Dia 20 de julho próximo se comemora o quadragésimo aniversário da chegada do homem na Lua, na missão Apolo 11. Uma comemoração muito legal é a do Museu e Biblioteca John F. Kennedy, que pôs no ar o site
We Choose the Moon, onde o internauta pode acompanhar em tempo real o áudio da Apolo, como se a missão estivesse de fato acontecendo (ontem, dia 16, fez 40 anos que o foguete Saturno V, que levava o módulo lunar, foi lançado, dando início à viagem). Dá, aliás, para seguir no Twitter.
Claro que tem muita que
não acredita que o homem chegou na Lua. As imagens feitas pelos astronautas seriam, na verdade, realizadas dentro de estúdios em Hollywood. A mais extravagante destas teorias de conspiração é aquela que diz que Stanley Kubrick, um dos maiores diretores da história do cinema, seria o responsável pela produção deste material.
A ideia inspirou o cineasta francês William Karel a fazer um documentário,
Opération Lune. Quer dizer, um documentário não, um “mockumentary” –
subgênero de filmes cômicos ou satíricos, feitos em linguagem e formato de documentário (onde se enquadra os filmes de Sasha Baron Cohen,
Borat e o ainda inédito no Brasil
Brüno). O filme de Karel, muito além da comédia, é praticamente um estudo da cegueira intelectual humana: ao dar um tom poderosamente sério para o filme, o diretor faz com que o espectador médio não veja as pistas claras de que todo o conteúdo é uma grande bobagem.
Claro que Karel é engenhoso e dá um nexo (ainda que irreal) para a história que “defende”: a corrida espacial americana nada mais seria que o início do programa de defesa anti-ataque nuclear (o Guerra nas Estrelas) de forma encoberta; Stanley Kubrick obteve uma lente especial da Nasa para a produção de
Barry Lyndon (de fato filmado com uma lente para fins astronômicos) como pagamento por seu “trabalho” na missão Apolo 11; o cientista Wernher Von Braun, responsável pelo início do programa espacial norte-americano, teria encontros constantes com Walt Disney para transformar as viagens espaciais em verdadeiros shows, etc.
Agora, divertido mesmo é ver atores contratados dando depoimentos como sendo pessoas reais, intercalados com gente de verdade
mesmo. Karel entrevistou vários figurões do governo Richard Nixon (presidente estadunidense à época), incluindo
Henry Kissinger (um dos nomes mais poderosos da Guerra Fria) e ninguém menos que o “falcão”
Donald Rumsfeld (uma espécie de
Sarney da segurança nacional dos EUA, pelo jeito...). Até mesmo Buzz Aldrin, segundo astronauta a caminhar na Lua, e a mulher de Kubrick, Christiane Kubrick, aparecem – todos cúmplices desta "pegadinha do Mallandro".
Quanto aos personagens interpretados por atores, seus nomes são tirados de filmes de Kubrick e de Hitchcock (um que, certamente, adoraria a brincadeira). Assim, temos uma falsa secretária de Nixon, Eve Kendall (uma agente dupla de
Intriga Internacional); um pároco chamado Ambrose Chapel (que, em
O Homem que Sabia Demais, parece ser o nome de alguém até que se descobre ser uma igreja, a Capela Ambrose); um ex-agente da KGB que hilariamente diz (num inglês sem sotaque) que os russos sacaram na hora a farsa e cujo nome, Dimitri Muffley, é uma mistura dos nomes de dois personagens de
Doutor Fantástico, e por aí vai. Temos até um produtor da Paramount que atende por Jack Torrance – personagem de Jack Nicholson em
O Iluminado.
No Youtube, dá para assistir a todo
Opération Lune – que nos EUA, foi lançado, num toque de gênio, como
The Dark Side of the Moon. Para não precisar ver uma hora e meia de material, alguém disponibilizou uma versão resumida de pouco mais de 25 minutos, dividida em
parte 1,
parte 2 e
parte 3, em inglês. Sério, vale a pena assistir, nem que seja para valorizar a espirituosidade dos caras que se propuseram a este trabalho todo.