi o cenário que torcedores como o Jean e o Roberto encontraram ao tentar entrar no estádio uma hora antes do início do jogo. Nós pagamos como sócios-torcedores há 3 anos, fomos em praticamente todos os jogos de expressão desde a queda para a segunda divisão. Com isso, somam 1260 reais que já pagamos ao clube, fora os ingressos e produtos oficiais do clube. Isso tudo paga o salário do presidente - embora ele não mereça este título - Duda Kroeff, que ainda no último jogo do Grêmio implorou para que os torcedores se tornassem sócios.

Com que motivação essa grande torcida vai se associar? Como convencer os torcedores que o sócio terá toda a segurança e tranquilidade para comprar seu ingresso e entrar no local escolhido para assistir o jogo? Neste ponto, três gremistas afirmam, envergonhados: goleada do Inter, numa comparação direta com o rival.

Como convencer as milhares de famílias gremistas do Estado e do país que vale a pena ser associado, ir ao estádio, apoiar os jogadores, ter os "confortos" do associado? Hoje em dia, não há como convencê-los, justamente por causa destas aspas. Não existe o conforto. Não existe a certeza. Não existe a segurança. Não se sabe o que esperar ao ir pro estádio.

Estamos envergonhados. Não pelo nosso time, porém. Este, apesar das limitações técnicas, ainda está em pé. Temos vergonha da nossa diretoria. Da frouxidão. Das desculpas e gaguejadas de um dirigente que mais parece um torcedor imberbe de 15 anos, deslumbrado com o cargo.

Placar do dia: Duda Kroeff 1x0 Grêmio.

Quinze anos do Plano Real, acreditam?

Pessoal, vocês creem que nossa moeda debutou esta semana? Pois é, o Real fez 15 na quarta-feira. Para os que tem por volta dos 30 (como eu) devem lembrar bem da euforia da época. Eu tinha 15 anos e foi um evento ir até o banco para pegar as primeiras notas do novo dinheiro. Era muito legal ver as notas de R$ 1, 5, 10 e 50 (as de R$ 2 e 20 ainda não existiam, e a de R$ 100 sempre foi lendariamente rara), com os animais da fauna nacional.

Isso porque ninguém aguentava mais as constantes trocas de moeda (num espaço de dez anos, foi de Cruzeiro para Cruzado para Cruzado Novo para voltar ao Cruzeiro para Cruzeiro Real para, enfim, Real), as notas de valores estapafúrdios (quem lembra que existiam notas de dez mil cruzados?) e as homenagens a vultos públicos duvidosos.

A forma engenhosa que a moeda foi trocada é algo que eu acho brilhante até hoje. Como a pura e simples troca de denominação da moeda já não surtia efeito nenhum na hiperinflação (cara, que tempo diferente era aquele!), precisava-se de algo mais inteligente. Eram os tempos do governo Itamar Franco, vice de Collor que assumiu após o impeachment. Aliás, na minha opinião, Itamar foi um melhores e mais divertidos presidentes da nossa história: em apenas dois anos e meio de mandato, ele controlou a inflação, estabilizou a economia, realizou um plebiscito sobre o retorno da Monarquia, relançou o Fusca e agarrou modelos sem calcinha no Carnaval carioca.

O ano de 1994 foi de uma euforia que superou 2002, com a festejada eleição de Lula e o Pentacampeonato: ganhamos uma Copa desacreditada com uma seleção empolgante, o Real surgiu valendo o mesmo que o Dólar e, para completar a comoção nacional, foi quando morreu Ayrton Senna, o heroi nacional que faltava desde sabe-se lá quando. Parecia que, depois de uma década perdida, seríamos novamente o país do futuro.

Por enquanto, ainda vivemos na promessa.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Idiomas, traduções e significado

"Traduttore, traditore." -- ditado italiano
Recentemente, vários pensamentos relacionados ao tema do título desse post passaram pela minha cabeça. Há algumas semanas vim tentando juntar isso tudo de uma forma coesa. Como não consegui, resolvi jogar as ideias aqui assim mesmo, como um "scrapbook de pensamentos" para fazermos uma mesa-redonda e quem sabe produzir mais ideias. :-)

Tradução e época - Recentemente eu li "A Metamorfose" do Kafka na tradução da LP&M. Pouco depois, teve a Maratona Literária, onde eles leram o livro pela tradução da Companhia das Letras, ao mesmo tempo que no telão passava o texto de uma tradução portuguesa (que deve ter sido a única em idioma português que eles conseguiram em forma eletrônica pra pôr no telão). Me chamou a atenção como o texto lusitano me soava estranho frente ao brasileiro, e como uma leitura tinha uma "proximidade" que a outra não tinha. Para uma expressão de surpresa em alemão, por exemplo, aqui se fala de um jeito e lá de outro. Isso me fez pensar que deve ser interessante comparar uma tradução de um clássico feita hoje a uma feita, digamos, a 50 ou 100 anos atrás. Enquanto o original vai ficando cada vez mais difícil de ser lido em função da mudança da língua, as traduções vão acompanhando o tempo. Acaba que é mais fácil ler uma obra de 200 anos atrás traduzida do que ler um livro escrito em português há 200 anos.

Idiomas, nuances e referências culturais - Esses dias eu fui assistir Blade Runner na Sala Redenção da UFRGS e rolou um painel de debate depois da sessão. O filme, as suas diferentes versões e a discussão do painel valeriam um post por si só, mas desse assunto de linguagem o que me chamou a atenção foi o papel das legendas. As legendas sempre "achatam" demais a fala dos personagens: lembrei agora de quando eu assisti Cidade de Deus legendado em inglês; suficiente pra convencer qualquer um do poder redutor das legendas. Por outro lado, sempre vai ter algum fator cultural que a gente não consegue pegar: por mais fluente que o teu inglês seja, por exemplo, se o filme se passa na Irlanda do século XVI, sempre vai ter alguma expressão estranha. No próprio Blade Runner, teve uma parte que a legenda traduziu "7, 8, café com biscoito", que eu nunca teria associado com a rima infantil. As legendas acabam funcionando também como "notas de rodapé", ampliando o entendimento.

Língua e transparência - Enquanto apanhava pra ler "El Aleph" do Jorge Luís Borges no espanhol original (livro aliás recomendadíssimo pra quem gosta de contos e/ou de realismo fantástico) eu me dei conta de uma coisa meio óbvia, mas que passa batido. A língua nativa da gente tem uma "transparência" que as outras não tem. Um dos contos do livro se passa na Inglaterra. Por algum motivo, era esquisitíssimo ver os personagens ingleses "falando em espanhol". A sensação era como se o livro fosse "dublado". Obviamente, eu nunca tinha sentido isso lendo livros estrangeiros traduzidos em português: não havia barreira mental nenhuma em aceitar que os personagens do Kafka falavam português, mas o castelhano dos ingleses do Borges me chamou a atenção.

Língua e transparência, II - No post do Jean sobre a banda de blues argentina, ele comentou que prefere ouvir blues em línguas que não o português, como o inglês e o espanhol. Essa observação é um eco daquela velha questão do "rock em inglês vs. rock em português", que também rende um bom papo. Tem sempre aquele velho argumento do "é estranho como ouvir samba em japonês", mas no meu caso eu sinto que rock em português acaba tendo, mais ou menos como o Jean disse, uma "cara muito própria". Pra mim, pelo menos, rock em português soa aos ouvidos como "rock nacional", e rock em outras línguas soa como "rock". Curiosamente, a língua nativa é nesse caso menos transparente, talvez porque nesses casos a gente tem o reflexo de se ligar mais na letra da música.