terça-feira, 11 de agosto de 2009

Acompanhando (e comparando) notícias pelo Twitter

De uns tempos pra cá o Twitter virou minha fonte principal de notícias. Sigo no Twitter alguns órgãos de imprensa nacionais e internacionais:
Às vezes é difícil escolher que contas de notícia seguir. Um problema comum é que muitas postam coisas demais que tomam a timeline. Felizmente, CNN e BBC têm contas especiais de "breaking news" que só postam as principais manchetes, além das contas normais com todas as notícias. Seria bom se todos os órgãos de imprensa tivessem isso!

Acompanhando notícias dessa forma, uma das coisas mais legais (e importantes!) é comparar as diferentes abordagens sobre os assuntos. Hoje apareceram três twits consecutivos de diferentes órgãos de imprensa sobre a mesma notícia:

@ajbreakingnews: Myanmar court finds Aung San Suu Kyi guilty of violating security law.

@bbcbreaking: Burma's pro-democracy leader Aung San Suu Kyi found guilty of violating secuirty law and sentenced to 18 more mo.. http://www.bbc.co.uk/news

@cnnbrk: Myanmar opposition leader Aung San Suu Kyi sentenced to 18 months of house arrest http://bit.ly/190vQT #Myanmar #Burma

A primeira diferença óbvia é o nome do país. Esta é uma questão bem delicada: não há como dar a notícia sem tomar um posicionamento. A BBC chama o país de Burma (Birmânia, mesmo nome usado nos tempos de colonialismo britânico), que é a posição oficial do Reino Unido. Os outros dois chamam de Myanmar (Mianmar), que é o nome adotado oficialmente pelo governo ditatorial que controla o país, reconhecido pelas Nações Unidas. É interessante notar que, apesar do governo americano rejeitar o nome Myanmar, a CNN segue a posição da ONU.

A BBC, aliás, é a que mais explicitamente expõe sua posição política na manchete, chamando Aung San Suu Kyi de "pro-democracy leader" enquanto a CNN usa "opposition leader". Isso é uma coisa que eu gosto na imprensa inglesa -- de maneira geral eles não fazem o teatrinho da imparcialidade. Se quer a visão de esquerda, lê o Guardian; se quer a visão liberal, lê o Independent; se quer a visão de direita, lê o Times; se quer se alienar, lê o Sun; se quiser se alienar mesmo, lê o News of the World (curiosamente, os dois últimos são do Rupert Murdoch, dono da Fox News nos EUA). Mas pelo menos isso é explícito, então a pessoa pelo menos tem que tomar ciência do seu próprio posicionamento ao escolher o jornal, além de ter a opção de ler mais de um pra ter uma visão mais ampla do espectro político.

Dos três twits, só a CNN postou um link para a notícia completa e foram os melhores na forma de usar o espaço. Vale notar que o @cnnbrk foi criado por um usuário autônomo não ligado à CNN a partir do RSS do canal. Ele já era a conta mais seguida do Twitter quando o Ashton Kutcher resolveu iniciar uma competição pra ver quem chegaria a 1 milhão de followers primeiro em abril passado, o que gerou um fuzuê na mídia americana. Como o Termo de Serviço do Twitter proíbe revender contas, a CNN resolveu contratar o criador do @cnnbrk e agora eles têm um "twitador oficial".

2 comentários:

  1. Sobre a imprensa britânica, o Hisham fez uma colocação essencial: ela é madura o suficiente para não se esconder atrás de um véu de imparcialidade impossível.

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  2. é, jornalismo chapa-branca é algo muito bonitinho e inútil

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